Por Ricardo Callado
Preso em abril na Operação Lava Jato, Gim Argello elencou 15 parlamentar
como suas testemunhas de defesa. O ex-senador é acusado de cobrar propinas para
evitar a convocação de empreiteiros nas CPIs das Petrobrás em 2014
São sendo sete deputados e oito senadores. Na lista há nomes do PSD,
PMDB, PT, PDT, PV, DEM, PSDB, PSB e PP. Isso mostra a desenvoltura de Gim no
Congresso Nacional. E como suas ligações políticas podem complicar muita gente.
Além disso, também listou como testemunha o ministro do Tribunal de
Contas da União, Vital do Rêgo, o ex-senador e ex-ministro dos Transportes no
governo Dilma Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP), o ex-senador Hugo Napoleão
(PSD-PI) e o diretor das comissões de inquérito do Senado, Dirceu Vieira
Machado.
Se Gim fizer a delação premiada, deve arrastar muita gente para a
Operação Lava Jato. O mundo político do Distrito Federal também teme que Gim
abra a boca. Uma delação, se não for seletiva, poderia passar uma borracha em
muitas carreiras políticas do FG.
Gim Argello inovou. É o primeiro réu da Lava Jato que chama praticamente
apenas políticos para sua defesa. O juiz federal Sérgio Moro vai avaliar a
lista de testemunhas e pode pedir explicações ao ex-senador sobre porque
escolheu os nomes. Na política, essa é uma das formas mais tradicionais de
mandar recados. É isso que Gim está fazendo
O partido com mais nomes é o PT. São quatro parlamentares. Depois vem
PSDB, com três e o PSD, com dois.
A partir daí, a defesa de Argello listou um político de cada partido
citado acima. Se destacam na lista nomes como o deputado Carlos Sampaio
(PSDB-SP), um dos mais ferrenhos opositores de Dilma E também coordenador
jurídico da campanha presidencial de Aécio Neves (PSDB) em 2014.
Também aparece o senador Humberto Costa (PT-PE), que virou líder do
governo Dilma no Senado após a prisão de Delcídio Amaral e o deputado e
ex-ministro das Cidades no governo Dilma Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Gim pede que a denúncia seja rejeitada. Alega que recebeu doações legais
e não propinas em troca de evitar a convocação de empreiteiros. Mas sua
situação não é tão simples assim.
O senador brasiliense certou repasse financeiro da OAS e a UTC. Parte da
quantia foi repassada via doações oficiais para os partidos da coligação de Gim
nas eleições de 2014 – formada por DEM, PR, PMN , PRTB e PTB.
O Ministério Público Federal não acusa nenhum dos partidos da coligação
de irregularidades. Os investigadores dizem que não há provas de que eles
tinham conhecimento de que o pagamento era decorrente dos crimes de Gim
Argello.
Parte da propina teria sido entregue ainda em dinheiro vivo para o ex-senador.
Inclui-se ai uma parcela em euros e outra parte ainda teria sido destinada como
doação de R$ 350 mil para a paróquia do padra Moacir.
Além do ex-senador e seu filho, são réus nesta ação o ex-presidente da
OAS, Léo Pinheiro, o presidente da UTC Ricardo Pessoa, um ex-assessor e um
ex-publicitário que teriam atuado como operadores dos pagamentos a Argello.
VEJA A LISTA COMPLETA DAS TESTEMUNHAS DE GIM ARGELLO:
· Senador
João Alberto Souza – PMDB-MA
· Senador
Sérgio Petecão – PSD-AC
· Senador
Humberto Costa – PT-PE
· Senador
Acir Gurgacz – PDT- RO
· Senador
Álvaro Dias – PV-PR
· Ex-senador
Antonio Carlos Rodrigues – PR-SP
· Deputado
Marco Maia – PT-RS
· Hugo
Napoleão, ex-ministro da Educação, ex-governador do Piaui e ex-senador que
tentou se eleger em 2014 deputado pelo PSD-PI, mas não foi eleito
· Deputado
Rodrigo Maia – DEM-RJ
· Deputado
Carlos Sampaio – PSDB-SP
· Senador
José Pimentel – PT-PI
· Senador
Flexa Ribeiro – PSDB-PA
· Senador
Paulo Paim – PT-RS
· Deputado
Antonio Imbassahy – PSDB-BA
· Deputado
Hugo Leal – PSB-RJ
· Deputado
Antonio Brito – PSD-BA
· Deputado
Aguinaldo Ribeiro – PP-PB
· Vital
do Rêgo – ministro do TCUDirceu Vieira Machado – diretor das comissões de
inquérito do Senado
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