Imagine se você instalasse uma loja na
sua cidade e o prefeito determinasse o seguinte: todo mundo é obrigado a
comprar na sua loja — e quem não quiser comprar terá que expressar a vontade de
não querer comprar; senão, fica devendo. É mais ou menos isso que aconteceu com
a Previdência — e que está acontecendo agora. As pessoas não foram consultadas.
Segundo levantamento, 98% não foram consultadas, não deram um “ok” para que o
desconto fosse feito. Mas agora elas têm que tomar a iniciativa de dizer que
estão tendo descontos em suas aposentadorias — além de precisar entrar nesse
mundo digital, que muitos não entendem.
Meu Deus, igualzinho ao que ocorreu
após a Reforma Trabalhista de 2017, quando deixou de ser obrigatória a
contribuição sindical. Aí as pessoas foram obrigadas a formar grandes filas
para informar, por escrito, que não estavam dispostas a pagar. Caso contrário,
seriam cobradas. É incrível. Se fizeram isso, o INSS é quem tem que saber cada
pessoa que foi lesada — e tomar a iniciativa de parar de descontar. Meu Deus do
céu!
Carteiros sem médico, diretores com
bônus- Outro assunto: os Correios — uma estatal — deram um lucro
maravilhoso no tempo de Jair Bolsonaro. Entrou um novo governo e veio um
prejuízo pequeno. Agora o prejuízo já é de R$ 2,6 bilhões — e a diretoria dos
Correios se concede um aumento de 14%. Então, o deputado Nikolas Ferreira
(PL-MG) está requerendo à Câmara que convoque o presidente dos Correios,
Fabiano Silva dos Santos, que passou a receber um salário de R$ 53 mil, além de
benefícios. A diretoria também recebe mais benefícios, mais aumento, enquanto
os carteiros estão com dificuldades para ter assistência médica por falta de
recursos de pagamento. Essa é a situação dos Correios. Nenhuma surpresa — a
gente já viu isso nos governos anteriores do PT.
Bastidores da troca de poder: Eu
queria falar também sobre o depoimento da quarta-feira (21), do ex-comandante
da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior. Embora o ex-comandante do
Exército, Freire Gomes, tenha negado ter dado voz de prisão a Bolsonaro, ou ameaçado
prendê-lo, o brigadeiro Baptista Júnior explicou melhor. Segundo ele, Freire
Gomes teria dito: “Se o senhor fizer isso, terei que prendê-lo.” Isso teria
ocorrido durante a discussão sobre a possibilidade de um decreto de Garantia da
Lei e da Ordem ou da determinação de um estado de sítio. Lembrando que, para
ocorrer o estado de sítio, precisa da aprovação do Congresso e teria que passar
pelo Conselho de Defesa.
Baptista Júnior sugeriu: “vamos mandar
para o Conselho de Defesa, se há uma alegação de perigo de explosão social…”
Mas depois disse que negou a ideia completamente, com o apoio de Freire Gomes e
do general Paulo Sérgio de Oliveira, então ministro da Defesa. Afirmou que não
passava pela cabeça deles, em nenhuma das situações, impedir a posse do presidente
eleito. Ele disse ainda que só o almirante de esquadra Almir Garnier teria dito
que a tropa da Marinha estaria à disposição do presidente Bolsonaro. Perguntado
sobre o general Augusto Heleno, disse que, em momento algum, ouviu do ex-chefe
do Gabinete de Segurança Institucional qualquer manifestação sobre impedir ou
fazer uma ruptura — nada disso. E que Bolsonaro, quando percebeu que não daria,
recuou e não falou mais no assunto. Isso teria acontecido depois do segundo
turno.
STF no radar americano: Por fim, o
secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, confirmou durante uma
audiência no Congresso americano que está sendo analisada a possibilidade de
impor uma sanção, com base na Lei Magnitsky, ao ministro Alexandre de Moraes,
do Supremo Tribunal Federal (STF). E que há uma grande possibilidade de que
isso aconteça. Caso seja aplicada, significaria o bloqueio de bens nos Estados
Unidos; impedimento de negociar com qualquer pessoa jurídica americana —
inclusive bancos; e, claro, ausência de visto ou retirada do visto para impedir
que ele entre nos Estados Unidos. Seria uma sanção motivada por informações
sobre desrespeito aos direitos humanos, além de perseguição política, censura,
etc.