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Alexandre Garcia: Escolhas de Lula

 

Alexandre Garcia: Escolhas de Lula

"Lula vai se isolando não apenas de seus mais confiáveis amigos, mas dos tradicionais amigos do Brasil no mundo", observa o jornalista

presidente Luiz Inácio Lula da Silva não sancionou a lei aprovada no Congresso que cria o Dia da Amizade Israel-Brasil. Mas não a vetou, como fizera a ex-presidente Dilma Rousseff há 10 anos. Vencido o prazo para o Palácio do Planalto se pronunciar, a lei voltou para o Congresso promulgar e terá a assinatura de um judeu — o presidente e senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Lula escolheu não adotar um gesto simpático para com o Estado cujo governo o considera persona non grata por suas afinidades com o grupo terrorista Hamas. Escolheu a emoção e a ideologia.


Na política externa, a despeito das tradições do Itamaraty, Lula impõe ação ideológica, alinhando-se a Cuba, Nicarágua, Venezuela, China, Rússia e Irã, como se os brasileiros não vivessem a cultura judaico-cristã do Ocidente. Na guerra, faz declarações claramente favoráveis ao Irã e seus filiados Hamas e Hezbollah, ainda que isso tenha que exigir olhos e narizes fechados das feministas e dos movimentos LGBTQIA+ brasileiros. Na guerra das Malvinas/Falklands, que cobri em 1982, perguntei ao então presidente João Figueiredo por que o Brasil estava ajudando logisticamente a Argentina. Ele respondeu que a Inglaterra está a 10 mil quilômetros e a Argentina continuará na nossa fronteira quando a guerra acabar. O Irã está a 12 mil quilômetros e os Estados Unidos continuarão no mesmo continente que o Brasil. E as afinidades entre esses povos estão na razão direta da geografia. Lula, no entanto, provoca o presidente norte-americano, Donald Trump, dizendo não ter medo de cara feia. Mas para defender a Constituição, como jurou perante o Congresso, escolhe o silêncio do medo.


Escolhas ensejam comparações. Por exemplo: entre a atual política externa ideológica e a diplomacia de resultados, do pragmatismo responsável. Assim como comparar Paulo Guedes com Fernando Haddad, Lula e Jair Bolsonaro são responsáveis por suas escolhas. Bolsonaro escolheu Guedes com a humildade de quem não entende de economia e seu ministro seria o "Posto Ipiranga". Os resultados são diferentes, a favor de Guedes, em menos impostos, menos gastos, mais investimentos, e superavits em estatais e nas contas públicas. Bolsonaro não se metia na economia e Guedes pôde aplicar o que dá certo, como Javier Milei hoje demonstra na Argentina. Lula se impõe a Haddad e acha que todo gasto do governo é investimento. Por isso, o Brasil sobe e desce. E desce rápido. O que se esperava que arrebentaria nas mãos do próximo presidente, agora economistas preveem para no ano que vem. Que, para a desgraça da atual administração federal, é ano eleitoral.


O culpado: Haddad voltou das férias de uma semana e o hiato serviu para que especialistas concluíssem que a culpa pela irresponsabilidade fiscal não é de Haddad, mas de Lula. Assim como os 15% de taxa Selic não são sabotagem do Roberto Campos Neto e muito menos do Gabriel Galípolo, indicado por Lula. As altas da taxa básica são para amortizar prejuízos da gastança comandada pelo presidente da República, porque a missão do Banco Central é proteger a moeda e o crédito — isto é, garantir a estabilidade do Real. Lula disse num podcast que mais IOF é para garantir o arcabouço — que foi a forma de a nova administração federal derrubar o saudável teto de gastos instituído no período do presidente Michel Temer. 

Cérebro brilhante da esquerda, José Dirceu percebeu e se manifestou. Antes, por seu amigo, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakai, que expressou sua queixa por Lula já não ouvir seus companheiros mais confiáveis, estando isolado — no que pareceu uma crítica a Janja, que influencia e evita outros conselheiros. 


Depois, o próprio Dirceu disse que a esquerda não se atualizou, perdeu o protagonismo no mundo digital e fala para um Brasil que já não existe.


Lula vai se isolando não apenas de seus mais confiáveis amigos, mas dos tradicionais amigos do Brasil no mundo, como o aliado histórico Estados Unidos e o país que um brasileiro, Oswaldo Aranha, ajudou a criar na ONU — Israel. Escolhas de Lula. Que prosperam também porque representantes do povo escolheram a omissão no Congresso.



Alexandre Garcia - Ricardo Stuckert / PR - Correio Brasiliense



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