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Lula se agarra à miragem de que se tornou herói contra Trump

Lula se agarra à miragem de que se tornou herói contra Trump

Lula, a esquerda e as classes desocupadas em geral vivem um momento de excitação, narcisismo e soberba suburbana que os faz se sentirem mais felizes que praga em campo de milho. Ou talvez estejam assustados com a desordem que criaram nas relações com os Estados Unidos e as consequências que virão dessa insensatez. De um jeito ou de outro, uma coisa é certa: eles não têm cacife para se sentar nessa mesa, e nem para lidar com as paradas que vão aparecer no jogo.


De acordo com tal miragem, o ataque tarifário de Trump e suas acusações de que Bolsonaro está diante de um pelotão de fuzilamento judicial tornaram Lula o candidato favorito para as eleições de 2026. A direita, revoltada com a intromissão de Trump, abandonou o ex-presidente. O STF, atacado por uma “potência estrangeira”, ficou mais forte do que nunca. Todos os problemas do governo, da anistia ao roubo do INSS, estão resolvidos.


"Toda a diplomacia brasileira quanto aos Estados Unidos se resume a um mandamento único: ficar contra tudo o que os americanos são a favor e vice-versa sobretudo nas questões que mais os incomodam"


Na prática não é nada disso. Lula não queria tomar as sanções que Trump promete para 1º de agosto – e nunca é bom entrar numa briga chamada pelo outro. Pior ainda é entrar numa briga que você não pode ganhar. Lula passou o ano inteiro sendo gratuitamente hostil a Trump. Chamou de fascista, pediu voto para sua inimiga, debochou. Propôs acabar com o dólar como moeda internacional. Apoiou todo terrorista que lhe passou pela frente. Achava que podia fazer esse número de graça – ia bater e Trump ia ficar quieto. Errou horrendamente de cálculo.


O desenrolar da crise foi um filme catástrofe. Descobriu-se que o governo Lula não tem, simplesmente não tem, nenhuma estratégia para lidar com os Estados Unidos. Não tem plano, não tem cenários, não tem pergunta, não tem respostas, não tem nada. Ou seja: os Estados Unidos são a maior potência do mundo, com um PIB 10 trilhões de dólares superior ao da China, mas não existem pra a política externa do Brasil. É negligência com viés de conduta criminal.


Toda a diplomacia brasileira quanto aos Estados Unidos se resume a um mandamento único: ficar contra tudo o que os americanos são a favor e vice-versa sobretudo nas questões que mais os incomodam. Se nomeassem um chipanzé para embaixador do Brasil em Washington, ou para ser o delegado brasileiro nessas reuniões que fazem o tempo todo, daria na mesma. Bem instruído, ele faria um trabalho melhor do que isso que estão fazendo – e com certeza ia ficar muito mais barato.


Desastre por desastre, a única coisa que compete em ruindade com a política interna do governo Lula é a sua política externa. Cuidado com ela. Diplomacia não é só uma coisa mortamente chata. Pode, quando Lula brinca de ser estadista, custar muito caro para o seu bolso, o seu bem-estar e os seus planos. Se os Estados Unidos, um dia, abrirem mesmo a sua caixa de ferramentas, Lula e a sua comédia viram paçoca na hora.




J.R. Guzzo - (Foto: Antônio Lacerda/EFE) - Gazeta do Po



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