Um dos mais valiosos imóveis da SAB fica na área comercial da QI 5 do Lago Sul, onde funcionava um grande supermercado: expectativa de bons rendimentos.
GDF aposta na liquidação da antiga Sociedade de Abastecimento
de Brasília para arrecadar R$ 260 milhões e melhorar a saúde financeira do
Executivo local. A empresa pública dominou o setor pelo menos até os anos 1980
Outro terreno da SAB bastante valorizado tem 5 mil metros quadrados e abriga a Diretoria de Material, no Setor de Indústrias e Abastecimento
Em meio a uma crise financeira que paralisa ações, obras e
programas, o governo aposta em uma mina de ouro como saída da pindaíba. O GDF
vai vender 13 imóveis de propriedade da antiga Sociedade de Abastecimento de
Brasília (SAB), que vão render mais de R$ 260 milhões. A empresa pública,
criada em 1962 para abastecer o mercado e que virou sinônimo de supermercado na
capital, está em liquidação desde 2002. A expectativa é de que o processo seja
encerrado ainda neste semestre. Com isso, o Palácio do Buriti ficará livre para
licitar os lotes. A maioria dos terrenos é de grandes dimensões e está
localizada em áreas nobres, como o Lago Sul.
Desde o
fim de março, a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) realiza vistorias
nos lotes para atualizar os laudos de avaliação. O último a receber a visita
dos técnicos da Terracap será o terreno da sede da SAB, no Setor de Indústrias
e Abastecimento (SIA), em 27 de abril. A propriedade é uma das mais valiosas do
patrimônio. Com uma área de 5 mil metros quadrados e potencial construtivo sete
vezes maior, o lote poderá abrigar um grande empreendimento para escritórios,
por exemplo. Técnicos do governo estimam que cada um dos 13 lotes possa render,
em média, R$ 20 milhões. Mas os valores devem alcançar patamares bem maiores.
A SAB
perdeu espaço no mercado com o surgimento e o crescimento de grandes redes de
supermercado. A empresa minguou, e o governo não sabia o que fazer com os 349
funcionários contratados. Em 2000, houve uma assembleia dos acionistas, como
GDF, Novacap e TCB, em que ficou decidida a liquidação. Dois anos depois, uma
lei distrital autorizou o início do processo de extinção da empresa. O Buriti é
o sócio majoritário. Desde o início, uma das principais preocupações foi com o
destino dos quase 350 servidores da Sociedade, boa parte deles formada por
aposentados que continuam a trabalhar.
O
liquidante da SAB, Paulo Garcia, assumiu o cargo em 2012. Ele explica que um
dos principais trabalhos foi sanear a empresa, que tem uma dívida milionária em
impostos. “O nosso empenho é para resolver o problema da Sociedade, que tem uma
dívida de cerca de R$ 21 milhões com a Receita Federal. A meta é estancar o
crescimento desse débito. A SAB tem muitos imóveis, mas estava sem receita”,
comenta Garcia. A SAB também devia quase R$ 2 milhões à Secretaria de Fazenda
do Distrito Federal. Mas, graças ao programa de refinanciamento, ela conseguiu
reduzir esse valor para cerca de R$ 500 mil, montante praticamente quitado.
Uma das
principais pendências para que o governo consiga liquidar a SAB e vender os
imóveis é a justamente a dívida com a Receita Federal. O GDF tentou parcelar o
valor devido, o que poderia liberar a certidão necessária à liquidação da
Sociedade, mas a Procuradoria da Fazenda Nacional entendeu que a situação de
falência impediria a possibilidade. O Buriti argumentou que, como empresa
pública, a Sociedade de Abastecimento de Brasília não se enquadra na Lei de
Falências.
A meta
agora é buscar um acordo para conseguir dividir o débito em 60 prestações, ou
até mesmo recorrer à Justiça para pedir direito ao parcelamento. O governo
analisou ainda a possibilidade de aderir ao programa de refinanciamento do
governo federal, que dá grandes descontos para a quitação das dívidas fiscais.
Assim, o valor cairia em R$ 8 milhões. Ainda assim, o montante seria muito alto
para uma quitação à vista, pois o GDF enfrenta sérios problemas de caixa.
Outra
medida do liquidante foi rever as taxas de ocupação cobradas dos atuais
usuários de imóveis da Sociedade. Também foram firmados termos de ajuste de
conduta para a reforma de propriedades que haviam sido danificadas. É o caso de
um dos mais valiosos imóveis do patrimônio da SAB: um prédio na área comercial
da QI 5 do Lago Sul, onde antes funcionava um grande supermercado. Em 2011, um
incêndio no depósito do estabelecimento destruiu parte do edifício. A Defesa
Civil condenou a estrutura, que ficou abandonada. A SAB teve de cobrar os
gastos com reforma.
A
intenção do governo é vender 13 terrenos da SAB, mas o patrimônio da empresa é
ainda maior. A Sociedade conta com 39 imóveis, porém vários estão cedidos ao
próprio governo e outros foram ocupados por atividades de interesse público. Um
exemplo é o edifício onde funciona uma biblioteca pública, na 312/313 Sul.
Também
faz parte da riqueza o local onde funciona a Ouvidoria da Polícia Militar, no
Guará, além de uma construção vizinha ao Hospital Regional de Sobradinho,
cedida para equipes de reabilitação. “Esses imóveis não entraram na lista
porque a venda teria impactos sociais e custos para o GDF, que teria de alugar
outros espaços”, comenta Paulo Garcia. A Sociedade era proprietária, ainda, de
um grande terreno na Asa Norte, no meio da área onde foi criado o Parque Olhos
D’Água. Como o espaço virou uma zona de preservação ecológica, o lote deixou de
existir.
O prédio
da Administração Regional do Cruzeiro, com 5,2 mil metros quadrados, também
pertence à SAB. Mas esse imóvel não deve ser vendido, pois há grande pressão da
comunidade para que não haja mudança de destinação do local.
Os 394
empregados da SAB foram distribuídos em diferentes órgãos, a maioria na
Secretaria de Agricultura do DF. Há também servidores atuando como auxiliares
em escolas públicas, na Emater e na Presidência da República. Após extensa
negociação, a SAB é ressarcida com o equivalente ao salário dos funcionários
cedidos.
Memória - Monopólio nos anos 1960
A
Sociedade de Abastecimento de Brasília (SAB) foi criada em 1962 pela então
Prefeitura do Distrito Federal para apoiar os setores agropecuário e
agroindustrial da nova capital. Uma das finalidades da empresa era vender
produtos alimentícios produzidos na cidade. Mas, diante da inexistência de
outros estabelecimentos, ela dominou o mercado por alguns anos. A sigla virou
sinônimo de supermercado em Brasília.
Legislação
Em
2013, a Câmara Legislativa aprovou um projeto de lei que autorizou a conclusão
da liquidação da SAB. Pelo texto, 5% do total das vendas dos imóveis serão
destinados à Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), a título de taxa de
administração. O restante será depositado em uma conta do BRB e revertido para
o Tesouro do Distrito Federal.
"O
nosso empenho é para resolver o problema da Sociedade, que tem uma dívida de
cerca de R$ 21 milhões com a Receita Federal. A meta é estancar o crescimento
desse débito. A SAB tem muitos imóveis, mas estava sem receita”
Paulo Garcia, liquidante da SAB
Fonte: Helena Mader – Correio Braziliense – 12/04/2015
Olá, Chiquinho, muito esclarecedora a reportagem, estou fazendo uma pesuisa sobre a SAB, e quero saber onde teve SAB ao longo da W3 SUL?
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