Acesso interno do Mané Garrincha: funcionários contarão com 40 salas no estádio construído para a Copa.
Estádio Nacional será a sede temporária de três secretarias
para evitar gastos com aluguel. Governo diz que poupará R$ 10,5 milhões aos
cofres públicos, mas sindicalista afirma que medida é política e que centro
administrativo deveria ser ocupado logo.
Para seguir com o projeto de corte de gastos, o GDF vai
transferir três secretarias para o Estádio Nacional Mané Garrincha. A medida,
que deve ocorrer até o fim do próximo mês, economizaria, em um ano, R$ 10,5
milhões aos cofres públicos. O dinheiro é referente ao aluguel do prédio que as
pastas ocupam. Críticos da iniciativa, no entanto, questionam o Executivo. Para
eles, a medida seria mais eficiente legalizar o mais rápido possível o novo
Centro Administrativo, em Taguatinga, que já está construído, e transferir
todos os setores para o local.
O estádio
dispõe de 40 salas para cerca de 400 funcionários das Secretarias de Estado de
Economia e Desenvolvimento Sustentável, de Desenvolvimento Humano e Social e do
Esporte e Lazer. As três pastas ocupam o Edifício Nazir I, na 509 Norte. A meta
do Executivo é economizar, cortando aluguéis, até R$ 24 milhões por ano. O GDF
é locatário de 95 imóveis e gasta, por ano, mais de R$ 60 milhões. Os espaços
que serão ocupados pelos funcionários públicos no estádio contam com
ar-condicionado central e internet, estruturas construídas por exigência da
Federação Internacional de Futebol (Fifa). A mudança para o novo local, no
entanto, acarretará em um gasto maior de energia e recursos do estádio.
Na visão
do presidente do Sindicato dos Servidores e Empregados da Administração Direta
(Sindiser-DF), André Luiz da Conceição, o governo tem dois “elefantes brancos”
nas mãos: o estádio e o novo centro. Para ele, mais que econômica, a medida foi
política e visa publicidade. “Temos um centro administrativo pronto. Eles
deveriam concluir o que falta e ocupá-lo. O estádio foi feito para grandes
eventos, não para comportar funcionários públicos. É uma iniciativa que visa
notoriedade”, critica.
A mudança
das pastas está a cargo da Secretaria de Gestão Administrativa e
Desburocratização (Segad), com apoio da Secretaria de Turismo, gerente do
estádio, e da Terracap, responsável pela construção. Secretário da Segad e à
frente de todo o processo, Antônio Paulo Vogel explica que o estádio possui
várias salas preparadas para receber empregados que ocupam “função de
escritório”. Além disso, ele ressalta que a mudança é temporária e o gasto em
relação ao investimento para manter as pastas no edifício da Asa Norte é muito
menor. “O estádio tem ar-condicionado central, ponto de telefonia, informática,
e somos nós que provemos a internet do local. A mudança é barata. Custará R$ 60
mil”, diz.
Ainda de
acordo com Vogel, não existe previsão para a regularização do centro
administrativo. “O habite-se está suspenso e não podemos nos mudar para lá. É
preciso que o Ministério Público do DF e Territórios, a Justiça, o governo e os
empreendedores estejam confortáveis. Trabalhamos em várias frentes para chegar
a isso. Mas não sabemos quando acontecerá. A despesa do estádio é uma medida
razoável enquanto não temos destinação final para o estádio e para o centro
administrativo”, explica.
Fonte: Luiz Calcagno – Correio Braziliense – 04/05/2014