Volta a pairar no ar o temor de que os bilionários fundos de
pensão, das principais estatais do país, mais uma vez, estejam experimentando
toda uma sequência de escândalos de corrupção e má gestão desses recursos. Com
isso, uma triste página de nossa história volta a se repetir, com os mesmos
sinais de impunidade. E tudo isso, bem debaixo do nariz das autoridades,
trazendo mais uma vez à tona todo um conjunto de crimes graves praticado contra
uma classe trabalhadora, que, bem ou mal, tem apoiado o modo de gestão dessas
empresas.
O que desta vez deixa escancarado para todos é
que a falta de punição exemplar de casos pretéritos semelhantes pode estar
estimulando a volta dessas práticas de dilapidação dos recursos destinados à
aposentadoria dos trabalhadores das empresas estatais. É o déjà vu de um
escândalo, cujas consequências voltam a recair não apenas nas costas dos
trabalhadores, mas de toda a população.
Para se ter uma ideia, em 2024, os Correios
registraram um déficit de R$ 2,1 bilhões. O que se fala dentro dessa empresa é
que a situação financeira como um todo é de insolvência. Como sempre, a culpa
pelos maus resultados é empurrada de um lado para o outro. Agora chegou a vez
de pôr a culpa na taxa das blusinhas, para cobrir o déficit e aumentar a
arrecadação. Obviamente que esses resultados, mais uma vez, irão refletir no
fundo previdenciário desta estatal, o Postalis, que, ainda em 2015, obrigou os
funcionários a cobrir um rombo de mais de R$ 5.6 bilhões.
Naquela ocasião, os trabalhadores foram
obrigados a ceder 26% de seus salários para cobrir o rombo. Diante de uma
situação que parece mais grave do que o divulgado oficialmente, deputados estão
se articulando para montar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para
investigar a recorrente má gestão nessa empresa. Passados 10 anos, a história
se repete como farsa e uma afronta à nação. A questão toda não para por aqui.
Não bastasse o fato de que os fundos de pensão estão sendo corroídos, esses
fundos também estão sendo penalizados por más aplicações, apostando em títulos
pouco ou nada rentáveis. Na mesma rota de ruína, esses fundos estão sendo
obrigados a rever suas metas de rentabilidade, pressionado também pela inflação.
Não bastasse esse cenário de calamidade, muitos
gestores desses fundos, a maioria, com estreitas relações com a esquerda
sindical, voltou a estar no foco da Polícia Federal. Cientes dessa quebradeira
anunciada, pensionistas, de algumas dessas empresas, sobretudo, aqueles que
defendem o fundo de pensão do Banco do Brasil, a Previ, organizaram um
manifesto em defesa desse fundo junto ao Tribunal de Contas da União. A ideia é
não ser apanhado de surpresa com, mais um escândalo nesse fundo. Não apenas a
Previ, mas outros grupos como a Associação Virtual dos Participantes de Fundos
de Pensão Unidos (AVFPU), Associação Virtual dos Participantes dos Fundos de
Pensão Petros (AVPP), Associação Virtual dos Participantes e Assistidos da
Previ e Cassi (AAPPREVI). Para esses participantes é necessário fortalecer a
segurança, a previsibilidade credibilidade do Regime de Previdência
Complementar Fechada, visando futuro e perenidade.
Para esses defensores dos fundos, notícias
dando conta de um novo aparelhamento dos Fundos de Pensão aumentam as chances
de novos déficits e por isso solicitam urgência nessas auditorias. Os episódios
danosos do passado e que ainda seguem sem punição tornam necessário acender uma
luz vermelha sobre as gestões atuais dos fundos de pensão. De acordo com esses
organizadores, existem, ao menos, 353 casos suspeitos que necessitam ser
investigados, pois os prejuízos já andam na casa dos R$ 6,62 bilhões. O que é fato
é que o TCU já aprovou auditoria sobre a gestão da Previ, depois que esse fundo
contabilizou perda da ordem de R$ 14 bilhões, entre janeiro e novembro de 2024.
Mais uma vez, o aparelhamento dos fundos de
pensão, por pessoas ligadas a partido, reascendem as suspeitas de que, no caso
dos fundos de pensão, estamos assistindo a uma volta a um passado que
acreditávamos ter sido enterrado pela Operação Lava Jato, Greenfield e outras
que mostraram a atuação de ratazanas na dilapidação do patrimônio dos trabalhadores
das estatais.