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COP30 e agendas globalistas

COP30 e agendas globalistas

Para os que ainda temem a simples menção ao termo conservadorismo, a melhor e mais tranquila definição dessa vertente política mostra que a preocupação primeira dos conservadores não é manter o mundo como ele se encontra, mas manter a disposição de discutir os fatos e entender a realidade como ela é, e não querem apresentar os políticos tradicionais ao mostrar o mundo como que embrulhado num papel de presente vistoso, adornado pelas falácias das ideologias e dos dogmas partidários.

Uma análise sincera da realidade é necessária para que se produza ações assertivas — ou seja, com base no que é, e não no que poderia vir a ser. Nesse sentido, o conservadorismo é o oposto de uma ideologia, pois parte do princípio de que é necessário um diálogo permanente com a realidade, e não uma submissão da realidade e aos ditames petrificados das ideologias. Dessa forma, o conservadorismo busca permanentemente seus fundamentos, não só no passado, mas também no presente.

Um desses fundamentos é a própria questão da soberania do país. Não aquela pregada de última hora por oportunismo político com vistas a reacender apoios, mas aquela que busca preservar o que ensinam as civilizações e a história dos povos ao longo dos milênios. Em resumo, é dito que, para entender o mundo, não devemos nos basear na fácil dicotomia entre esquerda e direita, mas, sim, a partir de três vertentes que seriam a conservadora, a liberal e a totalitária ou marxista. Temos, assim, que a soberania é algo real e holístico, como tem pregado incansavelmente em vários fóruns pelo país o ex-chanceler Ernesto Araújo, pois, para ele, a soberania tem a ver com todo o ser humano e toda a sociedade, em todo o tempo e lugar.

Para o liberalismo, a soberania é algo formal, baseado em leis. Já, para o totalitarismo e o marxismo, o mais exato é não haver qualquer noção de soberania, negando, assim, a estrutura do próprio ser humano. O chamado globalismo, tal como tem se apresentado em discursos progressistas e em práticas políticas supranacionais, busca não apenas integrar economias, mas uniformizar valores e impor padrões de comportamento social, ambiental e até cultural. Sob esse prisma, a soberania deixa de ser um princípio fundamental das nações e dos povos e passa a ser tratada como um obstáculo à “gestão racional” do planeta. Isso se manifesta, por exemplo, na ideia de que decisões cruciais sobre energia, meio ambiente, saúde ou direitos devem ser tomadas em conselhos globais, fóruns multilaterais ou por corporações transnacionais, que não respondem diretamente a nenhum eleitorado nacional.

No caso da COP30, marcada para acontecer no Brasil, esse movimento se evidencia na pressão por agendas supranacionais que extrapolam a cooperação entre países e avançam sobre a autonomia das nações em definir suas políticas energéticas e de desenvolvimento. Sob o pretexto de enfrentar o aquecimento global, busca-se, muitas vezes, impor metas rígidas que podem sufocar a economia local, restringir o uso de recursos naturais e transferir poder decisório para organismos distantes, dominados por grandes potências e corporações invisíveis. A pauta climática, que, em si, poderia ser legítima se tratada com equilíbrio, acaba servindo como instrumento para centralizar o poder, enfraquecer estados soberanos e fortalecer elites globais.

Assim, ao contrário do que defende o conservadorismo — diálogo constante com a realidade concreta e respeito às tradições e à soberania dos povos —, o globalismo contemporâneo se aproxima da lógica totalitária: nega a autonomia das nações e, em última instância, nega também a estrutura do próprio ser humano, que é comunitário, histórico e enraizado em culturas específicas. O risco é que, em nome de uma “gestão planetária”, se implante uma forma disfarçada de governança mundial em que a liberdade e a autodeterminação dos povos sejam substituídas por diretrizes impessoais vindas de cima para baixo.

Nesse ponto, a grande questão é: como conciliar a necessidade de cooperação internacional para enfrentar problemas globais com a preservação da soberania real das nações, sem que os povos se tornem reféns de uma nova ordem tecnocrática e corporativa além-fronteiras. A perda da soberania é um desastre para os seres humanos. O conservadorismo, ao insistir em olhar a realidade como ela é, oferece uma resposta: só há legitimidade em qualquer ação global se ela nascer do reconhecimento e do fortalecimento das soberanias nacionais. Caso contrário, o que se terá é apenas mais uma roupagem sofisticada para o velho impulso totalitário de controlar a humanidade.

É preciso compreender que a soberania não é um detalhe protocolar do Estado, mas um fundamento da própria condição humana em sociedade. Retirá-la em nome de agendas universais é amputar a liberdade dos povos de decidirem seu destino. É reduzir a política a uma administração global centralizada, em que identidades, culturas e experiências históricas se dissolvem no anonimato de decisões corporativas

A frase que foi pronunciada:“Discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria!” (Ulysses Guimarães)

Circe Cunha e Mamfil – Coluna "Visto, lido e ouvido" - Ari Cunha - Imagem: amcham.com - Foto: agenciabrasil.ebc.com.br - Correio Braziliense


 


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