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Em 2014, Galeano disse não se sentir mais ligado a seu principal livro

O escritor uruguaio Eduardo Galeano durante entrevista na Bienal do Livro de Brasília, em 2014 (Foto: Oswaldo Reis /II Bienal Brasil do Livro e da Leitura/Divulgação)

'Ao longo do tempo percebi que a realidade é muito mais complexa', disse. Escritor uruguaio morreu nesta segunda em decorrência de um câncer


Em sua última passagem pelo Brasil, em abril de 2014, o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano – que morreu nesta segunda-feira (13) – disse que não se sentia mais tão ligado a seu principal livro, “As veias abertas da América Latina”. A declaração foi dada na 2ª Bienal do Livro de Brasília, onde ele foi um dos homenageados.

“Quando eu o escrevi, eu achava que ele era um livro de economia política, mas hoje em dia eu não considero mais um livro de economia política. Eu não seria capaz de ler de novo o livro. O meu físico não suportaria. Hoje eu encontro outras formas de me aproximar da realidade humana”, disse na época.

"Depois de tantos anos, eu não me sinto ligado ao livro como antes. (...) A realidade que eu via quando eu escrevi esse livro era muito simplória. Ao longo do tempo eu percebi que a realidade é muito mais complexa"
Eduardo Galeano, em abril de 2014

O autor escreveu a obra quando tinha 18 anos. O livro traça a história da colonização e exploração do continente pelos europeus. “Depois de tantos anos, eu não me sinto ligado ao livro como antes. (...) A realidade que eu via quando eu escrevi esse livro era muito simplória. Ao longo do tempo eu percebi que a realidade é muito mais complexa.”

Na Bienal, o uruguaio lembrou que o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez deu um exemplar em espanhol do livro para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. “Nem o Chávez, nem o Obama entenderam o livro. Mas com certeza o Chávez entregou o livro com a melhor das intenções. Foi um gesto generoso, mas um pouco cruel, pois Obama não sabe ler nossa língua”, afirmou o escritor na época.

O uruguaio defendeu ainda a esquerda política no continente. “Por muitas vezes ela deu certo e por isso ela foi demolida e castigada pelas ditaduras militares, por sacrifícios humanos, crimes horrorosos cometidos em nome da democracia e da paz social. As coisas são sempre mais complexas do que parecem ser”, ponderou na entrevista.

Na bienal, ele ainda falou de sua atividade como escritor. “Minha única missão é ser escritor e espelhar o que é esperança, a razão, a sem-razão desse mundo louco e que ninguém sabe aonde vai dar”.

Política e futebol

Em sua passagem pela capital, Galeano foi questionado sobre as manifestações de junho de 2013, quando manifestantes ocuparam a Esplanada dos Ministérios, invadiram e depredaram o prédio do Itamaraty e entraram em confronto com a polícia na primeira grande onda de protestos contra a corrupção no país.

“Os sistemas são muito delicados, não é possível se posicionar tão facilmente”, afirmou Galeano. Fã de futebol, ele traçou um paralelo entre as duas atividades. “A política e o futebol estão cheios de ‘mentirólogos’ e ideólogos de plantão que têm a tendência de negar a liberdade e impor regras para tudo”, disse o escritor sobre as manifestações.


Fonte: Do G1 DF

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