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Os muito ricos e os muito cínicos

Os muito ricos e os muito cínicos

cineasta Walter Salles Jr. disse que é a favor da taxação dos muito ricos. Recentemente uma manifestação em defesa dessa causa invadiu o banco Itaú na Faria Lima. Walter Salles Jr. é herdeiro do Itaú. Se todos estivessem no mesmo barco, em vez de invasão poderiam ter organizado uma festa.


Esses mesmos ativistas, que segundo a imprensa são integrantes do MTST, fizeram, poucos dias depois, uma manifestação no Shopping Leblon. Com toda certeza o MTST tem entre seus simpatizantes gente muito mais rica que a média dos frequentadores do Shopping Leblon. 


Como se sabe, no próprio Leblon, na Vila Madalena e em outros endereços nobres do eixo Rio-São Paulo, está uma boa parte do eleitorado de Guilherme Boulos - líder dos sem-teto que tem entre seus apoiadores proprietários dos tetos mais caros do país.


Tudo bem, podem ser todos altruístas e muito preocupados com a distribuição de renda. Talvez haja até algum Robin Hood no movimento. Mas e quando essa mesma turma, sob essa mesma liderança, foi à Justiça contra o Congresso Nacional para aumentar o IOF?


Alegaram que aumento do IOF também era distribuição de renda - ou “justiça tributária”, como algum estrategista passou a chamar a medida. O ministro da Fazenda foi mais longe e relacionou aumento de IOF com “justiça social” - declarando inclusive que não deixaria de “lutar” por isso. Com desinibição pode-se dizer tudo. 


Aí aconteceu que a primeira-dama Janja tinha ido fazer compras no Shopping Leblon, durante a conferência dos Brics. Como fica a simbologia do movimento?


“A primeira-dama, do governo popular, que quer fazer justiça social e tributária, compra no mesmo lugar dos ricos? É o mesmo dilema do Itaú. Em vez de protestar no shopping, poderiam ter organizado uma festa”


E essa festa está ficando boa, porque logo em seguida chegou Odete Roitman, a empresária má da novela, usada como estandarte pela atriz que a representa - para dizer que na vida real, ao contrário de sua personagem, tem consciência social e quer mais imposto para os ricos. 


Claro que todos deviam estar muito ocupados com suas carreiras atribuladas quando esse mesmo governo elevou outros impostos socialmente nocivos - fora o descontrole da inflação, que é o imposto socialmente mais cruel. 


A nova campanha de pobres contra ricos surgiu incidentalmente no momento mais agudo da rejeição a Lula - agravada pela polêmica do IOF, que por sua vez veio se somar ao escândalo do INSS. Coincidência.


Também não se viu nenhuma dessas figuras influentes se engajando em movimento pela investigação do roubo bilionário dos aposentados mais vulneráveis do país. Todas as coincidências têm um mesmo ponto em comum: seja qual for a suposta causa, estão sempre apoiando o governo petista. 


Se alguém tiver a ideia brilhante de taxar os muito malandros, o Brasil baterá todos os recordes de arrecadação.



Guilherme Fiuza -  (Foto: Fernando Bizerra/EFE) - Gazeta do Povo


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