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DF: LEGISLATIVO » De olho no eleitorado

Os parlamentares do DF que tomaram posse este ano se dedicaram prioritariamente a agradar os segmentos que os elegeram. Especialista elogia coerência na ação, mas critica a falta de posicionamento sobre grandes temas

Os três primeiros meses de atuação da bancada do Distrito Federal no Congresso Nacional foram marcados pela busca dos parlamentares em agradar ao eleitorado. Os projetos de lei apresentados quase sempre se relacionaram com as demandas do público que os elegeu. Isso mostra uma tentativa de fidelizar quem vota, mais do que representar os interesses da unidade da Federação.

É o caso, por exemplo, do deputado federal Larte Bessa (PR). Eleito com o apoio da Polícia Civil, corporação na qual fez carreira política, os projetos de lei apresentados pelo parlamentar estão quase todos relacionados à proteção do servidor da área da segurança pública. Uma das propostas prevê que os homicídios de funcionários do setor sejam qualificados como hediondos. Outro estabelece punições para a denúncia caluniosa contra agente público.

Alberto Fraga (DEM) também está focado em questões relacionadas à segurança pública, assunto que o ajudou a ser eleito como o mais votado nas eleições de 2014. Como um dos mais atuantes da bancada da bala, Fraga preocupa-se em ampliar o porte de armas para diversas categorias, como fiscais do Ibama e do Trabalho e oficiais de Justiça. Além disso, tem vários projetos para mudar a lei de execução penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente, como a diminuição da maioridade penal, mudanças na progressão do regime de penas e a extinção da saída temporária de presos. Há também projetos curiosos, como o que obriga as agências de modelo a manterem os atestados de saúde das profissionais contratadas nos arquivos.

Érika Kokay (PT) também é do estilo fiel ao eleitorado. Participa de várias comissões relacionadas a direitos das minorias, em especial, à questão homoafetiva. Dos projetos apresentados desde o início do ano, o destaque é para o acréscimo das férias de empregados de empresas terceirizadas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Augusto Carvalho (PSD) ainda não apresentou nenhum projeto, mas pediu o rearquivamento de propostas que ele tinha apresentado na Casa, como o que dispensa o beneficiário do seguro-desemprego do pagamento das prestações do imóvel residencial adquirido por meio do Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

Entre os parlamentares da bancada do DF, há os que ainda não apresentaram nenhum projeto de lei, como o deputado Rôney Nemer. Preocupado com a condenação em segunda instância por improbidade administrativa, por causa da Operação Caixa de Pandora, em 2010, Nemer pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa e perder o mandato como parlamentar.

Entorno

Para ajudar os colegas de partido que estão no governo de Rodrigo Rollemberg (PSB), Rogério Rosso (PSD) propôs, por exemplo, projeto pedindo a inclusão de mais 11 municípios à Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride). São cidades como Alto Paraíso (GO), Niquelândia (GO) e Cabeceira Grande (MG). Atualmente, 19 municípios compõem a Ride. 

Em relação aos gastos da cota parlamentar, os deputados da bancada do DF têm perfis diferentes. Os que já estavam na Casa, como é o caso de Érika Kokay, Izalci Lucas (PSDB) e Ronaldo Fonseca (PROS), têm despesas de janeiro, que os demais não possuem. Mesmo assim, as diferenças são grandes. Nemer, por exemplo, gastou R$ 4.783,38 durante os três meses de mandato, principalmente com combustível e telefone. Já Izalci Lucas usou R$ 81.332,45, sendo que os gastos mais volumosos são com manutenção de escritório de advocacia e consultorias, pesquisas e trabalhos técnicos. Quanto às faltas, os deputados do DF têm comparecido ao plenário e às comissões, mas há os mais ausentes, como Augusto Carvalho. Ele participou de 79,2% das sessões — tem cinco ausências, sendo três justificadas e duas não. Já Izalci esteve presente em 100% das sessões no plenário e nas comissões.

O professor e cientista político Everaldo Moraes classifica como coerente o comportamento dos parlamentares que pautam as atuações no cumprimento de promessas de campanha. Mas lembra que esses deputados e senadores não representam apenas seus eleitores, mas todos os cidadãos do Distrito Federal. “O mínimo que se deve exigir deles é que cumpram promessas e que tenham lealdade e coerência com o que pregaram na eleição. Mas é preciso também saber como eles se posicionam com relação a grandes temas que afetam diretamente os brasilienses. Senão, o debate fica muito restrito”, comenta o especialista.


No Senado 


Cristovam Buarque (PDT) » Projetos apresentados em 2015: 11 » Pronunciamentos: 8 » Gastos com verba indenizatória 0


Hélio José (PSD) » Projetos apresentados em 2015: 0 » Pronunciamentos: 4 » Gastos com verba indenizatória: R$ 50


Reguffe (PDT) » Projetos apresentados em 2015: 20 » Pronunciamentos: 8 » Gastos com verba indenizatória: 0

Na Câmara dos Deputados


Alberto Fraga (DEM-DF) Gastos com verba indenizatória: R$ 30.576,42 Pronunciamentos: 27 Projetos de lei apresentados: 33


Rogério Rosso (PSD-DF) Gastos com verba indenizatória: R$ 10.116,89 Pronunciamentos: 18 Projetos de lei apresentados: 2


Érika Kokay (PT-DF) Gastos com verba indenizatória: R$ 48.151,39 Pronunciamentos: 25 Projetos de lei apresentados: 5


Ronaldo Fonseca (PROS-DF) Gastos com verba indenizatória: R$ 14.964,83 Pronunciamentos: 3 Projetos de lei apresentados: 4


Rôney Nemer (PMDB-DF) Gastos com verba indenizatória: R$ 4.783,38 Pronunciamentos: 0 Projetos de lei apresentados: 0


Izalci Lucas (PSDB-DF) Gastos com verba indenizatória: R$ 81.332,45 Pronunciamentos: 37 Projetos de lei apresentados: 3


Augusto Carvalho (PSD-DF) Gastos com verba indenizatória: R$ 17.771,95 Pronunciamentos: 7 Projetos de lei apresentados: 0


Laerte Bessa (PR) Gastos com verba indenizatória: R$ 28.765,09 Pronunciamentos: 6 Projetos de lei apresentados: 5

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No Senado - Novatos e um veterano


No Senado, a bancada do DF também está focada em manter os discursos e enfoques da campanha eleitoral. O senador Reguffe, eleito para o primeiro mandato na Casa, com 826 mil votos, fez questão de anunciar o cumprimento de compromissos da eleição assim que assumiu o posto. Ele abriu mão da verba indenizatória e enxugou o gabinete, o que implicará em uma economia de R$ 16,7 milhões ao longo do mandato. O pedetista é titular das comissões de Assuntos Econômicos e de Meio Ambiente, e de Defesa do Consumidor e Fiscalização.


O parlamentar apresentou 20 ideias, sendo oito propostas de emenda à Constituição. A maioria delas é voltada a temas da reforma política. Entre as PECs, estão a que acaba com o voto obrigatório e institui o voto facultativo e a que estabelece a possibilidade de uma única reeleição para cargos eletivos e proíbe a reeleição do presidente da República. Ele também propôs a exigência da renúncia de deputados, senadores e vereadores para tomar posse em cargos no Executivo. 

O senador Hélio José (PSD), que era suplente e tomou posse com a renúncia de Rodrigo Rollemberg, é novato no cargo e, desde que assumiu, participou de quatro votações. Também fez quatro discursos em plenário, um deles sobre a necessidade de fomento ao uso de fontes renováveis de energia, mas não apresentou nenhum projeto de lei. O senador do PSD, entretanto, foi designado relator de três projetos que já tramitavam na Casa. Um deles institui o ano da Ucrânia no Brasil. Hélio José é titular das comissões de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática, de Direitos Humanos, de Serviços de Infraestrutura, e da Comissão Senado do Futuro. Desde o início do ano, a única despesa com verba indenizatória foi uma nota de R$ 50 para transporte.

Críticas
Já Cristovam Buarque (PDT), o veterano da bancada do DF, este ano; apresentou 11 projetos e requerimentos. Um deles altera a legislação para proibir qualquer espécie de propaganda eleitoral paga ou gratuita no rádio e na televisão. Outro institui no país a Política Nacional de Bibliotecas. O parlamentar do PDT também apresentou à Mesa Diretora do Senado um requerimento para a realização de uma sessão especial em novembro de 2015 para homenagear o médico ortopedista Aloysio Campos da Paz Júnior, fundador da Rede Sarah de hospitais. 

A linha política de Cristovam neste mandato fica mais clara com a análise de seus discursos em plenário. Na maioria das vezes em que subiu à tribuna ou fez apartes, o senador do DF teceu duras críticas ao governo federal, seja sobre como lidar com a crise no país, seja no discurso contra o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele também defendeu a rejeição do veto ao projeto que corrige os limites da tabela do Imposto de Renda.



Fonte: Flávia Maia – Helena Mader – Correio Braziliense – 07/04/2015

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