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Magnitsky, tarifas, combate ao narcotráfico e Guerra Fria – qual mudará o Brasil?

Magnitsky, tarifas, combate ao narcotráfico e Guerra Fria – qual mudará o Brasil?

É importante entender e distinguir as diversas ações que os Estados Unidos podem e vão exercer sobre o Brasil. A primeira já está em curso: o cancelamento de vistos e a aplicação da lei Magnitsky mais diretamente àqueles violadores de direitos humanos, que pretendem censurar, bloquear ou interferir em bens e empresas norte-americanas que operam dentro do Brasil. Pessoas que, sob o manto da autoridade, aplicam multas arbitrárias e determinam atos coercitivos com o objetivo de que essas empresas conduzam seus negócios de maneira não republicana.


Portanto, a lei Magnitsky serve para atingir, mais especificamente, o Judiciário brasileiro, que tem sido o protagonista nesse tipo de ação. Entretanto, há situações em que o governo assumiu papel principal.


Aliados ao narcotráfico: A primeira é o evidente vínculo do governo brasileiro com narcotraficantes nacionais e pan-nacionais. O relacionamento muito próximo com o ditador Nicolás Maduro, acusado de narcoterrorismo, procurado pelos EUA e acobertado por Lula, inclusive em declarações públicas. Logo depois das eleições fraudulentas, em agosto do ano passado, Lula exigiu respeito ao ditador venezuelano.


Lula foi também citado e denunciado pelo general Hugo Carvajal, chefe do serviço secreto da Venezuela e atualmente preso nos Estados Unidos, como um dos beneficiados pela ditadura de Maduro.


"Sabemos também que o ocupante do Planalto tem abrigado vários traficantes e tem facilitado, junto com o Judiciário, as ações de indivíduos ligados ao crime organizado"


Hoje, muitos setores da economia têm sofrido com as ações do narcotráfico, que não apenas têm destruído famílias e a sociedade, mas têm rivalizado com o mercado formal, a exemplo do agronegócio, refinarias de álcool, distribuição de combustíveis e alimentos. Um grande problema que tem se agigantado. Os Estados Unidos já declararam guerra contra o narcotráfico, e o Brasil entrou na alça de mira.


Aliados ao eixo do mal: Outro fator que é passível de ação contra esse governo é a questão geopolítica. Vamos lembrar que o governo brasileiro se posiciona favoravelmente aos interesses da Rússia e da China, alinhando-se a um eixo ditatorial do mundo. Com essa atitude, ele acirra os ânimos dos Estados Unidos contra o Brasil, justamente eles que eram nossos parceiros de longa data e que têm muito mais simbiose com a sociedade brasileira.


Quais as consequências desses últimos atos? Os Estados Unidos não vão tolerar que dentro de sua esfera hegemônica haja um país que se coloque ao lado de seus maiores inimigos, declaradamente organizados para derrotar seu país em todos os seus aspectos: social, político, econômico e cultural. Está claro que, ao mudar de eixo, o governo norte-americano vai tratar o Brasil como seu inimigo também.


Por que os EUA têm tudo para alcançar sucesso nos embates contra o Brasil? A lei Magnitsky pode ter relativo sucesso na ação que os estadunidenses tomam para se proteger de agentes públicos que se colocam contra a Constituição norte-americana.


Sempre é bom lembrar que a lei Magnitsky não é uma interferência na soberania, bem como sua ação de aumentar as alíquotas, pois quem arca com as tarifas são os importadores norte-americanos; e quanto às sanções a pessoas, a lei determina que estas não podem adentrar o território nem usufruir de bens e serviços norte-americanos. Não é propriamente uma interferência no país.


Entretanto, no tocante aos dois aspectos anteriormente mencionados, o narcotráfico e o posicionamento geopolítico, estes, sim, podem render um grande efeito, pois abrem o escopo para ações passíveis de interferência, e com grande chance de sucesso.


De um lado, temos o exército norte-americano bem organizado, com a melhor tecnologia, vasta experiência e inteligência em praticamente todos os cantos do mundo. Eles sabem onde, quando e como agir, de modo cirúrgico, para debelar uma série de atividades nocivas.


Os EUA já têm mapeado todos os problemas do narcotráfico na América Latina e sabem que, apesar de os narcotraficantes terem armamento pesado e tecnologia para tornar o crime cada vez mais organizado, inclusive para acuar as populações locais, isso não é remotamente suficiente para derrotar o exército norte-americano. A chance de vitória sobre os cartéis latino-americanos é total, e isso é importante… para os Estados Unidos.


Vitória certa… dos Estados Unidos:Um dos critérios que delineiam o perfil de elegibilidade de um presidente é o desempenho vitorioso nas relações exteriores: uma grande vitória diplomática ou uma grande vitória bélica.


Nesse sentido, uma vitória bélica dos Estados Unidos sobre os cartéis é garantida, ao passo que essa mesma vitória em outras frentes no mundo é quase impossível a curto prazo, pois são campos de batalha muito mais complexos e sofisticados.


Combater o tráfico na América Latina, ao contrário, é barato e com alto grau de eficiência, o que pode trazer respaldo e prestígio ao presidente Donald Trump, propiciando, inclusive, que ele eleja seu sucessor.


Provavelmente ele deve estar fazendo a leitura de que, em outros cenários de guerra ao redor do mundo, uma vitória não é assegurada e visível. Esse aumento de tensão e as ações para debelar cartéis e ameaças ao mundo livre são considerados metas alcançáveis a curto prazo. Portanto, essas medidas certamente virão e devem enquadrar também os governos e as estruturas que apoiam os cartéis.


Envolvido até o pescoço: O governo Lula está envolvido nos dois casos, pois não só abraça a questão do narcotráfico, como também o reposicionamento do Brasil à China e à Rússia. Não é o caso do México, por exemplo, que, apesar de manter relacionamento próximo com a China, ter um governo socialista e presença de narcotráfico. Foi inteligente o suficiente para não se posicionar como aliado de primeira ordem de Rússia e China, mas sim dos Estados Unidos, para combater seus cartéis internos.


O Brasil fez o inverso e dobrou a aposta; aliás, quadruplicou as apostas. Como consequência, temos os efeitos não só da lei Magnitsky, como das tarifas, e agora entraram na alça de mira as ações contra o narcotráfico e o reposicionamento geopolítico.


Mas qual dessas ações será a mais efetiva no nosso país? Eu digo: todas, pois todas elas trarão mudanças, embora não necessariamente as mudanças que queremos, pois precisamos manter o foco de como aproveitar esses momentos de fraqueza e de ação.


E de quem deve ser o foco? Primeiro, da população. A própria sociedade deve ter uma visão muito clara do que quer para o próximo capítulo da sua história. Seria só tirar o governo? Seria apenas tirar esses ministros? Apenas isso seria suficiente para consertar o Brasil?


Precisamos de reforma de sistemas, e escolher quem são os representantes que vão escrever esse novo capítulo, capazes de se alinhar ao caminho certo, e não apenas ocupar espaço em um modelo falho.


Essas são algumas questões que me preocupam, pois são essas oportunidades que temos de aproveitar. Este é o momento em que precisamos estar organizados e focados nos objetivos.


Temos o Plano Brasil como uma diretriz para um novo modelo, e precisamos colocá-lo em prática. Situações como a que vivemos hoje, que suscitam grandes mudanças, são ideais para transformar o país definitivamente.



Luiz Philippe Orleans e Bragança - (Foto: Tolga Akmen/EFE/EPA/POOL; André Borges/EFE) - Gazeta do Povo


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