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Bolsonaro declarado réu é um dos momentos mais baixos da história judicial do Brasil

Bolsonaro declarado réu é um dos momentos mais baixos da história judicial do Brasil

O pior papel no drama de circo comandado por Alexandre de Moraes no picadeiro do STF para declarar o ex-presidente Jair Bolsonaro réu pelo crime de “golpe de Estado” ficou com a plateia. Dos ministros do Supremo, o distinto público recebeu exatamente o que esperava: um cantochão monótono, entoado em português pedestre e orientado por raciocínios de curso primário. Para piorar, confirmaram da maneira mais bisonha possível que o “réu” Bolsonaro não era um cidadão levado a um tribunal de Justiça, onde deveria receber um julgamento segundo o processo legal. Já estava condenado a ser réu desde o dia em que o processo foi aberto; assaram a sua batata antes de darem o primeiro voto.

Mas o que chamou realmente a atenção foi a reação do auditório. Como num frenesi de fãs recebendo no palco um Sidney Magal dos bons tempos, por exemplo, a mídia em massa, a extrema esquerda do PT-Psol-PCdoB e a classe intelectual entregaram-se a um desses surtos de comemoração histérica que não guardam nenhuma proporção séria com aquilo que está sendo celebrado.

“Como alguém pode levar minimamente a sério a hipótese de que sejam juízes imparciais? Todo o caso do 'golpe', como sempre se diz aqui, é o mais pesado insulto que Estado brasileiro já fez ao seu próprio processo penal”

Até o zelador do seu prédio estava cansado de saber que os ministros já tinham o seu despacho pronto, revisto e acabado, para transformar Bolsonaro em réu, e que a sessão solene de julgamento era apenas uma palhaçada a mais exigida pelo roteiro. Mas para os comunicadores e o seu púbico, foi como o Brasil tivesse ganho sozinho a Terceira Guerra Mundial. Ah, que alívio, festejaram todos. Conseguimos varrer o fascismo do Brasil.

Foi cômico, realmente, ver os jornalistas, os cientistas políticos entrevistados por eles e os juristas desesperados em puxar o saco do STF se amontoarem, uns em cima dos outros, para dizer que Alexandre de Moraes superou a sabedoria do Rei Salomão e salvou a democracia no Brasil – etc. etc. etc. Parecia que estavam na Inglaterra, digamos, ou em algum outro Estado de Direito, e sua festa comemorava uma vitória jurídica fundamental, conseguida licitamente num tribunal de verdade, e dentro do mais estrito processo legal. Mas a festa era no Brasil, no Estado policial criado pelo consórcio Lula-STF. Não era o Royal Opera House. Era o Brasil mesmo.

Bolsonaro foi julgado e declarado réu numa câmara de cinco votos, por três juízes que são seus inimigos pessoais declarados – um deles, ministro Flávio Dino, diz que o ex-presidente é “o demônio”. Outro é ninguém menos que o próprio ministro Moraes. Como alguém pode levar minimamente a sério a hipótese de que sejam juízes imparciais? Todo o caso do “golpe”, como sempre se diz aqui, é o mais pesado insulto que Estado brasileiro já fez ao seu próprio processo penal.

Não há até agora uma única prova contra o réu Bolsonaro que possa ser levada a sério – nem uma que seja. A delação do coronel contra Bolsonaro, a pedra mágica da PGR e de Moraes, é imprestável. O ex-presidente, como aconteceu com Lula, não pode ser julgado diretamente no STF, onde é impossível recorrer das sentenças. Eliminaram o seu direito a julgamento nas primeiras instâncias – e uma parte vital do seu sistema de defesa. É daí para pior, em tudo.

A transformação de Bolsonaro em réu é um dos momentos mais baixos da história judicial do Brasil. O viés é de baixar mais ainda, com o apoio fechado da mídia, das elites, dos bilionários de pegada socialista e de tudo o que viaja nesse bonde.


J.R. Guzzo – Foto: Rosinei Coutinho/STF – Gazeta do Povo




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