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Caos no trânsito se paga com vida


Um dos grandes problemas das metrópoles brasileiras, a mobilidade desafia governos e mobiliza populações. Avesso a planejamento, o país não se preparou para a rápida urbanização, que se acelerou na segunda metade do século passado. O resultado não poderia ser outro: caos no trânsito. Sem contar com transporte público apto a satisfazer a necessidade de ir e vir, o cidadão é obrigado a recorrer ao veículo particular.

Cria-se, então, o triste espetáculo que caracteriza as nações subdesenvolvidas. Quilômetros de congestionamentos, falta de espaço para estacionar, atrasos em compromissos, aumento de estresse são fatores que contribuem para tornar as cidades inseguras e pouco amigáveis. Morre-se no asfalto brasileiro mais que na guerra da Síria. Pior: a perda de vidas se deve mais a falhas humanas que a causas mecânicas.

A tragédia se agrava com a falta de educação do motorista. Colisões frontais, os mais frequentes nas estradas, são fruto de ultrapassagens imprudentes. Falar ao celular, por si só ato altamente perigoso, convive com a digitação de mensagens, que põe em risco a vida de pedestres, do próprio condutor e de outros integrantes do sistema de trânsito. Dirigir embriagado é tristemente corriqueiro.

Motoristas alcoolizados, confiantes na impunidade e na certeza de que comigo não acontece, invadem calçadas, ultrapassam a velocidade, desrespeitam a faixa de pedestre. No Distrito Federal, a vítima mais recente é um ciclista. A construção de ciclovias, depois de longa batalha para a conquista de mais uma forma de locomoção, longe está de significar segurança e de atender a demanda condizente com uma opção a mais de modal de transporte. 

Algo está errado. Não se trata de leis. O Código de Trânsito Brasileiro tem princípio claro. O mais forte protege o mais fraco. Quem anda sobre rodas cuida do pedestre. O que se vê nas ruas, avenidas e estradas, porém, é prova de que a letra não é suficiente. Precisa-se avançar. Uma das medidas que se impõem é a sincronia dos sinais. A onda verde, ao melhorar a fluidez do trânsito, concentra a atenção e reduz o estresse do condutor. Outras iniciativas bem-vindas são o aperfeiçoamento da iluminação e o reestudo da localização dos semáforos. O transporte público de qualidade é urgência inadiável.

A qualidade do motorista tem de melhorar. No Brasil, é fácil (muito fácil) tirar a carteira de habilitação. Conhecimento — teórico e prático — mais aprofundado conscientiza o jovem da arma que terá nas mãos. Campanhas educativas inteligentes e voltadas para o público certo (identificado por pesquisas) contribuem para estabelecer “contato” entre as partes envolvidas no asfalto. Cada um cuida de si e todos cuidam de todos. Irresponsabilidades, vale frisar, se pagam com vida. E vida não custa barato.

Fonte: Visão do Correio Braziliense 

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