Eu me lembro de quando José Sarney jurou cumprir a Constituição, com a mão sobre a Bíblia, perante o Congresso Nacional, assumindo a Presidência da República. Isso me veio à memória porque dói ver que na quinta-feira, no Tribunal de Justiça do Maranhão, em São Luís, Sarney fez um discurso de solidariedade e apoio a Alexandre de Moraes, condenando as sanções que ele recebeu
Sarney sabe ler: ele é da Academia Brasileira de Letras, leu a Constituição, acompanhou a confecção da Carta Magna quando era presidente. Ele jurou cumprir e defender a Constituição, mas nunca vi uma palavrinha da boca dele quando eram descumpridas cláusulas fundamentais de direitos e garantias individuais, como a liberdade de expressão, a vedação à censura, a casa como asilo inviolável, o juiz natural, o amplo direito de defesa, a inviolabilidade de deputados e senadores por quaisquer palavras. Ele nunca falou nada; quando falou, foi para defender quem agride tudo isso.
Ministros do STF jantam com Lula, e Moraes mostra que sentiu o golpe: Ministros do Supremo – André Mendonça com certeza não estava lá; não sei se Nunes Marques ou Luiz Fux estavam – foram jantar com Lula no Alvorada nesta quinta-feira, a convite do presidente. Devem ter conversado sobre o que vão fazer agora. O Supremo disse que não recua em nada, que está tudo certo e que Bolsonaro será julgado em setembro. Mas a verdade é que ele já foi julgado, não? Nós sabemos, nós vimos as declarações de Flávio Dino, de Luís Roberto Barroso, de Moraes, de Gilmar Mendes, dando claramente a entender que Bolsonaro é golpista e será condenado por isso. Já anteciparam o voto. Nenhum juiz de carreira faz isso.
Assim como nenhum juiz de carreira mostraria o dedo para a torcida que o vaiou no estádio do Corinthians. Se fosse um deputado ou senador, já estaria com processo na Comissão de Ética, por falta de decoro. Embora Moraes tenha ido ao estádio para mostrar que não está nem aí em relação à Lei Magnitsky – que não ficará só nele, a julgar pelas declarações dos secretários de Estado e do Tesouro –, a reação mostrou que ele está abalado.
Imposto alto espanta o empresário brasileiro, que vai produzir no Paraguai : A Lupo, que faz meias, roupa íntima, está abrindo uma fábrica no Paraguai porque para 43% de imposto no Brasil e lá deve pagar 10% – ou até menos, se fizer um acordo com o governo paraguaio e mostrar que vai produzir para exportação, para o Brasil ou outros países. Lembro disso porque a quinta foi dia 31, dia de pagar imposto trimestral – eu paguei R$ 57 mil, estou ajudando o governo a gastar. No dia 25 pagamos PIS-Pasep, no dia 20 pagamos ISS, e-Social, FGTS. A minha é uma empresinha pequena. É difícil ser empresário no Brasil. Por isso migram para o Paraguai, que cobra menos imposto.
O governo e os legisladores brasileiros não se dão conta de que é muito mais inteligente cobrar impostos menores, gerando uma movimentação econômica muito maior, que vai elevar a arrecadação? O contrário disso é o que está na Curva de Laffer: o governo cobra tanto imposto que a pessoa para de produzir no Brasil e vai embora para o Paraguai.
China avisa que não vai comprar produto brasileiro parado por causa das tarifas: Diante das tarifas de Trump, o presidente Lula provocou, como que buscando uma desculpa para o fiasco da sua administração, e para matar sua vontade político-ideológica de se jogar nos braços de China e Rússia, contrariando o mundo ocidental e os Estados Unidos. Pois a China já está avisando que não vai substituir os Estados Unidos naquilo que for tarifado e que os brasileiros não conseguirem vender mais para os Estados Unidos. A China não tem mais nada a comprar do Brasil além do que já está comprando. Compram minério, compram soja, compram carne, mas não vão comprar mais carne. Inclusive os estoques lá parecem que estão esgotados. Não sei como é que o Brasil vai sair dessa.