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MANIFESTAÇÕES » Ato no DF pede impeachment

As seis faixas do Eixo Monumental foram ocupadas por manifestantes no sentido Rodoviária-Congresso: protesto pacífico organizado via internet

Cerca de 25 mil pessoas, segundo a PM, reuniram-se na Esplanada para protestar contra a presidente e a corrupção, entre outras demandas. Número de participantes foi menor do que na mobilização de março

Manifestantes se reuniram na Esplanada dos Ministério para protestar contra a corrupção no país e pedir a saída da presidente Dilma Rousseff. O ato em Brasília durou pouco mais de três horas: começou por volta das 9h30 e reuniu cerca de 25 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar. O número é metade da multidão que saiu às ruas na capital em 15 de março. Os organizadores do movimento, contudo, estimam que 40 mil pessoas estavam no momento de maior concentração, por volta das 12h. O clima foi pacífico, e a segurança, feita por 2,5 mil policiais, registrou apenas duas prisões. 

Alaf usou um barril com a imagem do tesoureiro do PT: "Indignação

Os ativistas gritaram palavras de ordem direcionadas, principalmente, à presidente e ao PT. Alguns manifestantes usaram adesivos com a frase “a culpa é das estrelas”, em referência ao símbolo do partido. Outras legendas, como PP e PMDB, envolvidas na Operação Lava-Jato, que investiga desvios na Petrobras, também foram citadas pelos manifestantes. O emplacador Alaf Rodrigues, 21 anos, levou uma imitação de barril de petróleo com uma foto do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. “Vim para a rua por indignação. Eles (governo e partidos) querem quebrar o país”, afirmou. A Justiça Federal no Paraná abriu inquérito contra Vaccari, citado em depoimentos do doleiro Alberto Youssef e do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco por supostamente intermediar o repasse de propina ao PT. 

O juiz Sergio Moro, responsável pela investigação na estatal na Justiça Federal do Paraná, e a Polícia Federal foram saudados pelos ativistas. “Obrigado por lavar o país a jato”, dizia uma faixa. Um grupo de cerca de 100 pessoas pedia a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 412/09, que prevê autonomia funcional e administrativa da PF. O texto permite que a corporação elabore sua própria proposta orçamentária, a ser votada pelo Congresso. 

No momento de maior concentração, por volta das 12h, seis pessoas pularam no espelho d’água do Congresso, mas logo o movimento se dispersou, após os organizadores do ato pedirem que os manifestantes voltassem para casa, às 12h30. O economista José Viera, 37 anos, que segurava uma boneca com os dizeres “Fora, Dilma”, feita pelo Movimento Vem pra Rua, acredita que a presidente deve deixar o cargo por conivência com os casos de corrupção. “Ela foi do conselho (da Petrobras), foi ministra de Minas e Energia e é presidente.” Já o gestor ambiental Sério Monroe, 46, acredita que não basta retirar o governo do poder, e defende uma reforma política com participação popular. “Tem que começar do zero para mudar e fiscalizar tudo”, afirma.

Princípio de tumulto

No início da caminhada em direção ao Congresso, um pequeno grupo formado por militares da reserva que pediam a intervenção das Forças Armadas discutiu com manifestantes contrários à medida. O tumulto foi desfeito pela Polícia Militar. Segundo Jailton Almeida, do Movimento Vem pra Rua DF, um dos sete grupos responsáveis pelo ato de ontem, os que pediam a intervenção militar não eram ligados à organização oficial do protesto.

Segundo Almeida, a adesão à mobilização de ontem foi menor do que em 15 de março porque houve menos tempo para organizar o ato. “A do dia 15 foi divulgada ao longo de quatro meses. Essa, em menos de um mês”, comparou. Ele acredita que o fato de ter sido criada a Aliança dos Movimentos de Rua, que assumiu recentemente a coordenação nacional do movimento, pode fazer com que os protestos retomem o fôlego. Na quarta-feira, está marcado outro ato em Brasília.

 
Marcha candanga



9h30 
Manifestantes começam a se reunir em frente ao Museu da República. Segunda a Polícia Militar, cerca de 400 pessoas estavam presentes neste momento. O trânsito foi interrompido desde a Rodoviária, às 6h, em ambos os sentidos.


10h
Três trios elétricos gritam palavras de ordem contra o PT e a presidente Dilma Rousseff, representada por um boneco.

 
Muitos ativistas defendem o impeachment e a investigação de gastos públicos, além de maior autonomia para a Polícia Federal.

10h30
Algumas pessoas se aproximam do trio a favor da intervenção militar e pedem que o grupo se cale. Há um princípio de tumulto, mas não chega a haver confronto físico. Neste momento, cerca de 4 mil pessoas estavam no local, segundo a PM. O grupo começa a tocar o Hino nacional e segue em direção ao Congresso.

11h
Uma pessoa que ia para o protesto é detida por estar com um facão e se envolver em uma briga no trânsito; outra, por início de confusão. Manifestantes começam a chegar à frente do Congresso. Outros fazem uma oração em frente à Catedral Metropolitana. A concentração na Esplanada chega a 8 mil pessoas.

11h30
Alguns manifestantes se concentram em frente ao espelho d’água do Congresso, onde a polícia faz uma barreira. Segundo a PM, 2,5 mil policiais fizeram a segurança do ato. Cerca de 30 pessoas, segurando uma bandeira do Brasil, gritam “fora, PT”. Em toda a Esplanada, mais de 15 mil pessoas estavam reunidas nesta hora.


12h
Horário de maior concentração, com cerca de 25 mil pessoas na Esplanada. Organizadores do ato fazem discursos em cima dos trios elétricos, pedindo a saída da presidente e o fim da corrupção no país. Polícia investiga suspeita de bomba no Museu da República. A hipótese foi descartada por volta das 13h15.

12h30
Organizadores do ato pedem que os manifestantes se dispersem. Ativistas deixam o gramado em frente ao Congresso e caminham em direção à Rodoviária. Por volta das 13h30, o trânsito foi liberado. Além das duas detenções e da ameaça de bomba, foi apreendida uma barra de ferro com um dos manifestantes.


Prisões e suspeita de bomba

Uma suspeita de artefato explosivo em uma mochila abandonada no anexo do Museu Nacional mobilizou o Batalhão de Operações Especiais (Bope) durante a manifestação. Policiais do Esquadrão Antibomba isolaram a área por volta das 12h. Uma câmera monitorada por controle remoto foi utilizada para observar o conteúdo da bagagem encontrada no chão. Militares fizeram uso de um robô de Raios x. A operação durou quase uma hora e meia. Segundo o comandante do Esquadrão Antibomba, capitão Eduardo Matos, na mochila foram encontradas apenas roupas e um par de chinelos. Doze policiais foram deslocados para a ação, que terminou às 13h21, quando a área bloqueada foi liberada.

Apesar do clima pacífico, a Polícia Militar atendeu quatro ocorrências, e dois homens foram presos. O primeiro detido estava com um facão e uma barra de ferro. Ele seguia para a manifestação de moto e se envolveu em uma briga de trânsito. Próximo à Torre de TV, o homem foi flagrado com os objetos e preso. Militares encaminharam o suspeito à 5ª Delegacia de Polícia (Área Central), onde ele assinou um termo circunstanciado e, em seguida, foi liberado. Segundo o sargento da PM Daniel Quezado, o homem alegou que a faca utilizada era para capinar o quintal da mãe. A motocicleta estava com o licenciamento vencido desde 2012 e foi encaminhada para o depósito do Departamento de Trânsito (Detran).

Barra de ferro

A segunda prisão foi de um morador de rua com sintomas de embriaguez. Segundo Quezado, ele causava tumulto na altura do Museu Nacional, onde empurrava manifestantes. “Ele também tem problemas mentais”, esclareceu o policial. No decorrer da manifestação, militares encontraram uma barra de ferro atrás de duas árvores em frente ao Museu Nacional. Ninguém foi preso, e a PM apreendeu o objeto. “Quem deixou a barra de ferro no local possivelmente tentou escondê-la para utilizá-la depois”, explicou o sargento. 

A segurança do protesto foi feita por 2,5 mil policiais e o Corpo de Bombeiros fez cinco atendimentos de desmaio, mal súbito, corte e queda. Nenhuma das vítimas precisou ser transportada aos hospitais. Segundo o comandante do Centro de Comunicação Social do Corpo de Bombeiros, tenente coronel Mauro Kaiser, o efetivo da corporação foi de 673 militares. (IS e MF)



Fonte: » Marcella Fernandes » Isa Stacciarini – Correio Braziliense – 13/04/2015

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