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Virando capacho: como o Brasil se ajoelha na política externa

Virando capacho: como o Brasil se ajoelha na política externa

O Brasil se insere em conflitos mundiais, como na Ucrânia e no Oriente Médio, sem qualquer preparo ou razão. Diplomaticamente, só faz ruído, como o de um mosquito, entre agentes mais sérios. Mas esse ruído já é o bastante para nos prejudicar. 

Recentemente, a Embraer perdeu concorrência de bilhões na Polônia, só por ser uma empresa brasileira cujo governo alinhou o país aos regimes da Rússia, China e Irã. Em seguida, virão sanções aos vistos de turistas brasileiros, que hoje gozam do privilégio de ter aceitabilidade em vários países. Tudo isso a troco de quê?

O governo brasileiro, o ministro das relações exteriores e alguns do Itamaraty acham que gozam de prestígio no fórum internacional, mas, na verdade, são meros capachos.  Sempre foram, desde que o Itamaraty abraçou a ideologia de “multilateralismo” nas relações exteriores.

Ao enaltecer o quanto o Brasil prefere fóruns e acordos multilaterais, o Itamaraty e a mídia militante nos fazem acreditar que ceder interesses nacionais em prol de interesses de um grupo internacional é vitória para o Brasil. Mas hoje se percebe que essa ideologia só avassalou nossa soberania, economia e cidadania.

Política externa é reflexo de legitimidade interna: A defesa da soberania de uma nação depende de política interna forte, e em sua base está a força do regime que adota. Tal força pode vir da opressão extensiva do Estado ou da legitimidade popular. Seja como for, regime fraco significa soberania fraca, isso é o que está em jogo nas relações exteriores do século 21.

Países com o regime interno legitimado democraticamente, como os Estados Unidos ou Israel, têm uma política externa agressiva, e que se manifesta de maneira clara: ela é preventiva, age e ataca antes de ser atacada, por isso gera reações.

Esse posicionamento advém de uma coesão interna muito forte, sem a qual não é possível uma política externa forte.

Outros países democráticos podem ter a mesma legitimidade do regime sem ter a capacidade de defesa de seus interesses ou por serem adeptos do multilateralismo, ou ambos.

Do outro lado do espectro, China, Rússia e Irã também têm regimes internos fortes, mas passam longe da vontade popular. Não são democráticos, não têm eleições recorrentes nem abertura do sistema ou alternância de poder.

São regimes extremamente fechados, e adquirem sua força interna por medo da opressão extensiva que eles podem promover contra qualquer dissenso. No entanto, tais países possuem força interna de fato e conseguem se projetar externamente com a mesma eficácia.

Portanto, o mundo se configura no embate entre dois modelos civilizatórios: os democráticos do Ocidente, incluindo Israel, Japão, Estados Unidos - países que possuem um regime salutar e legitimado, que podem ter ações preventivas e impor agendas e acordos. Do outro lado, com a mesma força em política externa, Irã, China e Rússia, já mencionados, cujo peso é calcado nas ditaduras e políticas dogmáticas. 

Brasil perdido no mapa geopolítico: Pergunta que não quer calar: nesse jogo de tabuleiro, onde o Brasil se encaixa? Em lugar nenhum. Sem começar pela política interna que se encontra destemperada, desequilibrada e ilegítima, não há o que se pensar de se posicionar na política externa.

"A falência institucional do Brasil já está na boca do povo e não legitima qualquer das políticas públicas desse sistema criminoso e oligárquico"

Mesmo os que dizem que o sistema brasileiro é aberto e democrático sabem que isso simplesmente não é verdade.

Supostamente temos alguma alternância no poder, eleições transparentes e um regime que nos representa, mas, na prática, sabemos que é ficção. As oligarquias e grupos de interesses escusos assumiram o comando das instituições e estamos apenas validando o que esses criminosos determinaram para nossa escolha. E criminosos sempre se aliam a quem paga mais e que no nosso caso envolve China, Rússia e Irã.

Então, como fica nossa projeção externa? Extremamente fraca, pois não há coesão, nem debate sobre o que somos e queremos defender; um clima perfeito para diplomatas multilateralistas que não saibam nem queiram se posicionar em absolutamente nada.

Aliás, projetar interesses nacionais na política externa é quase que um ato inconstitucional, pois muito do multilateralismo foi inserido na Constituição de 1988.

Soberania, separação de poderes e liberdade: Diferentemente da CF de 1988, nossa proposta de Constituição, a Libertadora, passa primeiro pela definição do que defendemos e qual o regime interno que queremos, para evitar dúvidas e alterações constantes a cada ciclo eleitoral. Isso gera estabilidade, coesão e força interna.

A “cereja do bolo” da Libertadora é dar liberdade para o chefe de estado brasileiro poder agir, ou seja, implementar ações preventivas de política externa que impeçam violação das nossas fronteiras e comprometam os interesses nacionais.

O que vemos hoje no Brasil é o oposto, toda a sorte de violações, descontrole completo das fronteiras, contrabando e tráfico nocivos à nossa sociedade, aos nossos vizinhos e a diversos outros países. Hoje viramos esteio de grupos terroristas e do narcotráfico que usam o Brasil como território de trânsito ou espólio, de distribuição de drogas na rota internacional.

Essa ambiguidade e fraqueza interna não são de hoje e é por isso que nossa política externa sempre foi muito capenga no século 20. No século 21, virou uma grande piada de mau gosto.

Não temos um posicionamento e nem uma agenda clara para a região ou para o Atlântico Sul, nem temos orçamento para projetos de defesa. Existem conversas e planos na mesa, sim, mas não se vê ação concreta e os planos são sistematicamente subvertidos pelo viés dos multilateralistas.

Na área do Atlântico Sul, que envolve toda costa de países africanos ocidentais e que deveria ser de hegemonia do Brasil, já foi silenciosamente entregue para a China, que já possui portos e sistemas de proteção nesses países. Enquanto isso, nós mal conseguimos defender nossas próprias fronteiras marítimas. 

O bobo da corte internacional: É notável como a fraqueza interna do Brasil se projeta em fraqueza externa. Como vamos adiante sem um bom sistema interno que se manifeste externamente? Por isso, os posicionamentos desses ministros de relações exteriores são patéticos. Suas manifestações não devem ser encaradas de forma séria, pois são vassalos a serviço de um país vassalo. 

Francamente, ninguém dá crédito ao que o Brasil pensa em suas relações exteriores, não temos uma coesão interna. Aliás, longe disso, existe um movimento anti-sistema gigantesco e é diante dessa fragilidade do sistema que se inviabiliza qualquer política externa forte. 

Portanto, até que se tenha uma mudança interna, qualquer crítica do nosso ministério de relações exteriores a Israel ou Estados Unidos, assim como qualquer elogio que eles façam a países dirigidos por narcotraficantes e terroristas, não deve ser levado a sério. O Brasil não está em posição de fazer absolutamente nada.

Inimigos por passividade: Um ponto importante é que essa fraqueza toda gera outro tipo de problema. Viramos inimigos por omissão.

Deixamos que esses grupos inimigos usassem o Brasil como porto ou entreposto de seus interesses, como foi o caso da permissão para que um navio iraniano atracasse no nosso litoral. Será que naquele navio não foi embarcado, por exemplo, urânio, para que pudessem refinar e levar de volta para sua indústria bélica? Não sabemos, mas há suspeitas tanto de israelenses como de americanos.

"Se nesse posicionamento frouxo o governo quiser atender aos interesses dos amiguinhos do Irã e da China na nossa região, não estaríamos nos convidando passivamente a entrar em um conflito mundial?"

Com um governo totalmente despreparado, um país deficiente em satélites, em redes elétricas e de comunicação, sem controle de portos e sem defesa, seria uma tragédia sofrer retaliação por estarmos abrigando aqui um desses nefastos parceiros do PT e aliados.

País indefeso dentro e fora das fronteiras: Para agravar a situação, o governo brasileiro faz de tudo para desarmar o país, tanto em âmbito de defesa interna, precarizando as estruturas das polícias, como negando o direito de defesa dos cidadãos. Que tipo de governo é esse?

O Brasil, com esse governo, está se transformando em mero território aberto; em suma, num estado fracassado em que o governo é só mais um que aparece para espoliar. Já passou da hora de se desvencilhar desse tipo de governante.

Em um segundo momento, teremos que reconstruir todo o nosso país, nossa cidadania e soberania, quando esse desgoverno não estiver mais lá.

Semana após semana, as medidas descabidas do Executivo e de seus comparsas somam-se à lista de obstáculos que teremos de ultrapassar para estarmos, no mínimo, no patamar de quando eles tomaram o poder, em 2023.

Para tal efeito, esperamos que o eleitor tenha consciência do que está em jogo e também possa demonstrar sua resolução. Assunto para a próxima coluna.


Luiz Philippe Orleans e Bragança - Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Marcelo Camargo/Agência Brasil – Gazeta do Povo


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