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Ana Dubeux: Teste de paciência

A essa altura do campeonato, o brasiliense deve estar se perguntando o que o fez merecedor de uma sina que parece não ter fim: a má administração pública. Seja por ladroagem, seja por incompetência. Fazer o mea culpa do voto é necessário, especialmente porque elegemos políticos de diferentes matizes ideológicos, discursos e bandeiras, na tentativa de acertar. Nenhum dos governantes pode se orgulhar de ter terminado o mandato com belos índices de aprovação. Alguns, no entanto, exageraram na dose.

A última gestão caprichou na despedida. Mais cedo ou mais tarde, terá de explicar aos tribunais a razão de um rombo colossal no caixa do GDF. Até lá, o ex-governador Agnelo Queiroz continuará a ser réu nos discursos do atual chefe do Executivo, Rodrigo Rollemberg, que pegou um tremendo abacaxi. Pressionado por servidores e pela população, que amarga aumento dos índices de violência e bate à porta dos hospitais sem conseguir atendimento, ele tem trabalhado até 18 horas por dia para dar respostas. Antecipou as medidas, falou francamente sobre o caos, extinguiu cargos, apresentou propostas aos servidores. Estes, no entanto, não aceitam justificativas.

Médicos, professores, terceirizados e tantos outros querem salário na conta, pagamento dos atrasados, garantia de direitos e condições de trabalho. O governador já sabe que tanto para os funcionários quanto para a população o discurso de responsabilizar a gestão anterior tem prazo de validade exíguo. Serve de explicação, mas não convence indefinidamente. Assim, Rollemberg precisará vencer essa etapa e encarar o desafio: qual será a mágica para rearrumar uma casa entregue em frangalhos em algumas áreas? Na verdade, não há muito segredo. Será forçoso superar dificuldades financeiras e políticas.

Por um lado, tem uma arrecadação de causar inveja a outros governantes, dispõe de um orçamento vultoso e conta com um repasse importante do governo federal. Precisa ir às ruas, deixar sua marca de prefeitão, manter a austeridade, fazer obras essenciais, dar atenção às prioridades da população. Enfim, mostrar a cara e deixar o passado no retrovisor. Por outro, precisa ajustar o relacionamento com o governo federal e com a Câmara Legislativa, além de nomear administradores de uma forma que não o desgaste com as principais lideranças políticas nem o deixe refém de grupos de oposição. 

Habilidoso e bem assessorado, Rollemberg talvez consiga colocar e manter a cidade nos eixos. Mas, no ano em que completa 55 anos, Brasília tem pressa, e o brasiliense está impaciente.

*Ana Dubeux - Editora-chefe do jornal Correio Braziliense,

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