Jorge Messias ficou mais conhecido como "Bessias", quando a então presidente Dilma disse em conversa telefônica com Lula: "Seguinte, eu tô mandando o 'Bessias' junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?". Dilma se referia ao termo de posse de um ministério, que serviria de blindagem no caso da tentativa de prisão do ex-presidente à época.
Ou seja, Bessias era um despachante de confiança, basicamente isso. O tempo passou, o Lula foi preso e solto, e recolocado na cena do crime, como diria seu atual vice, Geraldo Alckmin. Já Dilma ganhou a presidência do banco dos Brics, e "Bessias" passou a comandar a AGU.
A Advocacia-Geral da União passou, então, a agir como advogacia-geral do Lula, transformada numa extensão do lulismo e ignorando suas funções. A AGU é a instituição responsável pela representação judicial e extrajudicial da União, além de prestar consultoria e assessoramento jurídico ao Poder Executivo. Suas funções incluem defender os interesses do país na Justiça, atuar em casos de dívida ativa e oferecer serviços ao cidadão, como o parcelamento de débitos. Está claro que Messias extrapolou e muito suas prerrogativas.
"Com Messias, Lula pretende aparelhar ainda mais o STF. E por ser jovem, Lula teria um 'despachante' seu por décadas atuando no Supremo. O grau de politização aumentaria ainda mais"
Agora Lula quer o "Bessias" no STF, na cadeira vaga por Barroso. Lembrando que ele disse, em campanha eleitoral, que não colocaria um amigo no Supremo, dando a entender que Bolsonaro tinha feito isso. Eis as duas indicações até agora: Zanin, seu advogado, e Flávio Dino, seu companheiro de longa jornada comunista.
Com Messias, Lula pretende aparelhar ainda mais o STF. E por ser jovem, Lula teria um "despachante" seu por décadas atuando no Supremo. O grau de politização aumentaria ainda mais. O país aguenta um STF ainda mais partidário, agindo para defender os interesses de um ex-condenado?
A oposição se mobiliza para tentar barrar a indicação na sabatina do Senado. Isso não acontece desde o final do século XIX, mas para tudo há uma primeira vez. O Centrão prefere Rodrigo Pacheco como indicado, e age nos bastidores para garantir o nome do ex-presidente do Senado, num gesto mais "pacificador" com o Congresso.
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Diante da alternativa, Pacheco se torna até uma escolha mais razoável, em que pese ter agido como cúmplice do STF ao impedir que todos os pedidos de impeachment de ministros chegassem ao plenário. O Brasil vai mal mesmo, muito mal. Quando torcemos por Pacheco para não termos um "Bessias" no STF é porque a coisa está realmente feia...