Orgulho nacional
Com o tempo, a
Embrapa ganhou respeito no país e no exterior, sendo seu modelo copiado em
diversos outros lugares pelo mundo. Alguns exemplos de inovações desenvolvidas
pela Embrapa podem ser conferidas, como a soja tropical resistente a pragas. Ao
longo de todo esse tempo, foram sendo introduzidas também, entre os produtores,
a noção e a importância da sustentabilidade ambiental e social como modelos
para tornar a produção de alimentos compatível com o meio ambiente.
A Embrapa desenvolveu variedades de soja adaptadas ao clima tropical
brasileiro e resistentes a pragas como a lagarta-da-soja, o que aumentou,
significativamente, a produtividade e a sustentabilidade das lavouras de soja
no país. Milho resistente a insetos: A Embrapa desenvolveu variedades de milho
transgênico resistentes a insetos, como a lagarta-do-cartucho, o que reduziu a
necessidade de aplicação de pesticidas e melhorou a produtividade das lavouras
de milho. Feijão de alta produtividade: A Embrapa desenvolveu variedades de
feijão mais produtivas e resistentes a doenças, o que possibilitou o aumento da
produção e a melhoria da segurança alimentar em regiões de cultivo desse
importante alimento na dieta brasileira. Cultivares de frutas: A Embrapa
desenvolveu diversas cultivares de frutas, como a uva BRS Vitória e a maçã BRS
Gala, que apresentam características melhoradas de sabor, aparência e
resistência a doenças, contribuindo para a expansão e diversificação da
fruticultura brasileira. Manejo integrado de pragas e doenças: A Embrapa
desenvolveu técnicas de manejo integrado de pragas e doenças, que visam reduzir
o uso de agrotóxicos e promover o controle biológico de pragas, tornando a
produção agrícola mais sustentável e ambientalmente amigável. Sistemas
agroflorestais: A Embrapa tem trabalhado na promoção de sistemas
agroflorestais, que integram a produção agrícola com o cultivo de árvores,
proporcionando benefícios econômicos, sociais e ambientais, como a conservação
do solo, a proteção de recursos hídricos e a diversificação da produção.
Biotecnologia aplicada à pecuária: A Embrapa desenvolveu técnicas de
melhoramento genético para a pecuária, como a seleção de animais resistentes a
doenças, aprimorando a produtividade e a qualidade dos rebanhos brasileiros.
A despeito de todo esse sucesso e da importância estratégica que tem
para o nosso país, a Embrapa vem, nesses últimos, anos atravessando um período
de crise sem precedente, que vai desde o clientelismo político aos obstáculos
para desenvolver suas atividades, e tem levado essa empresa e seus técnicos e
pesquisadores a um estado de total frustração e desânimo.
De fato, após esses mais de 50 anos de êxitos, a empresa vem perdendo
sua capacidade de resposta diante dos novos cenários da agricultura nacional e
mundial. A pressão política obrigou a Embrapa a criar dezenas de centros de
pesquisas que passaram a atuar de forma não integrada, gerando sobreposição de
pesquisas, criando infraestruturas ociosas e, consequentemente, um elevadíssimo
custo de manutenção. A cada governo que chega, criam-se mais e mais programas,
centros de pesquisas e outros aparatos que vão se acumulando e gerando
despesas.
É necessário, na visão daqueles que entendem o trabalho desse centro de
pesquisa, implementar uma forte descentralização na estrutura de governança,
desburocratização nos processos decisórios e atenção aos recursos humanos da
empresa. Existe ainda uma crise financeira, com as polêmicas contratações que
colocam a Embrapa numa posição de risco como líder em pesquisa agrícola
tropical.
Em 2024, a empresa encerrou o ano com um déficit superior a R$ 200
milhões, o que colocou em risco a capacidade da Embrapa conduzir pesquisas
futuras. Também a falta de fundos para despesas gerais tem colocado, em xeque,
o futuro da pesquisa agropecuária em nosso país. É preciso entender que as
mudanças climáticas irão exigir ainda mais das pesquisas na área de produção de
alimentos. Não se pode aceitar que uma empresa dessa importância vital passe
agora por constrangimentos de não possuir em caixa dinheiro sequer para pagar
contas de luz, água, telefone, internet, segurança e restaurante. Tudo isso sem
falar em pesquisas, que levam anos de estudo e custam muito dinheiro.