Aécio (D) e lideranças do PSDB: senador tucano diz que o Estado é usado para financiar o projeto de poder do PT
PSDB estuda se há elementos para a abertura de processo
contra Dilma. Senador se reúne com representantes de um dos movimentos
responsáveis por organizar atos antigoverno
O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB,
disse ontem que o partido avalia se há motivos para a abertura de um processo
de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. O tucano afirmou que
“impeachment não é golpe”. “É uma previsão constitucional”, comentou,
referindo-se ao discurso petista de que a oposição quer chegar à Presidência da
República a todo custo.
Aécio
enumerou os escândalos envolvendo a gestão petista e disse que, caso seja
provado que a Controladoria-Geral da União (CGU) esperou a presidente Dilma ser
reeleita para abrir ação contra a empresa SBM Offshore, há um “motivo
extremamente forte” para se cobrar um processo contra a petista. “É o Estado
utilizado — como no caso das empresas públicas —, de forma criminosa, a serviço
de um projeto de poder. Os fatos falam com muito mais poder do que qualquer
líder da oposição. E esses fatos podem levar tudo isso a um novo desfecho”,
afirmou Aécio, acrescentando que a prioridade do PSDB, no momento, é discutir a
reforma política.
Segundo o
senador, a legenda estuda se há elementos para pedir o processo contra Dilma.
“O doutor Miguel Reale Júnior (jurista) avalia todas essas denúncias — e são
denúncias que se sucedem, cada uma mais grave do que a outra — para avaliar se
há, neste momento, já constituído um crime de responsabilidade da Presidência
da República”, disse Aécio.
O tucano
reforçou, porém, que o partido não pretende, por ora, encabeçar o pedido de
impeachment. “Não existe uma posição, até este momento, pelo menos do PSDB, de protocolar
institucionalmente o pedido de afastamento da presidente, mas estamos
examinando sim, em razão da sucessão de denúncias de irregularidades cometidas
na eleição.”
O PSDB
apoiou os últimos atos, mas, inicialmente, não defendeu abertamente o pedido de
impeachment da presidente Dilma. Em fevereiro, Aécio disse que o tema não
estava na “agenda do partido”. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB)
adotou o mesmo discurso. Nas manifestações de domingo, a posição dos tucanos
foi alvo de líderes do MBL, que criticaram a legenda por não se envolver com os
protestos.
Depois do
episódio, o PSDB decidiu se aproximar dos movimentos. Ontem, Aécio conversou
com integrantes do Vem pra Rua, um dos organizadores dos atos contra o governo,
e disse que o grupo quer o mesmo que os tucanos: reforma política e o fim da
corrupção. Aécio não participou das manifestações de 15 de março e de 12 de
abril. Para a última, ele gravou um vídeo convocando a população a ir às ruas.
Temer
Ainda na
estratégia de endurecer a posição contra Dilma, Aécio disse que Fernando
Henrique Cardoso desistiu de se reunir com o vice-presidente Michel Temer. De
acordo com ele, o encontro havia sido marcado antes de o peemedebista se tornar
responsável pela articulação política do Palácio do Planalto.
“Não quer
dizer que nós não vamos jamais conversar com ele, mas, neste momento, qualquer
conversa vai na direção talvez oposta àquilo que nós estamos construindo.
Porque o vice-presidente Michel Temer, hoje, passa a ser o representante na articulação
política do mesmo governo que nós combatemos”, disse Aécio.
Na manhã
de ontem, Dilma disse, em entrevista a seis bogueiros que têm identificação com
o Planalto, que há “muita gente no terceiro turno”.
“O doutor Miguel Reale Júnior (jurista) avalia todas essas denúncias — e são denúncias que se sucedem, cada uma mais grave do que a outra — para avaliar se há, neste momento, já constituído um crime de responsabilidade da Presidência da República”
Aécio Neves, senador e presidente do PSDB
Fonte: Amanda Almeida – Correio Braziliense