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LUTA PELA IGUALDADE » Encontro entre gays e crenças

Algumas religiões são mais flexíveis quando o assunto é a sexualidade dos fiéis. O espiritismo e o candomblé são dois exemplos. Em comum, as doutrinas apontam o respeito mútuo como princípio para abordar a questão

Por: Bernardo Bittar - Correio Braziliense
Publicação: 02/12/2014 

Elias Montesuma, espírita, acredita que o fanatismo faz as pessoas ficarem doentes e cegas (Carlos Moura/CB/D.A Press)
Elias Montesuma, espírita, acredita que o fanatismo faz as pessoas ficarem doentes e cegas
Embora nenhuma crença seja explicitamente a favor de ter homossexuais entre os fiéis, algumas religiões praticadas no Brasil não colocam a questão como essencial. Conforme publicado ontem no Correio, existem fortes divergências entre as doutrinas mais conservadoras e os frequentadores gays. Na edição de ontem, foram abordados casos de católicos e evangélicos, que, juntos, representam 2,1 milhões de pessoas na capital federal. Mas existem segmentos religiosos com dogmas mais flexíveis e visões menos críticas sobre o assunto.

Um exemplo é o espiritismo. A doutrina não impõe a abstinência sexual entre pessoas do mesmo sexo. “Preferimos que nossos fiéis respeitem aos outros e a si mesmos”, diz o coordenador do grupo de estudos do evangelho e da família da Federação Espírita Brasileira (FEB), Marco Leite. Para ele, a aplicação do sexo, ante a luz do amor e da vida, é um assunto pertinente à consciência de cada um. “Assumimos como necessário levar informações que permitem a essas pessoas fazer uma reflexão sobre o tema. Devemos lembrar que todos estamos em processo evolutivo”, afirma.

Chico Xavier, um dos maiores médiuns brasileiros, falou a respeito do assunto: “Ao sermos criados por Deus, e enviados às diversas encarnações, temos aprendizados a realizar, que são próprios e indispensáveis ao nosso processo evolutivo, às vezes na situação de um homem, e em outras num corpo de mulher. Dessa forma, o corpo recebido, a família que nos abrigará, os talentos ou dificuldades que neste momento fizemos por merecer, integram este plano, regido pela justiça e bondade Divina”.

Força e fé

Filho de católicos, o analista de marketing Elias Montesuma, 32, passou a frequentar o espiritismo depois que o pai morreu, há 15 anos. Na doutrina, ele afirma ter encontrado as respostas do que procurava — e sempre foi muito bem aceito. “Nós estamos aqui para evoluir. Isso é o que o espiritismo acredita e é o que eu acredito. Não é porque eu tenho esse comportamento sexual que isso deve interferir na minha religião”, explica.

Os parentes evangélicos não simpatizaram com a orientação sexual de Elias, que buscou na fé o apoio para seguir em frente com as convicções sexuais. “O fanatismo torna as pessoas doentes e cegas. Meu irmão, que é evangélico, chegou a dizer que eu ia para o inferno”, lembra. Hoje, Elias é casado há quatro anos com outro homem e se vê no melhor dos mundos. “Eu tenho alguém que me compreende e uma religião que me acolhe. É tudo que preciso.”

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