As penas podem chegar a 51 anos de prisão
O procurador Deltan Dallagnol mostra organograma do
funcionamento do esquema. ...
O MPF (Ministério Público Federal) no Paraná
denunciou nesta quinta-feira (11) 35 suspeitos de participação no esquema de
corrupção na Petrobras. Eles foram denunciados pelos crimes de corrupção,
lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Dos 35 denunciados, 22 pertencem às empreiteiras
OAS, Camargo Corrêa, UTC Engenharia, Engevix, Mendes Júnior e Queiroz Galvão.
Além deles, foram denunciados Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento
da Petrobras, e o doleiro Alberto Youssef. Completam a lista outros suspeitos
de participarem das operações de lavagem de dinheiro, inclusive Enivaldo
Quadrado, que já foi condenado por lavagem de dinheiro no mensalão.
Após denúncia do MPF, entenda próximos passos da
operação Lava Jato
Segundo o procurador Deltan Dallagnol, os desvios
feitos pelos suspeitos em contratos fraudulentos só da diretoria de
abastecimento, objeto da denúncia de hoje, somam, até agora, cerca de R$ 300
milhões. O MPF, no entanto, pede que sejam ressarcidos R$ 1 bilhão, que é a
estimativa mínima do valor total que teria sido desviado nos contratos em todas
as áreas da Petrobras.
Para o procurador, além de criminosos de
"colarinho branco", é necessário punir empresa envolvidas em
corrupção, "Empresas corruptoras precisam ser punidas de modo firme para
que elas não cogitem corromper novamente", afirmou o procurador.
Ainda de acordo com Dallagnol, foram praticados 154
atos de corrupção e 105 atos de lavagem de dinheiro pelos 35 denunciados. O
procurador afirmou que essa é a primeira denúncia da Lava Jato, relacionada aos
crimes que teriam sido praticados na diretoria de abastecimento. Outras
denúncias, relacionadas a desvios em outras diretorias, devem ocorrer
futuramente.
Clube de empreiteiras e lavagem "moderna"
Empreiteiras organizaram-se em cartel, em um
"clube", que controlava as obras da diretoria de abastecimentos.
Segundo o MPF, as empresas sabiam quem iria vencer cada licitação. Entre as
práticas ilegais do cartel estavam a realização de contratos desnecessários ou
injustificados; a inclusão de aditivos contratuais com preços excessivos;
aceleração do processo de licitação e a revelação dos processos sigilosos. A
propina paga aos agentes corrompidos dentro da Petrobras variava entre 1% e 5%
de cada contrato fraudulento.
De acordo com os denunciantes, o dinheiro da
propina saía das empreiteiras para os doleiros, por meio de saques, entregas em
espécie, pagamentos no exterior, contratos fictícios com empresas de fachada ou
até por meio do pagamento de bens, como veículos. Após a lavagem, os valores
eram entregues para os beneficiários finais.
Dallagnol afirmou que os processos de lavagem de
dinheiro atingiram outro patamar, o que ele qualificou de "modernidade da
lavagem". "A lavagem não era feita por corruptores e corrompidos.
Envolvia profissionalização, internacionalidade e complexidade."
Veja a lista dos denunciados:
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras
Alberto Youssef, doleiro
José Humberto Cruvinel Resende
Agenor Franklin Magalhães Medeiros, diretor-presidente
da Área Internacional da Construtora OAS S.A
Carlos Eduardo Strauch Alberto, diretor técnico da
Engevix Engenharia S/A
João Ricardo Auler, presidente do Conselho de
Administração da Construções e Comércio Camargo Correa S.A
Eduardo Hermelino Leite, alcunha 'Leitoso', diretor
vice-presidente da Camargo Correa S.A.,
João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida
Sérgio Cunha Mendes, diretor vice-presidente
Executivo da Mendes Júnior Trading Engenharia S/A
Carlos Alberto Pereira da Costa, advogado de
Alberto Yousseff
Enivaldo Quadrado, doleiro
Rogério Cunha de Oliveira, diretor da Área de Óleo
e Gás (ANOG) da Mendes Júnior Trading e Engenharia
Angelo Alves Mendes, diretor vice-presidente da
Mendes Júnior Trading e Engenharia S.A
Alberto Elísio Vilaça Gomes
Antonio Carlos Fioravante Brasil Pierucinni
Mário Lúcio de Oliveira
Ricardo Ribeiro Pessoa, responsável pela UTC
Participações S.A.
João de Teive e Argollo
Sandra Raphael Guimarães
Marcio Andrade Bonilho
Jayme Alves de Oliveira Filho, o
"Careca", agente da Polícia Federal
Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro das
Cidades e deputado federal Mário Negromonte (PP-BA)
José Aldemário Pinheiro Filho, presidente da OAS
Mateus Coutinho de Sá Oliveira, OAS
José Ricardo Nogueira Breghirolli, funcionário da
Construtora OAS
Fernando Augusto Stremel Andrade, OAS
João Alberto Lazarri
Gerson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix
Engenharia S.A.
Newton Prado Junior, diretor técnico da Engevix
Engenharia S/A
Luiz Roberto Pereira, ex-diretor da Engevix
Engenharia S/A
Erton Medeiros Fonseca, diretor-presidente da
divisão de Engenharia Industrial da empresa Galvão Engenharia S.A.
Jean Alberto Luscher Castro
Dario de Queiroz Galvão Filho
Eduardo de Queiroz Galvão
Waldomiro de Oliveira
Outro lado
Executivos das empresas Engevix e da Queiroz Galvão
negaram, em depoimento na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba
no mês passado, a participação em um suposto cartel que superfaturava contratos
da Petrobras para pagamento de propina a parlamentares e partidos políticos.
A investigação da PF indica ainda que as contas
bancárias das empresas MO Consultoria e GFD Investimentos, controladas por
Youssef, receberam R$ 90 milhões entre 2009 e 2013 da Engevix e das
empreiteiras Mendes Júnior, Galvão Engenharia e OAS.
Apesar de negarem a existência do cartel, os
executivos da Engevix disseram ter tido contato com Youssef, que se apresentou
como "senhor Primo".Já o os executivos da OAS permaneceram calados
durante o depoimento.
Entenda o caso
A Operação Lava Jato investiga um esquema
bilionário de lavagem e desvio de dinheiro da Petrobras que envolvia diretores
da Petrobras e o doleiro Alberto Youssef.
A operação, que levou à prisão Youssef e o
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, recebeu o nome Lava Jato porque em
uma operação dinheiro do grupo foi lavado em uma rede de lavanderias e postos
de combustíveis. Curiosamente, o posto que deu origem às investigações fica no
Distrito Federal e não tem um lava-jato entre suas instalações. Segundo a
"Folha de S.Paulo", o posto pertence a Carlos Habib Chater, que
operava uma casa de câmbio no DF.
Para tentar reduzir uma futura pena, Youssef e
Costa realizaram delações premiadas --acordo entre o Ministério Público e o réu
que colabora com informações à Justiça para auxiliar nas investigações.
Segundo as revistas "Veja" e
"IstoÉ", Costa revelou o nome de vários parlamentares aliados ao
governo e governadores que teriam recebido propina para ajudar no fechamento de
contratos da Petrobras.
A relação dos citados pelo ex-diretor da Petrobras
incluem o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN); o presidente
do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL); o ex-governador do Rio Sérgio Cabral
(PMDB); e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto em agosto,
entre outros.
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Fonte: Portal UOL, em São Paulo. Foto: Geraldo Bubniak/ Estadão Conteúdo
- Blog do Edson Sombra 11/12/2014