Orgulho é algo que o brasiliense tem de sobra. Especialmente
de sua cidade. Não apenas dos palácios de Niemeyer, do traçado de Lucio Costa,
das obras de Athos Bulcão e de todos os monumentos e preciosidades da capital
que habitamos.
Há algo igualmente sublime: a construção que vai além de projetos, prédios e obras.
Estamos falando daquilo que a sociedade empreende no dia a dia e que se impõe pela importância: trata-se de cidadania. E o exemplo mais claro disso em Brasília é o uso da faixa de pedestres.
Na próxima
quarta-feira, a lei da faixa completa 18 anos como um símbolo do orgulho
brasiliense. Para celebrar a data, o Correio publica uma série de reportagens.
Ao longo de uma semana, a repórter Adriana Bernardes e o repórter fotográfico
Ronaldo de Oliveira apresentam todos os detalhes de uma lei que nos orgulha. A
história da faixa, que vem rebocada pelas campanhas contra as mortes no
trânsito, faz parte também da trajetória do Correio Braziliense, que encampou
uma duradoura luta para trazer civilidade ao trânsito da capital. Naquela
época, muitas pessoas foram às ruas pedir pela paz no asfalto. Hoje, publicamos
algumas fotos daquele período. Será que você se reconhece nelas?
Apesar de vários
problemas, das faixas apagadas e de alguns retrocessos pelo caminho, podemos
dizer que essa luta, que também é da sociedade de Brasília, foi vitoriosa. No
ano em que foi criada a lei da faixa, mais de oito centenas de vidas foram
destruídas no trânsito do Distrito Federal e, nessa época, havia pouco mais de
430 mil carros na capital. Hoje, o índice de acidentes com morte está dentro
dos padrões estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), que
considera aceitável três vítimas para cada 10 mil carros — os números do DF são
hoje 2,6 mortos/10 mil carros.
Mas ainda há um longo
caminho pela frente. A maioridade da faixa chega para nos lembrar que a
civilidade no trânsito deve ser uma bandeira eterna, porque os pedestres formam
o exército mais frágil nessa batalha. Não são poucas as famílias dilaceradas
por terem perdido um parente no trânsito. Faltam campanhas educativas, falta
manutenção das faixas, falta respeito tanto de pedestres quanto de motoristas.
No entanto, de forma geral, podemos dizer que o brasiliense cumpre a lei.
Todos
os jovens que hoje estão tirando sua carteira de motorista nasceram e cresceram
com a lei da faixa em vigor. Desde muito pequenos, aprenderam a estender as
mãozinhas antes de atravessar a rua e viram seus pais pararem na faixa para o
pedestre passar. É a geração da faixa de pedestres. Essa é uma conquista
inegável do brasiliense. Não podemos deixar nunca que ela se torne apenas uma
lembrança.
(Foto- Google)
*Ana Dubeux - Editora-chefe
do Correio Braziliense, - 29/03/2015