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Alunos ainda sem transporte escolar

Iliomar e Mariene precisam se desdobrar para levar os filhos Thais e Daniel para a escola, em Planaltina.
Por Mara Puljiz - Correio Braziliense -21/02

O ano letivo começou há 15 dias, e cerca de 10 mil alunos de educação integral, incluindo os com deficiência e os que moram na área rural, estão sem transporte público escolar no DF. Enquanto isso, mais de 70 ônibus emplacados e com elevadores para cadeirantes estão parados há seis meses na antiga garagem da Sociedade de Transporte Coletivo de Brasília (TCB), no Setor de Garagens Norte. Os veículos custaram aproximadamente R$ 20 milhões e foram viabilizados por meio de uma parceria com o Programa Caminho da Escola, do governo federal. 

Atualmente, 31 escolas de 12 coordenações regionais de ensino aguardam o transporte. A previsão da Secretaria de Educação é que todos os veículos estejam rodando até o próximo dia 6 (leia reportagem ao lado). Ao todo, 106 ônibus foram adquiridos em agosto do ano passado e apenas 32 deles estão atendendo as regionais com projeto de educação integral. A pasta informou que os carros transportarão 10.360 alunos em diversas atividades ao longo da semana, de segunda a sexta-feira.

Os irmãos Thais, 16 anos, e Daniel de Sousa Rozendo, 12, estão entre os 38 estudantes do Centro de Ensino Fundamental Arapoanga, em Planaltina, que amargam dias de espera pela condução. Os dois têm uma doença rara chamada epidermólise bolhosa. A enfermidade atinge uma a cada um milhão de pessoas e afeta a epiderme. Por causa dela, Thais não anda. Daniel se move, mas com dificuldade. Eles não podem ficar muito tempo expostos ao sol porque a caminhada até o colégio poderia agravar o quadro de saúde. Sem contar o cansaço. 

Esforço
Para garantir a educação dos filhos, a dona de casa Mariene Soares, 39 anos, e o marido, Ilomar Alves Rozendo, 43, precisam se esforçar. Todos os dias, por volta das 6h, eles saem de casa, no Arapoanga, rumo à escola. A cadeira de rodas de Thais precisa ser colocada no carro. Ilomar abre o comércio no bairro após as 7h e fechar as portas por volta das 11h30, quando sai para buscar os filhos. “A gente já tem que batalhar muito. Se tivesse o transporte, a preocupação seria menor”, explica.

Quem também se desdobra para levar a filha ao colégio é a dona de casa Ana Maria Barbosa de Souza, 42 anos. Todos os dias, ela caminha 20 minutos com Rayssa Barbosa Cardoso, 17, ao lado. A menina tem Síndrome de Sturge-Weber, uma doença  neurológica rara. Apesar de ter direito ao transporte escolar, ela conta que nunca teve esse apoio. 

Há três anos, Rayssa está matriculada no Centro de Ensino Fundamental Arapoanga. “Minha filha não sobe e não desce escada porque tem deslocamento de joelho. A gente tem que andar no meio da rua mesmo porque ela não pode subir o meio-fio. Se para as crianças que não têm problema algum já é difícil, imagine para quem tem problema motor?” reclamou. 

Parceria
O programa foi criado em 2007 e prevê a renovação da frota de carros escolares para garantir a segurança dos estudantes. Tem como objetivo ainda reduzir a evasão escolar e fornecer um transporte de qualidade aos alunos matriculados na educação básica da rede pública de ensino. Os 106 ônibus para as escolas do DF foram adquiridos pelo governo federal em parceria com o GDF, por meio de um pregão eletrônico nº019/2012, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

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