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Os bárbaros somos nós

Os bárbaros somos nós

Quem estuda política frequentemente faz referência à mudança de regime e à tomada de controle do Estado. O fato aconteceu diversas vezes na história em todas as regiões do mundo que foram registradas mudanças significativas. Os que detinham o poder eram os gentios e os que tomavam eram os bárbaros. Invariavelmente, os bárbaros que invadiam e assumiam o comando não o faziam antes que alguém lhes abrisse as portas da cidade para que eles pudessem tomar o controle. Isto é, ao longo das mudanças de regime registradas na história não há como negar que não houve conluio com os bárbaros.


Os bárbaros foram convidados: A tomada da península ibérica pelos mouros foi a convite dos reis cristãos que querelavam entre si. A tomada da Inglaterra pelos anglo-saxões foi a convite dos reis celtas pelas mesmas razões. A tomada do Peru e do México pelos conquistadores espanhóis foi por convite das tribos locais.


Nos últimos 200 anos esses bárbaros eram os revolucionários, a esquerda brasileira, os que queriam destruir a sociedade, a pátria, a economia e substituí-las por uma utopia igualitária inimiga da ordem natural. No Brasil, assim como em outros países mais institucionalizados, não houve uma revolução armada que causasse uma ruptura em prol dos bárbaros jacobinos, mas a implantação da utopia foi através de um processo gradual, ajudado por conservadores e social-democratas.


E quem são os bárbaros de hoje? Observamos que os bárbaros do século XX são os “gentios” no comando do país: os bárbaros somos nós, os patriotas, os conservadores, os “fora do sistema”.


O Estado pertence à esquerda:Se nós não tivermos essa visão quando nos mobilizarmos, nunca seremos bem-sucedidos. Essa perspectiva é necessária para que haja, de fato, uma substituição de regime e de direção do Estado brasileiro. Deve estar bem viva em nós a constatação de que o Estado hoje teve como fundamento a criação dos partidos de esquerda, que nunca deixou de governar, mesmo com lideranças eleitas de partidos do centro ou da direita.


Os esquerdistas de várias matizes, além de terem governado no passado e continuar no presente, vão governar no futuro, porque o Estado é deles, independentemente de quem for eleito. Foi um comentário muito sagaz que muitos da alta cúpula da esquerda replicaram, porque revelou a realidade e de maneira mais ampla. O Estado brasileiro é socialista, então, quem está de fora são os bárbaros. Todas as instituições, e absolutamente todas as políticas públicas foram construídas pela esquerda, para a esquerda e pela perpetuação da esquerda na orientação do país.


O Estado brasileiro é socialista, e os bárbaros conservadores são vistos como vírus em um sistema já sedimentado. O problema maior diante dessa situação são os conservadores que não querem desconstruir ou desmontar o que a esquerda fez, nem atacar as instituições que foram criadas para a opressão da população, da ordem natural, da família, da sociedade, da economia.


Esse é o modelo revolucionário que temos, Estado contra povo. Foi organizado para lutar contra tudo o que é bom, belo, certo e justo. Portanto, não podemos economizar palavras e medidas contra ele. A maioria dos representantes que sobem ao púlpito dos parlamentos para encher o peito e propagar a respeito de si: “eu represento a grande mudança!”, estão simplesmente pedindo a permissão de ocupar um espaço, enquanto a esquerda se recompõe, e o regime continua, pois é definido pelas balizas constitucionais que criaram os pilares perpétuos do socialismo de Estado.


Abaixo o velho regime!: Tais estruturas têm que ser modificadas em um movimento constitucional sério e profundo, a partir da raiz do problema. Muitos daqueles que se expõem são tachados de radicais, mas a verdade é que os radicais de hoje significam a democracia, a opinião pública livre que é, pasme, representada pelo populismo, e pasmem novamente, o populismo é popular! Quem está contra a democracia são as instituições de Estado.


Então, se não tivermos uma conclamação de reforma profunda, mas somente nos ativermos a ganhar eleições, o máximo que lograremos é retardar a implementação dos demais itens da agenda esquerdista e que ainda não foram implementados. Ou seja, o regime esquerdista ainda vai prevalecer até que o conservador não consiga evitar o totalitarismo de Estado.


A dois passos da utopia: A reforma tributária foi decisiva para a criação do Estado totalitário, pois vai neutralizar toda rivalidade política que o governo central possa ter de prefeituras e estados. Essa “reforma” também vai acuar agentes da economia. Todos os agentes econômicos terão que pedir bênção a um poder central absoluto, sem qualquer chance de se mover dentro do território nacional e encontrar uma equação econômica que os favoreça.


Com a reforma tributária, estamos estrangulando a economia e todas as entidades federativas. Esse é o penúltimo passo para o totalitarismo. O último é a reforma da segurança que a esquerda está tentando implementar, e tem o mesmo efeito: acuar a sociedade e todos aqueles que levantarem a voz contra o poder central.


As duas alavancas do mal: De um lado, há o poder de influência através da reforma tributária. Quem não seguir a agenda do governo central fica sem receber o que lhe é devido. Do outro lado, há o poder coercitivo da força, através da centralização da segurança pública, que será monopolizado pelo poder central. Está criada, assim, a fórmula para a maldade absoluta.


A questão da censura vem na sequência, e já está em curso, sendo maturada. Mas mesmo com liberdade de expressão, as reformas que mencionei anteriormente por si só garantem o controle absoluto. Estamos em uma situação periclitante, em que se a sociedade não perceber o que está acontecendo, estará se entregando à escravidão


Quem vai mudar o Brasil?: Dos atuais deputados e senadores, quais são parte da solução ao problema exposto neste artigo? Reclamam, fazem contenção, existe oposição certamente, mas propõem reformas? Vi poucos reflexos do que defendo aqui, muitos falam e concordam silenciosamente, mas abertamente são poucos. Isso é preocupante, não porque são censurados e temem sofrer retaliações, mas porque acreditam que falar de reformas não é popular. Muitos parlamentares têm medo de propor algo que não existe. E eles temem que defender o que é certo, ou uma posição ainda não discutida na sociedade vai distanciá-los de seu eleitor. Esse é o maior problema.


Nós somos os novos bárbaros e temos que nos conscientizar disso.  Precisamos conclamar mudanças, exigir reformas e ocupar o espaço com uma agenda política clara e nítida, que desmonte tudo aquilo que tiraniza a sociedade e a nação brasileira. Essa é a nossa missão. 



Luiz Philippe Orleans e Bragança - (Foto: Laura Campos/Assessoria PT/Site oficial do PT) - Gazeta do Povo


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