O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
pediu ajuda internacional para que o Brasil saia de um suposto “problema de
ditadura” vivido no país. A fala foi dada ao jornal britânico Financial Times e
publicada nesta terça (25), mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF)
começou a analisar a denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR)
para torná-lo por suposta tentativa de golpe de Estado.
Ao periódico britânico, Bolsonaro disse
que o Brasil não consegue sair sozinho da situação em que se colocou e que há
um movimento em direção a uma ditadura de esquerda semelhante à da Venezuela.
“Temos um problema de ditadura, uma
ditadura real. O Brasil não tem como sair dessa situação sozinho. Precisa de
apoio internacional”, disse ao Financial Times.
Bolsonaro e mais sete aliados que fazem
parte do chamado “núcleo crucial” da suposta tentativa de golpe de Estado devem
ter a decisão dos ministros da Primeira Turma do STF divulgada nesta quarta
(26), com a expectativa de que sejam tornados réus na ação. Para ele, o
ministro Alexandre de Moraes, que relata o processo, tem “pressa” para
considerá-lo culpado.
“Ele já tem a sentença para mim, 28
anos de prisão. Não acho que eles me queiram na prisão, eles me querem morto. É
isso que está em jogo no Brasil”, disparou.
Essa mesma alegação foi dada pelo
filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que decidiu se licenciar do cargo para ficar
nos Estados Unidos articulando apoio americano no processo judicial brasileiro
através de sanções com base na Lei Magnitsky, para punir violadores de direitos
humanos.
Bolsonaro é apontado pela PGR como o
líder da suposta tentativa de golpe que teria culminado com os atos de 8 de
janeiro de 2023, com a condenação de centenas de pessoas. Para ele, as
acusações são “ridículas”, e que a inelegibilidade a que foi condenado por
ações anteriores seriam uma “negação da democracia”.
“Eu não estar na urna [em 2026] é uma
negação da democracia. É o fim da democracia”, pontuou.
O ex-presidente ainda comparou a
situação atual do Brasil à da oposição na Venezuela, em que a líder Maria
Corina Machado foi proibida pelo regime de Nicolás Maduro de concorrer nas
eleições presidenciais do ano passado.
“A única bandeira que Lula tem é a falsa
bandeira de defender a democracia. Ele é a mesma pessoa que estendeu o tapete
vermelho para Maduro”, disse em referência à visita do ditador venezuelano ao
Brasil recebido com honras de Estado.
A apuração do Financial Times aponta
que o governo Trump está atento ao desenrolar do caso envolvendo Bolsonaro,
inclusive com o Departamento de Estado afirmando que o bloqueio do acesso à
informação determinado por Moraes a redes sociais como X e Rumble é
“incompatível com a liberdade de expressão”.
“O respeito à soberania é uma via de
mão dupla com todos os parceiros dos Estados Unidos, incluindo o Brasil”,
completou.