Taxista que devolveu R$ 2 mil a passageiro que havia esquecido a quantia no veículo é parabenizado pelos colegas, que ficaram admirados com a atitude
Por: Paloma Suertegaray - Correio Braziliense
Publicação: 02/12/2014
Maurício Quirino diz que sempre devolve o que os passageiros esquecem |
Ao longo de 30 anos de profissão, o taxista brasiliense Maurício Quirino da Silva, 61, já precisou devolver vários pertences esquecidos por clientes dentro do carro. O que ele encontrou depois de uma das suas corridas no último fim de semana, no entanto, o pegou de surpresa. O passageiro deixou para atrás uma mochila preta com mais de US$ 2 mil — cerca de R$ 5 mil. Maurício não pensou duas vezes. Para dar um exemplo de honestidade, ele localizou o dono do dinheiro e devolveu o achado. Ontem pela manhã, Maurício recebeu congratulações por parte de um grupo de colegas de profissão que admiraram a atitude.
A história começou na noite da última sexta-feira. Maurício buscou o cliente no Aeroporto Internacional de Brasília e o deixou na Quadra 2 da Octogonal, em um condomínio residencial — a corrida custou cerca de R$ 40. A seguir, o motorista foi para a Rodoviária, onde pegou um grupo de passageiros e os deixou em uma boate. “Até então, eu não tinha visto a mochila, que estava embaixo do banco da frente. Algum dos jovens que levei poderiam facilmente tê-la roubado”, comenta Maurício.
A história começou na noite da última sexta-feira. Maurício buscou o cliente no Aeroporto Internacional de Brasília e o deixou na Quadra 2 da Octogonal, em um condomínio residencial — a corrida custou cerca de R$ 40. A seguir, o motorista foi para a Rodoviária, onde pegou um grupo de passageiros e os deixou em uma boate. “Até então, eu não tinha visto a mochila, que estava embaixo do banco da frente. Algum dos jovens que levei poderiam facilmente tê-la roubado”, comenta Maurício.
Depois da última corrida, o taxista foi para casa. No dia seguinte, recebeu uma ligação do dono da mochila. “Ele descobriu meu telefone de alguma forma. No entanto, quando me perguntou se eu tinha achado as coisas dele, eu disse que não, porque não tinha visto nada no carro”, conta o condutor do táxi. Após falar com o cliente, Maurício decidiu revistar o veículo mais uma vez para checar se encontrava algo.
“Acabei encontrando a mochila. Então, liguei para o dono várias vezes, mas ele não me atendia de jeito nenhum”, relata. Com o dinheiro, também estavam o passaporte e outros pertences do homem. Decidido a localizar o cliente, Maurício voltou para o condomínio da Octogonal, onde pediu informações para o porteiro. Pouco tempo depois, o dono do dinheiro desceu para recuperar os bens perdidos. “Ele foi um pouco frio, apenas disse obrigado e foi embora”, completa Maurício. O cliente preferiu não dar entrevista.
De acordo com o taxista, não é a primeira vez que encontra pertences esquecidos de clientes dentro do carro. “Sempre procuro devolver tudo”, garante. De acordo com a presidente do Sindicato dos Permissionários de Táxi e Motoristas Auxiliares do Distrito Federal (Sinpetaxi-DF), Maria do Bonfim Pereira, o órgão se preocupa em orientar os trabalhadores para que atuem de forma correta nesse tipo de situação. “Tem se tornado uma marca da categoria do DF e é um motivo de orgulho. Os taxistas procuram sempre ser bem educados e tratar os clientes com humanidade”, afirma.
Um caso parecido ao do taxista ficou bem conhecido, em 2004. O faxineiro Francisco Bazílio Cavalcante, na época com 54 anos, devolveu ao dono uma mala com US$ 10 mil, na época cerca de R$ 30 mil, que achou no banheiro do Aeroporto Internacional de Brasília. Francisco chegou a ser recebido pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o parabenizou pela honestidade.
Memória - Exemplo de honradez
A demonstração de honestidade de Maurício Quirino da Silva não é a primeira do tipo entre os taxistas do Distrito Federal. Durante a Copa do Mundo, em junho, os irmãos colombianos Andrés e Isabela Vargas, de 35 e 40 anos respectivamente, deram o azar de esquecer as malas dentro do táxi. Pouco tempo depois, o condutor do veículo voltou para devolver os pertences dos turistas. Os dois não esperavam tamanha honradez por parte do taxista. "Isso não é comum em nenhum país da América Latina!", comentou Andrés.