test banner

O “golpista” atrapalhado e os golpistas de verdade

O “golpista” atrapalhado e os golpistas de verdade 

Fico imaginando o que poderia interromper de vez esse fajuto “julgamento sobre uma tentativa de golpe de Estado” tocado de forma acelerada no Supremo Tribunal Federal... Talvez a troca imediata de boa parte dos ministros da corte... Com substitutos indicados, obviamente, não por Lula... Se não há prova nenhuma que sustente a narrativa engendrada por pura perseguição política, há “provas sobradas” de todos os arbítrios, abusos e ilegalidades cometidos contra os “réus”, e não apenas contra eles.


A segunda parte da Vaza Toga, ignorada estrategicamente pela imprensa que desistiu de ser imprensa, deixa muito clara parte da injustiça que foi atirada igualmente sobre pessoas inocentes detidas nos dias 8 e 9 de janeiro de 2023. Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Alexandre de Moraes, também vai soltando aos poucos o que tem contra o antigo chefe. Ele está priorizando os crimes mais graves. Primeiro, os cometidos em desrespeito à Constituição, depois os que são contra o Código de Processo Penal e, por último, os que envolvem servidores não diretamente ligados ao Supremo.


Num país sério, não teríamos chegado a este ponto. Num país que ainda se pretende sério, a reação a tantos absurdos seria vencedora inapelavelmente. E é preciso acreditar – ainda que isso pareça loucura – que a virada está a caminho... E como se dará? Ainda não sabemos, mas deve ser comemorada, diante da cumplicidade do Congresso, a entrada em cena do governo Trump, com sua artilharia de sanções contra os tiranos do Brasil. Enquanto essas ações não geram o necessário movimento doméstico, interno, que passaria pela transformação total de Hugo Motta e Alcolumbre, o teatrinho canastrão no STF continua.


“Os atos do 8 de janeiro, um domingo sem lideranças em Brasília, com a Praça dos Três Poderes mais vulnerável do que nunca, não foram uma “tentativa de golpe de Estado”


Nas alegações finais apresentadas ao Supremo Tribunal Federal, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que ele nunca agiu para impedir a posse de Lula e que sempre defendeu a democracia. O documento tem quase 200 páginas que discorrem sobre o óbvio que só bandidos podem não ver: “Bolsonaro jamais aderiu a qualquer suposta conspiração, e as acusações contra ele são fruto de ilações e interpretações distorcidas de atos e falas descontextualizados. Não há nos autos prova idônea que demonstre que Jair Bolsonaro tenha, de qualquer forma, atentado contra o livre exercício dos poderes constitucionais, tampouco instigado terceiros a fazê-lo”.


Tudo nesse caso está ligado ao poder da imaginação de gente desumana. Depois que Bolsonaro tomou posse, a imprensa que desistiu de ser imprensa passou a anunciar diariamente que o presidente daria um golpe contra ele mesmo. As ameaças, claro, não passaram de delírios... Depois do segundo turno das eleições de 2022, os jornalistas enviesados resolveram acreditar que era finalmente chegada a hora do revés; Bolsonaro “não queria deixar o poder”. Até que Lula, libertado da cadeia e tornado candidato a presidente – ele, sim, por meio de um golpe tramado pelo STF –, foi empossado.


O que ninguém consegue explicar é por que Bolsonaro teria esperado até o dia 8 de janeiro de 2023 para tentar “derrubar Lula”. Nem o delator torturado Mauro Cid, em seu sofrimento e desespero, poderia criar uma narrativa com um mínimo de lógica para descrever um plano tão desajeitado... A Procuradoria-Geral da República se esforçou no “rebolado”. Tentou ligar um discurso de Bolsonaro de junho de 2021 com críticas ao sistema eletrônico de votação e apuração dos votos do Brasil ao 8 de janeiro. Isso não é forçar a barra, é fazer piada, é rir do país inteiro

.

Se Bolsonaro estudou dispositivos constitucionais para impedir a posse de um condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em todas as instâncias, Dilma Rousseff pensou em fazer o mesmo quando estava prestes a sofrer o impeachment. Se apoiadores de Bolsonaro – não inspirados ou estimulados por ele, como diz a PGR – promoveram um ato que descambou para um quebra-quebra, a turma do Lula fez manifestações muito piores em outras ocasiões com ataques graves ao Congresso, ao Palácio do Planalto, à sede do STF e de vários ministérios. E nenhum dos envolvidos foi chamado de golpista ou punido.


Os atos do 8 de janeiro, um domingo sem lideranças em Brasília, com a Praça dos Três Poderes mais vulnerável do que nunca, não foram uma “tentativa de golpe de Estado”. Não havia grupo armado, participação de forças militares, não havia liderança, e Bolsonaro estava nos Estados Unidos… Fora a presença entre os manifestantes de pessoas estranhas ao movimento de apoio ao ex-presidente, que sempre foi ordeiro e pacífico. Era o pretexto perfeito para mais “caça às bruxas”. E inventaram uma “minuta do golpe”, um plano mirabolante para matar Lula, Alckmin e Moraes... Talvez explodissem Brasília.


Na entrevista de comadres que Lula deu ao transformado Reinaldo Azevedo, o petista confirmou que a transição de governo, com Bolsonaro deixando o poder, foi tranquila, muito mais tranquila do que quando recebeu a presidência de Fernando Henrique Cardoso. Até pedido do Lula para nomear os novos comandantes das Forças Armadas antes da posse do petista Bolsonaro atendeu... Isso tudo deve fazer do ex-presidente o “golpista” mais atrapalhado da história... E os bandidos estão no poder, mas isso não vai durar para sempre.


Luís Ernesto Lacombe - (Foto: Antonio Augusto/STF) - Gazeta do Povo
Video






Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem