26.mar.2015 - A ex-presidente da Petrobras Graça Foster
depõe na CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). Foster já
foi ouvida na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito instalada por Câmara e
Senado em 2014. Relatório paralelo da oposição pediu o indiciamento da então
presidente da estatal e de outras 59 pessoas. Foster deixou o cargo em
fevereiro deste ano (Pedro Ladeira/Folhapress)
A
ex-presidente da Petrobras Maria das Graças Foster afirmou nesta quinta-feira
(26) que a estatal tomou ações preventivas para evitar a contratação de
empresas suspeitas de formação de cartel após a deflagração da Operação Lava
Jato.
"A operação Lava Jato levou a Petrobras
a determinadas situações preventivas em relação à contratação de empresas que
tivessem sido apontadas pelos órgãos de controle como parte de um cartel. Só
isso já impede atualmente que a Petrobras possa continuar contratando-as, mas
eu sei que o governo vem atuando fortemente para garantir esses 100 mil
empregos da indústria naval offshore, que nos custou muito para chegar ao nível
que nós chegamos", disse Graça em depoimento à CPI (Comissão Parlamentar
de Inquérito) que investiga a petrolífera.
Graça também disse que a operação Lava
Jato "está trazendo muito aprendizados" para Petrobras.
"Se evidencia também para a vossa
senhoria de que o esquema de corrupção se formou numa relação fora da empresa
Petrobras?", questionou o petista Luiz Sérgio, relator da CPI. "O
esquema de corrupção se formou fora da Petrobras", respondeu Graça Foster.
O ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli também defendeu essa tese em
depoimento à CPI na semana passada.
Esta é a quinta vez que Graça é ouvida no
Congresso Nacional para dar explicações sobre as suspeitas de irregularidades
na Petrobras. Mas é o primeiro depoimento dela fora da presidência da estatal,
pois Graça deixou o comando da empresa em fevereiro. Ela entrou na sala da CPI
escoltada por parlamentares petistas e três advogados.
A ex-presidente comentou brevemente a declaração do
ex-gerente Pedro Barusco que disse, em delação premiada, que começou a receber propina entre 1997 e
1998, época da gestão do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB) tenha ocorrido de maneira "isolada" sem
participações de outras pessoas. "Eu não consigo imaginar como pode ser
verdadeira a fala do Barusco de que ele sozinho recebia propina. Eu não consigo
entender isso de forma alguma", afirmou.
"Não foi a Petrobras que descobriu
corrupção na Petrobras", disse. "Entendo que o descobridor foi a
Polícia Federal, foi o Ministério Público Federal, que descobriram [o esquema],
a ser confirmado o cartel e tudo posto na mídia. O grande descobridor foi a Polícia
Federal", afirmou Graça. Em depoimentos anteriores, a executiva havia dito
que não foram detectadas irregularidades em auditorias internas da petrolífera.
"A operação Lava Jato atrasa nosso
balanço, isso dificulta o acesso ao mercado financeiro. Mas em 2014, a equipe
Petrobras bateu recorde de produção de óleo, gás, refino, geração de energia
elétrica. [..] Além das dificuldades que nós passamos e continuamos passando. O
potencial é grande e vamos superar", afirmou a executiva.
Inicialmente, o relator da CPI, deputado Luiz
Sérgio (PT-RJ), fez perguntas sobre aspectos técnicos da Petrobras, o que gerou
críticas dos deputados que querem questionamentos sobre as irregularidades.
Nas ocasiões anteriores, a executiva isentou a
presidente Dilma Rousseff de responsabilidade nos desvios da empresa. A
presidente comandou o Conselho de Administração da Petrobras entre 2003 e 2010.
Na época, Graça também criticou a compra da
Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pois, segundo ela, o negócio seria
apenas "potencialmente bom". Ela disse
ainda que podem ser recuperados total ou parcialmente os prejuízos causados
pela compra. Para a oposição, seus depoimentos não trouxeram novidades para as
investigações dos parlamentares.
"Eu entrei aqui nas
outras CPIs, em audiências, com muito mais coragem do que entro hoje aqui.
Poderiam ter toda as suspeitas mas não tinha os fatos que estão aí pra serem
apurados, evidentemente. eu tenho realmente um constrangimento muito grande por
tudo isso, de olhar pra vocês", declarou hoje.
Fonte: Bruna Borges
Do UOL, em Brasília
Do UOL, em Brasília