Por: Carlos Chagas
Está
aberta a bolsa de apostas: entre Joaquim Levy e Michel Temer, qual será o
primeiro a sair? Não porque a presidente Dilma se arrependa de haver-se
transformado em neoliberal e decida fechar o saco de maldades econômicas. Muito
menos por ter ela percebido que o PMDB pretende ocupar todos os espaços de
poder no país. Acomodou-se com essas duas evidências por perceber não serem
permanentes.
Será
por razões menos prosaicas que Madame se livrará do ministro da Fazenda e do
coordenador político: é porque não aguenta o sucesso alheio. Não admite
auxiliares capazes de dar certo. Só ela conhece todas as verdades. Logo
encontrará um pretexto econômico ou político para estrilar com um dos dois,
mantendo seu estilo grosseiro e mal educado de tratar com as pessoas. Como um
dispõe de passaporte carimbado para voltar ao Bradesco, e outro mandato
garantido para isolar-se no palácio do Jaburu, será mera questão de tempo
imaginar quem desembarcará primeiro.
A vida
tem dessas coisas, mais ou menos como na história do sapo e do escorpião. Este
pediu para aquele levá-lo nas costas até a outra margem do rio, jurando que não
iria picá-lo. Mas foi o que fez, em meio à correnteza. Prestes a se afogarem,
explicou: “Não pude me conter. Eu sou assim mesmo…”
Pois
é. Está na natureza da presidente ser assim. Imperial, absoluta e
intransigente, não demora a censurar suas duas mais recentes tábuas de
salvação. Com o próprio Lula ela já armou barracos consideráveis, ainda que
continue pedindo seus conselhos, mesmo para desconsiderá-los. Como o primeiro
companheiro dispõe de paciência olímpica, nenhuma subordinação e planos para o
futuro, conseguem seguir adiante. Até quando?
OFERTA DE GATOS
Montes
de e-mails tem chegado ao gabinete do presidente da Câmara oferecendo todo tipo
de gatos, dos felpudos aos sem bigode. O problema, para Eduardo Cunha, está em
onde acomodá-los. Na sala da CPI da Petrobrás, nas comissões técnicas ou no
plenário? Maldade, mesmo, foi demitir o funcionário que soltou os ratinhos na
CPI pouco antes do depoimento de João Vaccari. Afinal, nenhuma deputada subiu
na mesa ou teve ataque de nervos.
PERSPECTIVA DE FRACASSO
Bola
de cristal pouca gente tem, mas para os órgãos de segurança vão fracassar as
manifestações contra o governo Dilma, marcadas para amanhã. Os protestos deverão
ser menores do que os anteriores, semanas atrás. Não pela falta de motivos, é
claro, mas por conta de a população preocupar-se com outros problemas, a
começar pelo crescimento do desemprego. Passou o tempo em que os desempregados
iam para a rua. Agora, preferem dedicar o domingo à leitura dos classificados,
nos jornais.