A primeira-dama, Janja da Silva,
abandonou, na última segunda-feira, 19, o texto de um discurso sobre
“regulação" de redes sociais, atribuindo a elas violência sexual contra
crianças.
Rebelando-se contra o protocolo em
reunião de estado, ela diz: “em nenhum momento eu calarei a minha voz para
falar sobre isso. Não há protocolo que me faça calar, se eu tiver oportunidade
de falar sobre isso, com qualquer pessoa que seja, do mais alto nível ou
qualquer cidadão comum. E foi para isso que minha voz foi usada na semana
passada, quando eu me dirigi ao Presidente Xi Jin Ping, após a fala de meu
marido sobre uma rede social (o Tik-Tok chinês). Como mulher, eu não
admito que alguém me dirija, dizendo que eu tenho (SIC) que ficar calada. Eu
não me calarei.”
A fala do marido, segundo ele próprio,
foi para pedir que o ditador chinês envie um agente de sua confiança ao Brasil
para examinar rede social. “Eu perguntei ao companheiro Xi Jinping se era
possível ele enviar para o Brasil uma pessoa da confiança dele para a gente
discutir a questão digital e, sobretudo, o Tik Tok.”
Lula informou também que Xi Jinping vai
mandar uma pessoa "para conversar conosco para saber o que a gente pode
fazer nesse mundo digital.” Isso significa que virá um agente chinês para
discutir com o governo brasileiro sobre censura no mundo digital, assunto no
qual a China é especialista.
Na China, três quartos da população
estão conectados a redes sociais, mas o controle é rigoroso: há reconhecimento
facial para registrar entrada, vinculação ao documento de identidade,
localização e conta bancária.
O governo estabelece o que pode ser
visto. Facebook, Instagram, X e outras estrangeiras não operam na
China. Celulares chineses não permitem a conexão com o Google. São
substituídas por plataformas locais.
Os americanos desconfiam
do Tik-Tok ser usado para espionagem. Já denunciaram, segundo
a Reuters, que produtos chineses importados, como guindastes portuários,
placas solares, transformadores, computadores, agregam como clandestinos, chips,
Bluetooths, rádios e modems, que permitem controle à distância.
Chamar o chefão de tudo isso de “companheiro" tem seu significado.
Lula e Janja alegam repetidamente que é
para preservar crianças e adolescentes que querem regulamentar as redes. Mas
elas estão regulamentadas desde 2015, pela lei que é o Marco Civil da Internet,
discutido por anos. Além disso, a Constituição brasileira proíbe “toda e
qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”. A questão
toda é porque a esquerda não alcança o desempenho da direita nas redes.
"Tem sido hábito no Brasil
censurar a direita e deixar livre a esquerda, como aconteceu na última campanha
presidencial - e outra haverá no próximo ano"
Pedir ajuda ao regime chinês para agir
nas redes, que deram mais amplitude à voz do povo, a fonte do poder, revela uma
intenção contra a liberdade; é se avizinhar de um sistema em que a liberdade é
aquela que for permitida pelo estado.