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Tríplice perigo

Tríplice perigo

Num mundo globalizado como o que temos atualmente, é tolice acreditar que conflitos e guerras que ocorrem a milhares de quilômetros do nosso país, não tragam consequências negativas também para todos nós. E não só economicamente, mas sobretudo consequências deletérias e nefastas à própria segurança nacional. Há tempos, os especialistas em inteligência vêm alertando para a possibilidade da Tríplice Fronteira – formada nas divisas entre o Brasil, Argentina e Paraguai –, vir a se constituir num ninho ou incubadora de grupos terroristas vindos do Oriente Médio, muitos deles fugindo dos conflitos naquela região, onde passaram a ser caçados sem trégua pelas Forças de Defesa de Israel. A maioria desses terroristas dos grupos Hezbollah, Hamas, Fatah, Jihad Islâmica e outros vêm para essa região remota do Sul do nosso continente, com mala, cuia, família e tudo mais, em busca não de uma nova vida para si e seus familiares, mas para dar prosseguimento à sanha terrorista que os move.

Na Tríplice Fronteira hoje estão, sem nenhum exagero, sendo chocados os mais perigosos ovos de serpente que se tem notícia, pois essa é uma região há muito abandonada pelo poder público, onde proliferam e se cruzam todos os tipos de crimes, que vão da prostituição, lavagem de dinheiro, contrabando de armas e drogas, até a falsificação de documentos e de dólares. Ou seja: um ambiente mais do que adequado para a fixação e desenvolvimento de grupos terroristas internacionais. Enquanto o governo brasileiro faz, para dizer o mínimo, cara de paisagem sobre esse problema, os EUA têm feito o que pode para, ao menos, monitorar de perto esses grupos e suas atividades. Para a inteligência americana, a Tríplice Fronteira já é de fato um importante celeiro a abrigar e dar continuidade às ações de grupos terroristas. Além de ser um ambiente propício para abrigar esses fanáticos, os terroristas que por lá vivem encontraram, na boa vontade de governos que os apoiam, todas as facilidades, como é o caso da obtenção de passaportes falsos confeccionados na Nicarágua, Bolívia, Venezuela, Cuba e outros países simpáticos às ações de terror que eles submetem os judeus residentes em Israel.

Com a guerra entre Israel e Irã, a fuga desses criminosos rumo à Tríplice Fronteira aumentou significativamente. Ninguém nega que esses grupos vêm há anos representando uma ameaça contínua a Israel e seu povo. Também o Irã, como é por demais sabido, é o país que vem financiando esses grupos, armando-os e treinando-os para destruir ou como eles afirmam: “varrer Israel do mapa”. Trata-se nesse caso da chamada “doutrina do polvo”, na qual esses grupos representam os braços armados do regime dos aiatolás e a cabeça é o próprio Irã.

Também os chamados voos humanitários que trazem populações expostas à guerra, servem como transporte para esses terroristas virem se esconder no sul de nosso continente. Notícias levantadas pela inteligência americana dão conta que aproximadamente um grupo formado por quase meia centena de integrantes e comandantes de campo do Hezbollah e suas famílias, vieram para a Tríplice Fronteira sob as bençãos dos governos locais, aumentando ainda mais o risco para a segurança interna do Brasil. A Tríplice Fronteira é hoje um polo de financiamento e logística do Hezbollah e outros grupos. A região é usada há décadas por redes ligadas ao Hezbollah e Irã para financiar operações via tráfico de drogas, armas, lavagem de dinheiro e falsificação de passaportes e documentos, aproveitando o controle estatal fraco.

O “Barakat Clan”, grupo libanês-operacional no local, já teve contas congeladas e membros sancionados por ligação com o Hezbollah e por usar cassinos na fronteira para lavar dinheiro. Há ainda evidência de atividades operacionais e planos de ataques. Investigações recentes (como a Operação Trapiche) revelaram prisões no Brasil com suspeitas de preparação de atentados a sinagogas e embaixadas, com apoio de inteligência israelense. A própria Argentina de Milei instalou um Centro de Inteligência na fronteira em janeiro de 2024 para monitorar, justamente, atividades suspeitas e ligações com a infraestrutura terrorista iraniana no triângulo fronteiriço. A transferência de quadros e famílias de militantes é conhecida na região, onde o medo impõe o silêncio.

De acordo com fontes argentinas e americanas, cerca de 400 comandantes do Hezbollah e suas famílias teriam se transferido para a América do Sul — incluindo o Brasil — após um cessar-fogo no Oriente Médio, intensificando as preocupações com o aumento repentino de pessoal ativo na região. Inserção silenciosa desses grupos com agendas potencialmente hostis: pois não se trata de refugiados comuns, mas sim de operacionais com vínculos diretos a grupos que pregam “varrer Israel do mapa” – o que sugere planos ofensivos e não apenas reagrupamentos. Se nossa fronteira é porosa, imagina então um lugar como é essa Tríplice Fronteira, um ambiente permissivo, repleto de redes de tráfico, corrupção, onde vasta comunidade árabe local facilita o disfarce, recrutamento e movimentação desse agentes. Lembrando que essa região foi palco de planejamento operacional dos atentados na AMIA e na embaixada de Israel em Buenos Aires (1992, 1994), que conseguiram atravessar incontáveis milhares de mortos. A ação dos EUA, vigiando ativamente a região, com alertas, sanções e cooperação na revelação de redes financeiras ligadas ao Irã e Hezbollah, tem sido, sistematicamente, ignorada. A reação da Argentina e Paraguai, instalando centros de inteligência, reforçaram patrulhas e congelaram bens ligados a redes terroristas – mostra que há preocupação séria, embora o Brasil ainda esteja aquém, segundo especialistas. É necessário um alinhamento do Brasil, a começar por declarar o Hezbollah como organização terrorista, reduzindo lacunas legais e investindo mais em inteligência e cooperação internacional. Ou o Brasil põe fim a esse espaço estratégico onde proliferam células terroristas ou chegará o momento em que nosso país irá sofrer as consequências desse tipo de amizade peçonhenta.

A frase que foi pronunciada: Por trás dos slogans havia um vácuo intelectual.(Henry Kissinger)

Circe Cunha e Mamfil –  Coluna “Visto, lido e ouvido” - Ari Cunha - Tríplice Fornteira. Foto: anastra.com - Henry Kissinger, em 12 de outubro de 1973. Foto: AP Photo, File. Correio Braziliense



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