Com a apresentação, agora, do
relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de
Pensão, a sociedade e, principalmente, os beneficiários dos fundos de
previdência da Caixa Econômica Federal (Funcef), dos Correios (Postalis), do
Banco do Brasil (Previ) e da Petrobras (Petros) se deparam com o
monstruoso prejuízo da ordem de R$ 113,4 bilhões. É preciso notar que o valor
negativo poderá aumentar muito mais com o aprofundamento das investigações que
vem sendo feitas paralelamente pela Polícia Federal.
Ao contrário do que querem fazer crer os controladores desses fundos, o
deficit bilionário não decorre de simples operações de investimentos
malplanejadas, mas, sobretudo de gestões fraudulentas operacionalizadas com o
intuito premeditado de gerar prejuízos apenas para os cotistas. As 145 pessoas
envolvidas nos negócios nebulosos foram indiciadas, num esquema que os desvios
de recursos eram feitos em conluio com administradores de corretoras de
valores, por meio de compras superfaturadas de título no exterior.
Só em 2015, o rombo chegou a R$ 3 bilhões nesses fundos. A CPI pediu ao
Ministério Público que acione os 158 dirigentes e instituições privadas,
cobrando judicialmente o ressarcimento pelas altas perdas. Curioso nesse
escândalo é que, mais uma vez, os órgãos de fiscalização (Previc, Banco
Central) não detectaram a movimentação fabulosa de recursos. Novamente, ficou
comprovada a atuação dolosa de políticos e respectivos partidos na gestão
criminosa desses fundos, repetindo o que vem ocorrendo com as estatais, alvo de
outras investigações da Polícia Federal.
Com o aprofundamento das investigações feitas pelo Ministério Público,
estão sendo identificados diversos fatos que ligam o desfalque nos fundos de
pensão aos escândalos da Petrobras e das empreiteiras, inclusive, em operações
ligadas a onipresente construtora OAS e ao Bancoop, a cooperativa de habitação
que deu calote em mais de 3 mil pessoas e ligada a construção do edifício
Solaris no Guarujá, onde o ex-presidente Lula teria um tríplex.
Pelo andamento das investigações, pouco a pouco, vai se fechando cerco
ao gigantesco projeto de corrupção que dilapidou estatais, bancos públicos e
fundos de pensão nos últimos anos, sendo que os valores absolutos dessa rapina
monumental ainda estão longe do conhecimento da sociedade. O que se tem de
certeza, até o momento, é que os prejuízos deverão ser debitados
necessariamente na conta da população. Por enquanto, como sempre.
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A frase que foi pronunciada
“A democracia no Brasil nunca passou de um malentendido.”
(Sergio Buarque de Hollanda)
Por: Circe Cunha – Coluna “Visto,
lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog-Google