Sou um repórter distraído, mas, mesmo assim, percebi que há
uma movimentação estranha na cidade. Na sexta-feira, tentei tomar um ônibus de
um ponto em frente à redação, no SIG, rumo à Asa Norte, e não consegui. Estava
tudo paralisado, com professores ocupando as pistas do Eixo Monumental, nos
dois sentidos, e um engarrafamento gigantesco. Os helicópteros sobrevoavam com
estardalhaço próximos às nossas cabeças. O trânsito foi desviado das rotas de
praxe.
Mesmo desatento, soube que o ex-governador protagonizou uma apoteose de irresponsabilidades nos últimos tempos: não pagou o 13º de profissionais da saúde e da educação, empurrou para o novo governo uma dívida de mais de R$ 3 bilhões, mentiu que havia saldado todos os débitos e ainda havia dinheiro no caixa. Enfim, instalou um caos nos serviços públicos.
Apesar de meio alheado, observei que a baixa partidarização dificulta a solução do impasse. O que custaria ao governo federal adiantar uma parcela do Fundo Constitucional do DF para estancar a crise? Nada, mas os donos do caixa responderam que feria a lei, a grana só pode ser liberada mês a mês. Feria bem menos do que a mudança de legislação que o governo federal impôs, recentemente, para fazer uma maquiagem escandalosa e conseguir a aprovação de suas contas. É o tal negócio: para os amigos, tudo; para os inimigos, a lei.
O novo governo pede bom senso ao pessoal da saúde e da educação, mas é difícil, pois falta sensatez aos gerentes dos bancos, que não perdoam dívidas e juros. Na minha leiga opinião, a saída para a crise é só uma: pagar. Se houvesse uma articulação política, seria possível convencer o governo federal a liberar os recursos do Fundo Constitucional.
Se mesmo distraído percebi tudo isso, como é que a maioria quase absoluta de Suas Excelências, os senadores e deputados federais, a bancada de Brasília, não se deram conta de que o DF vive uma das maiores crises de sua história? No entanto, até agora, a única iniciativa partiu do senador Cristovam Buarque e do deputado distrital Joe Valle, ambos do PDT, que deram entrada a uma representação, no Tribunal de Contas da União, pedindo ao órgão que determine ao Ministério da Fazenda a antecipação de, pelo menos, três parcelas do Fundo Constitucional do Distrito Federal.
Será que Suas Excelências gozam de férias no Caribe enquanto a cidade que representam explode? Não caberia a elas liderar um movimento de negociação política visando conseguir recursos com o governo federal para sanar a crise? Ou, para elas, quanto pior, melhor, e que se dane a população que depende de escolas e hospitais públicos? Onde está o senador mais votado do DF, e o que ele pretende fazer com os 57% dos votos recebidos? Oh, bancada de Brasília, onde estás que não respondes?
Mesmo desatento, soube que o ex-governador protagonizou uma apoteose de irresponsabilidades nos últimos tempos: não pagou o 13º de profissionais da saúde e da educação, empurrou para o novo governo uma dívida de mais de R$ 3 bilhões, mentiu que havia saldado todos os débitos e ainda havia dinheiro no caixa. Enfim, instalou um caos nos serviços públicos.
Apesar de meio alheado, observei que a baixa partidarização dificulta a solução do impasse. O que custaria ao governo federal adiantar uma parcela do Fundo Constitucional do DF para estancar a crise? Nada, mas os donos do caixa responderam que feria a lei, a grana só pode ser liberada mês a mês. Feria bem menos do que a mudança de legislação que o governo federal impôs, recentemente, para fazer uma maquiagem escandalosa e conseguir a aprovação de suas contas. É o tal negócio: para os amigos, tudo; para os inimigos, a lei.
O novo governo pede bom senso ao pessoal da saúde e da educação, mas é difícil, pois falta sensatez aos gerentes dos bancos, que não perdoam dívidas e juros. Na minha leiga opinião, a saída para a crise é só uma: pagar. Se houvesse uma articulação política, seria possível convencer o governo federal a liberar os recursos do Fundo Constitucional.
Se mesmo distraído percebi tudo isso, como é que a maioria quase absoluta de Suas Excelências, os senadores e deputados federais, a bancada de Brasília, não se deram conta de que o DF vive uma das maiores crises de sua história? No entanto, até agora, a única iniciativa partiu do senador Cristovam Buarque e do deputado distrital Joe Valle, ambos do PDT, que deram entrada a uma representação, no Tribunal de Contas da União, pedindo ao órgão que determine ao Ministério da Fazenda a antecipação de, pelo menos, três parcelas do Fundo Constitucional do Distrito Federal.
Será que Suas Excelências gozam de férias no Caribe enquanto a cidade que representam explode? Não caberia a elas liderar um movimento de negociação política visando conseguir recursos com o governo federal para sanar a crise? Ou, para elas, quanto pior, melhor, e que se dane a população que depende de escolas e hospitais públicos? Onde está o senador mais votado do DF, e o que ele pretende fazer com os 57% dos votos recebidos? Oh, bancada de Brasília, onde estás que não respondes?
Em que Miami, em que Caribe, em que SPA, em que
férias, em que selfie te escondes?
*Severino Francisco - Subeditor de Cultura e colunista do Correio Braziliense