Daniel Yergin é considerado um dos especialistas de maior
prestígio mundial na área de energia. Formado pela Universidade de Yale,
integra a Secretaria de Energia dos Estados Unidos. Recentemente, lançou o
livro A Busca, vencedor do Pulitzer, já com tradução brasileira. Na publicação,
demonstra que a questão energética é o motor de transformações políticas e
econômicas globais dos nossos tempos.
Uma
das questões é se haverá energia suficiente para suprir as necessidades do
mundo em crescimento acelerado, a que custo e com quais tecnologias? As crises
de energia na década de 1970 deram surgimento a energias renováveis e opções
aos combustíveis fósseis, entre elas eólica, solar, biomassa, geotérmica etc.
No
início do século 21, as energias renováveis respondem por cerca de 20% da
energia total, em todo o planeta. No início de 2010, a Agência Internacional de
Energia (AIE) estimava que as reservas do petróleo provadas do mundo eram de
1,5 trilhão de barris.
A
análise da AIE é que o estoque do petróleo de todo o planeta continua a
aumentar. A capacidade de produção mundial poderá crescer de 93 milhões de
barris/diários para perto de 110 milhões de barris por dia, até 2030. Haveria,
dessa forma, crescimento de aproximadamente 20%.
É
evidente que muitos riscos políticos e econômicos poderão ser enunciados,
capazes de obstacular a efetividade dessas previsões. Hoje, a maior fonte de
petróleo não convencional é o gás natural, que poderá superar 18 milhões de
barris por dia, nos próximos anos.
O
Brasil partiu para a exploração do petróleo existente no mar, no sentido de
encontrar o volume de óleo necessário para as suas atuais e futuras
necessidades, eis que importamos, atualmente, mais de 20% das nossas carências.
A
nação brasileira poderá se tornar uma das maiores produtoras de petróleo do
mundo, graças ao pré-sal, se não faltarem as adequadas políticas governamentais
e os fantásticos recursos financeiros indispensáveis. Jamais foi localizado
tanto petróleo no Brasil, como o existente, debaixo da camada do sal, inclusive
no México, alcançando perto de 5km, abaixo do leito do mar e em torno de 300km
do continente.
O
investimento no pré-sal é assombroso — estimado em US$ 500 bilhões ou muito
mais. Assevera Yergin que, no futuro, estatais de energia mundo afora, como a
Petrobras, terão de levar muito a sério o desafio da competitividade.
Os
árabes, possuidores de um quinto das reservas do mundo, continuam extraindo o
petróleo mais barato do globo, bem abaixo dos custos das demais regiões
produtoras. Ademais, com o aproveitamento do xisto betuminoso, na grande nação
americana, o preço do barril do petróleo caiu para menos de 50 dólares. No que
tange às questões ambientais, que envolvem a extração do xisto, elas deverão
ser solucionadas, como já determinou o presidente Barack Obama, ao criar a
comissão encarregada da regulamentação do combustível (xisto).
Na
reunião da Opep, no agonizar de 2014, os produtores árabes proclamaram que,
doravante, caberá ao mercado consumidor encontrar o ponto de equilíbrio. Em
face da manifestação dos árabes, os EUA poderão assumir a condição de norteador
dos preços. Daqui a duas décadas, consoante as previsões, 80% das necessidades
energéticas mundiais serão supridas, à semelhança dos dias presentes, com
petróleo, gás natural, xisto e carvão mineral, embora usados com maior
eficiência e racionalidade.
Os 20%
restantes integrarão um mix de energias renováveis oriundas do sol, dos ventos
e da biomassa, entre outras. No Brasil, hoje, 80% das necessidades energéticas
provêm dos reservatórios de água dos rios, enquanto a média mundial é de 16%.
Contudo, atravessamos período difícil, devido à ausência de adequado
planejamento e, desta forma, poderemos ter sucessivos apagões elétricos, com o
estrangulamento do indispensável desenvolvimento sustentado, nos próximos anos.
Por:Luiz Gonzaga Bertelli
Diretor
e conselheiro da Fiesp-Ciesp – Correio Braziliense