Por Wellington Corsino
Na última assembleia promovida
pelo SINPOL-DF, no dia 8/8, o presidente do Sindicato, Rodrigo Fernandes
Franco, mais conhecido como Gaúcho, falou para os presentes que “os coronéis da
Polícia Militar do DF estão tentando jogar areia no nosso movimento”, como se
os coronéis da PMDF fossem o maior entrave para que a PCDF não conseguisse a
paridade com a Polícia Federal.
Prezado Gaúcho, permita-me chamá-lo assim. Em
momento algum a PMDF se constitui num entrave para que a Polícia Civil consiga
a paridade almejada, que, para seu conhecimento, nós, da PMDF, achamos mais que
justa. Em recente reunião de todas as associações da PMDF com o Deputado
Wellington Luiz, propusemos fazer nossas reinvindicações salarias de forma
conjunta com os sindicatos da PCDF. Achamos que unidos somos mais fortes e
aumentamos em muito nosso poder de pressão.
Sou parte de uma geração de oficiais da PMDF que
temos inúmeros amigos na Polícia Civil e sempre nos respeitamos e mantivemos um
alto grau de cooperação institucional e interação pessoal. Fiz parte do grupo
de lobby das Polícias Militares na Assembleia Nacional Constituinte (ANC) e
sugerimos uma união com o grupo de pressão dos Delegados naquela ANC, pois se
continuássemos desunidos não iríamos ter sucesso nas nossas postulações
institucionais. E essa união possibilitou o capítulo da segurança pública que
está, até hoje, vigente na Constituição Federal. Definimos nossas atribuições
institucionais de forma que, no final da prestação dos nossos serviços, a
sociedade fosse a principal beneficiária.
A redação final da Constituição
impôs uma ação complementar das duas instituições policiais. Da mesma forma que
achamos justas as pretensões salariais da Polícia Civil, temos o direito de ter
nossas pretensões e, nada mais justo, que as duas instituições tenham uma
política salarial igualitária. Que um Coronel tenha salário igual a um Delegado
Especial e que o Soldado tenha um salário igual a um Agente. O que essa
equivalência iria ser prejudicial à PCDF?
Se a PCDF e a PMDF são as duas Polícias do Distrito
Federal, não vejo por que um líder sindical destilar ódio entre as duas
instituições, pois além de ser um desserviço para a sociedade e para as
organizações policiais é algo que vai influir na qualidade dos serviços
oferecidos pelas duas instituições à cidadania. Temos que trabalharmos unidos,
com o mesmo foco, de forma sistêmica e em permanente colaboração para
agregarmos qualidade na segurança pública do Distrito Federal. Acho uma atitude
imprópria e sem propósito alguém achar que existe hierarquia entre as
instituições, que uma deve ganhar mais e a outra ganhar menos ou que uma possa
ser mais importante que outra. Isso seria uma completa insanidade. O trabalho
da Polícia Civil depende muito do nosso trabalho e vice versa.
Esse discurso de ódio e de
separação de classes está sendo banido da nossa politica e você quer
ressuscitá-lo justamente no seio das nossas instituições policiais? Ontem tive o prazer de ler o manifesto dos
Delegados e antigos Diretores Gerais da PCDF. Esse documento deve se constituir
num aprendizado para sua atuação sindical, Gaúcho.
A mensagem foi clara e forte,
porque tinha nexo lógico, nexo legal e institucional, além de ter uma elegância
própria para um operador da segurança pública. Por último, vou lhe deixar um
conselho, Gaúcho: mire-se nos exemplos de seus velhos camaradas, tais como o
Evaldo Carneiro, Milton Barbosa, Laerte Bessa, Paulo de Almeida, Cleber
Monteiro, José Fernandes, Ari Sardela, Celso Ferro, Flamarion, Mauro Cezar,
Cesinha (da gaita), Fábio Barcelos, Cavalheiro, Vieira, Sebastião, Ângelo Neto,
Teodoro, João Batista, Debora Menezes, Marta, Eurípedes, André Vargas, Onofre
Morais, Crisanto, Robson, Orlando lima Junior e Coutinho do IC e tantos outros
que construíram a PCDF e deixaram esse legado para vocês e para a cidadania.
Por favor, Gaúcho, não jogue isso
tudo no ralo para justificar insucessos ou quaisquer outras coisas. Vamos
esquecer esse discurso de ódio e de radicalismo. Vamos nos unir, pois unidos
seremos mais fortes para conseguirmos o que for melhor para as nossas
instituições e a segurança pública do Distrito Federal. O seu inimigo não somos
nós da PMDF, nem o nosso são vocês da PCDF. Os nossos verdadeiros antagonistas
são aqueles que infringem a lei e a ordem pública!
(*) Wellington Corsino do Nascimento – Cel RR PMDF - Presidente da ASSOR