Os irmão Alex e Camila têm diabetes: os pais, Alex
e Lucineide, criaram um grupo de apoio a famílias na mesma situação
As doenças crônicas não transmissíveis são a
principal causa de óbitos no DF. A população entre 30 e 69 anos é cada vez mais
acometida por males, como cânceres, diabetes, problemas cardiovasculares e
respiratórios. As crianças também têm adoecido mais
Problemas cardiovasculares, cânceres,
males respiratórios e diabetes são as doenças que mais mataram na última década
na capital federal. Levantamento da Secretaria de Saúde mostra que 55,1% dos
brasilienses morreram em 2014 vítimas de doenças crônicas não transmissíveis. A
faixa etária entre 30 e 69 anos é a que mais morre por essas enfermidades — o
que é considerado um quadro de mortalidade prematura. O dado não é apenas uma
estatística. É um alerta. Autoridades em saúde e especialistas são taxativos ao
dizer que a qualidade de vida na infância influencia diretamente o bem-estar
dos adultos. A notícia não é boa: a expectativa é que nos próximos 20 anos se
tenha uma população que adoece cada vez mais cedo por causa dos hábitos de
hoje.
"Estamos
pagando um preço de uma geração que não se preocupou com alimentação, atividade
física e estresse" (José Lima Oliveira, médico especialista em doenças
cardiovasculares)
A gravidade e o impacto das doenças
crônicas estão diretamente ligados a fatores de risco que são considerados
modificáveis e pautados pela urbanização e pelo estilo de vida adotado pela
população, como alimentação inadequada, falta de atividade física, tabagismo e
uso abusivo de álcool. O cenário é pessimista. No DF, 50,3% da população está
acima do peso — sendo 15,8% obesa; 9,7% fumantes; 70,7% não consumem frutas e
verduras suficientes para uma alimentação equilibrada; e 21% bebem álcool de
maneira abusiva, segundo dados da Secretaria de Saúde.
Desde 2008, a parcela entre 30 e 39
anos vem em escala ascendente por mortes de doenças crônicas. Em 2014, 6.627
pessoas morreram. Dessas, 46% pertenciam a essa parcela da população. “Estamos
vivendo uma transição epidemiológica. Há 30 anos, as pessoas morriam por
doenças infecciosas causadas por vírus e bactérias. Hoje, estamos morrendo por
padrões errôneos de vida. A má alimentação, o sedentarismo, o fumo e o
alcoolismo são fatores que trazem doenças a longo prazo”, explica Sarah Tinoco,
responsável pela Área Técnica de Doenças Não Transmissíveis (DCNT) da Secretaria
de Saúde.
Evitar o excesso de peso, controlar a
pressão a arterial e a glicemia — sobretudo na infância — são essenciais para
atenuar essa curva. “Somente em 2014, contabilizamos 214 mortes de pessoas
entre 30 e 39 anos por agravantes como hipertensão, diabetes e obesidade. Fica
o alerta para a mudança do padrão de vida das crianças que estão apresentado
doenças crônicas cada vez mais cedo. As pessoas que morreram entre 30 e 39
ficaram doentes com 15 ou 20 anos”, analisa Sarah.
Exposição precoce
José Lima Oliveira Júnior, especialista
em doenças cardiovasculares, salienta que, com o aumento progressivo da
expectativa de vida da população, é esperado que as pessoas vivam mais e com
melhor qualidade de vida. Entretanto, na última década, segundo o médico,
fatores fora da curva epidemiológica, como derrame, infarto com sequelas e
doenças renais estão acometendo as pessoas mais cedo. “Estamos pagando um preço
de uma geração que não se preocupou com alimentação, atividade física e
estresse. Se não começarmos a alterar esse padrão e melhorar a qualidade de
vida, vamos ter uma geração de pais enterrando os filhos”, pontua José Lima.
O médico critica a falta de ações para
promover a qualidade de vida. “O que temos são ações pontuais, que não ajudam
na criação do hábito precocemente. O essencial é doutrinar nossas crianças a
manterem práticas de alimentação e atividade física equilibradas”, reclama José
Lima Oliveira.
Alerta - Em 2014,-55,1% - dos brasilienses morreram vítimas de doenças crônicas não transmissíveis.
Alerta - Em 2014,-55,1% - dos brasilienses morreram vítimas de doenças crônicas não transmissíveis.
A parcela entre - 30 e 39 anos
- vem em escala ascendente por mortes de doenças crônicas. Problemas
cardiovasculares, cânceres, males respiratórios e diabetes são as doenças que
mais mataram em 10 anos no DF.
Para saber mais - Luta contra a obesidade infantil
Uma criança gorda em idade pré-escolar tem 30% de chances de virar um adulto obeso. O risco sobe para 50% caso ela entre na adolescência com quilos a mais. Segundo a Associação Brasileira de Pediatria, a obesidade infantil já atinge 15% das meninas e meninos brasileiros — índice preocupante, uma vez que já se aproxima do encontrado nos Estados Unidos, que é de 20%. Para reverter esse quadro, 24 grandes empresas no Brasil firmaram um compromisso de limitar a publicidade de alimentos e bebidas para menores de 12 anos nos meios de comunicação e nas escolas. O documento prevê apenas uma exceção para produtos que atendam a critérios nutricionais específicos e que recomendem o estímulo responsável do produto. Esse mesmo tipo de compromisso já foi adotado por empresas do setor alimentício em países da Europa, nos Estados Unidos, no Canadá e na Austrália.
Fonte: Otávio Augusto -Fotos: Hélio Montferre-Esp/C.B. D.A.Press – Correio Braziliense