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Deputada do DF diz que dançou em plenário em 'respeito aos artistas'

Luzia de Paula (Rede) destinou R$ 1,1 milhão a shows locais de uma hora. Governo apura contratos; na terça, ela dançou ao som dos apoiadores.

A deputada distrital Luzia de Paula (Rede) afirmou, em nota divulgada nesta quarta-feira (18), que dançou em plenário na última terça (17) "em respeito aos artistas" que tocavam nas galerias da Câmara Legislativa. A música foi executada durante um ato de desagravo à parlamentar, que destinou R$ 1,1 milhão para shows em Ceilândia no fim do ano passado.

Na nota (leia íntegra abaixo), a parlamentar também diz que "determinou à administração de Ceilândia o encaminhamento dos processos referentes às emendas" para uma auditoria na Corregedoria do DF. A investigação, na verdade, foi determinada pelo próprio GDF no dia 11, após reportagem da TV Globo detalhar os contratos de até R$ 33 mil por shows de uma hora.

Luzia de Paula afirma que não responde a processo de investigação e diz que os parlamentares apenas apontam onde as emendas devem ser investidas. A execução do orçamento fica por conta do GDF e o valor dos cachês segue critérios da Secretaria de Cultura, segundo a distrital.

No dia 16, Luzia fez um pronunciamento defendendo as próprias emendas no plenário da Câmara Legislativa e foi apoiada por parlamentares de vários partidos. Segundo ela, a música e a dança em plenário aconteceram quando a sessão foi interrompida.

A parlamentar também rejeitou a comparação com atitude semelhante da ex-deputada Angela Guadagnin (PT-SP), que comemorou a absolvição de um colega de partido em 2006 na Câmara federal.

Shows
Entre os artistas contratados estão a banda Cairo e Leo (R$ 28 mil de cachê), o grupo The Fingers (R$ 27 mil) e o cantor Júlio César (R$ 33 mil). Todos eles se apresentaram durante 60 minutos, de acordo com os contratos. As emendas parlamentares são cotas usadas pelos distritais para realizar obras e investimentos nas "bases eleitorais".

Em nota à TV Globo, Luzia de Paula havia afirmado que também destinou emendas a obras, saúde e Defensoria Pública. Ela diz que a área de cultura é uma das mais carentes do DF e que tenta priorizar artistas locais. Os argumentos foram reafirmados na nota mais recente, publicada em uma rede social.

No orçamento deste ano, a deputada Luzia de Paula quer que R$ 2 milhões sejam usados em festas na região. O deputado Ricardo Vale (PT) destinou R$ 5,15 milhões, ainda não liberados. Ele não deu declarações à reportagem da TV Globo.

Outras emendas
As emendas "culturais" não foram as únicas de Luzia de Paula a causar polêmica no ano passado. A deputada também destinou R$ 98,8 mil para construir um estacionamento na frente do Centro Salesiano do Menor, na QNN 31.

A obra foi estendida até a fachada de uma creche, no lote vizinho, que foi fundada por Luzia e é administrada por uma de suas filhas. Segundo a deputada, não houve favorecimento.

“Primeiro a creche não é da minha família. A creche é uma obra sem fins lucrativo e que estatutariamente está muito claro. Obra sem fins lucrativos não é de ninguém, ela é do poder publico. [A verba] não favoreceu em momento algum a creche, e sim ao povo daquela cidade.”

Leia a íntegra da nota divulgada pela distrital: "A deputada Luzia de Paula vem a público esclarecer que:

1 - NÃO RESPONDE processo de investigação.
2 - Primando pela transparência, na quinta feira (11), a deputada determinou à administração de Ceilândia, o encaminhamento dos processos referente as emendas de sua autoria para uma auditoria na corregedoria do DF.
3 - A responsabilidade pela execução das emendas é do GDF. O valor dos caches segue critérios da secretaria de cultura. Sem ingerência de qualquer parlamentar.
4 - O valor divulgado para a cultura de Ceilândia é de emendas de vários parlamentares.
5 - A deputada destinou em 2015 mais de 80% de suas emendas para a saúde, educação, infraestrutura e defensoria pública do DF.
6 - Ontem (16), grupos culturais fizeram um manifesto em apoio à cultura, na galeria da CLDF. A maioria dos parlamentares se manifestou apoiando à cultura no DF.
7 - A sessão foi interrompida por 30 minutos. Neste período alguns parlamentares dançaram em respeito aos artistas.
8 - Em relação ao comparativo entre o vídeo gravado na CLDF e o gravado na Câmara Federal em 2006. São situações completamente diferentes. Na CLDF a sessão estava interrompida e com presença de movimentos culturais. Na Câmara Federal, estavam em sessão, sem movimentos culturais e o tema da sessão era o mensalão.

Brasília, 17 de fevereiro de 2016.
Deputada Luzia de Paula"


Fonte: Mateus Rodrigues - Do G1 DF

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