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Novo tempo para as américas


O cumprimento não foi efusivo. Mas o aperto de mão entre os presidentes Raúl Castro, de Cuba, e Barack Obama, dos Estados Unidos, deu dimensão histórica à 7ª Cúpula das Américas, aberta na última sexta-feira, na Cidade do Panamá, que reuniu 34 chefes de Estado — o Chile foi o único ausente. O encontro entre os dois países sela o fim da guerra fria nas américas, que durou mais de 50 anos. Cuba, suspensa do fórum desde 1962, retorna com triunfo frente ao reconhecimento norte-americano de que foi fracassada a política em relação à ilha.

A reaproximação Estados Unidos e Cuba descortina novo tempo para as relações interamericanas. Estabelece cenário, no qual não cabem medidas reacionárias ou retrocessos a regimes autoritários, que, no século passado, abriram chagas ainda hoje não totalmente cicatrizadas, nas sociedades locais. Esmaece o tom hegemônico norte-americano na região. A soberania das nações tem peso e importância iguais.

Para sacramentar o reatamento com a ilha caribenha, três passos são essenciais no momento. O Congresso dos Estados Unidos deve acolher o apelo de Obama, feito na primeira plenária da conferência, pela suspensão dos embargos econômicos a Cuba. A ilha deverá ser tirada da lista de estados que patrocinam o terrorismo. Por último, a reabertura dos postos diplomáticos em ambos os países.

Em contrapartida, a vitória do regime cubano não se esgota na reaproximação com os EUA e na volta à Cúpula das Américas. São grandes as expectativas econômicas e, sobretudo, políticas em relação à ilha, desde 1959 sob o comando da família Castro. O sistema de partido único deverá acolher demandas sociais, econômicas e políticas do povo cubano que clama, essencialmente, por mais liberdade e democracia.

Enquanto Cuba avança rumo aos EUA e à modernidade, o Brasil, emparelhado com a Venezuela, tende a seguir via inversa, o que representa perdas para o país. Diante da crise política e econômica brasileira, não cabe alimentar o impasse com os Estados Unidos em torno da espionagem americana. Não convém aos interesses brasileiros privilegiar os venezuelanos em detrimento da maior nação do planeta. Não se trata de visão pragmática, mas de bom senso, quando até mesmo a Venezuela admite rever a atual postura a fim de buscar a reconciliação com Washington.

A presidente Dilma Rousseff, enfraquecida diante da nação, precisa rever a postura avessa às relações diplomáticas. O país necessita ir ao encontro de opções à inanição econômica, que hoje afeta o setor produtivo e se revela ameaça aos poucos avanços sociais conseguidos nos últimos anos. É inaceitável manter trajetória que culminou no desemprego, no aumento da inflação e tende a estagnar as atividades econômicas. O ajuste fiscal, por si só, não é elemento de superação das dificuldades. O país precisa conquistar mercados com os quais possa transacionar e garantir os dividendos indispensáveis à derrota da crise, sem o que se apequena no cenário internacional.


Fonte: Visão do Correio Braziliense – 12/04/2015

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