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Ele disse que chegava lá


Ao entregar nas mãos do vice-presidente Michel Temer a articulação política do governo, a presidente Dilma Rousseff repassou ao PMDB as ferramentas para ditar o ritmo do governo até dezembro de 2018. Pior. Assegurou a própria manutenção no cargo, mas distanciou-se de qualquer decisão sobre quem ocupará o principal cargo depois que ela encerrar a passagem pelo Palácio do Planalto. O PMDB conseguiu o que queria. Dar as cartas, sem o ônus do desgaste que o principal cargo político do país pode impor ao seu ocupante.

O PMDB já comanda as duas Casas do Legislativo: Renan Calheiros, no Senado, e Eduardo Cunha, na Câmara. Agora, eles negociarão a pauta legislativa, política e econômica, com o presidente da legenda, Michel Temer. PT para que? A legenda e a presidente Dilma garantiram os dedos, mas repassaram os anéis aos peemedebistas. Depois de ter instaurado o parlamentarismo branco, o PMDB criou a presidência virtual. Soluções e desatamento de nós? Mérito para a legenda. Crises? Bata no guichê dos petistas, são eles os responsáveis pelo que aí está.

Até mesmo internamente, o PMDB tornou-se mestre na dissimulação. 

Eduardo Cunha, em entrevista a um jornal popular em pleno carnaval, lançou o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes, como candidato ao Planalto em 2018. Paes, que em entrevista a outro periódico admitiu fazer campanha diariamente, acrescentou que é candidato Governador do Rio.

Cunha ficou triste? Não. Pelo contrário. Implantou um programa de Câmara itinerante, rodando o país para debater os temas em pauta na Casa que preside. Bom para democracia? Pode ser. Mas muito melhor para ele, que vai ampliando a divulgação do próprio nome.

Especialmente quando é recebido com beijaços gays de protestos. Cunha adora confrontar e, quanto mais adverso o público, mas ele se sente confortável.

Dilma ainda torce pelo ajuste fiscal para ter um fim de mandato tranquilo. 

Temer garantiu fidelidade da base à proposta, que será votada nos plenários presididos por Renan e Cunha. Esse é o PMDB. Como diria Chico Buarque: Desde o começo eu não disse, seu moço! Ele disse que chegava lá.



Fonte: Paulo de Tarso Lyra – Correio Braziliense – 10/04/2015

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