Segundo o líder do MBL, os demais movimentos que foram às ruas ontem e
até políticos de oposição ao governo que apoiaram as manifestações também
mudaram de estratégia
Divididos e
com o poder de mobilização em queda, os principais movimentos que organizaram
os protestos de domingo, 12, decidiram deixar as manifestações de rua em
segundo plano e buscar apoio no Congresso Nacional para suas reivindicações, a
principal delas o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
"Já fizemos duas manifestações grandiosas, mas isso não gerou um elo político", disse o microempresário Renan Santos, um dos líderes do Movimento Brasil Livre. Ele anunciou que na sexta-feira um grupo de integrantes do MBL vai iniciar uma marcha saindo de São Paulo até Brasília, onde pretende se encontrar com líderes do Congresso e encaminhar a pauta do movimento.
"Já fizemos duas manifestações grandiosas, mas isso não gerou um elo político", disse o microempresário Renan Santos, um dos líderes do Movimento Brasil Livre. Ele anunciou que na sexta-feira um grupo de integrantes do MBL vai iniciar uma marcha saindo de São Paulo até Brasília, onde pretende se encontrar com líderes do Congresso e encaminhar a pauta do movimento.
O foco do MBL a partir de agora é
fazer ações pontuais. Segundo Santos, os demais movimentos que foram às ruas
ontem e até políticos de oposição ao governo que apoiaram as manifestações
também mudaram de estratégia. "Os outros grupos pediram para não ter mais
manifestações. Sentimos uma pressão de vários setores, principalmente de
políticos e do mercado financeiro. Antes do ato do dia 15 de março, falei com
mais de uma dezena de líderes do Congresso e todos apoiaram. Agora foi
diferente", afirmou.
O empresário Rogério Chequer,
porta-voz do Vem Pra Rua, grupo que ao lado do MBL foi um dos que atraíram mais
gente na tarde de ontem na Avenida Paulista, anunciou a criação da Aliança dos
Movimentos Democráticos do Brasil, formada por 50 grupos que vão à Brasília na
quarta-feira também para encontrar lideranças do Congresso dispostas a
encaminhar formalmente os pleitos dos movimentos.
O Vem Pra Rua aderiu há cerca de duas
semanas aos grupos que pedem o impeachment de Dilma. Em seu discurso, ontem na
Paulista, Chequer centrou fogo no PMDB, partido que tem a maior bancada na
Câmara. "PMDB, não adianta você conquistar mais poder. O acordo agora não
é com o PT, é com o povo brasileiro."
Divisões
Chequer tentou dar um tom de unidade aos movimentos ao afirmar que o objetivo do Vem Pra Rua é "aglutinador" e não o de ter o protagonismo dos protestos. Mas o discurso esbarra na fala de outras lideranças. "Soube que o Chequer disse que eu estou nesta aliança. Estou mesmo?", ironizou Renan Santos. Segundo ele, o MBL foi procurado mas não aceitou fazer parte da aliança.
Chequer tentou dar um tom de unidade aos movimentos ao afirmar que o objetivo do Vem Pra Rua é "aglutinador" e não o de ter o protagonismo dos protestos. Mas o discurso esbarra na fala de outras lideranças. "Soube que o Chequer disse que eu estou nesta aliança. Estou mesmo?", ironizou Renan Santos. Segundo ele, o MBL foi procurado mas não aceitou fazer parte da aliança.
No Rio, as divisões entre os grupos
ficou escancarada com críticas e acusações abertas entre as lideranças. O
principal motivo para a cisão é uma troca de acusações sobre financiamento por
partidos. O Vem Pra Rua é acusado pelos demais de ser bancado pelo PSDB, mas
nega. "Não recebemos dinheiro de nenhum partido, justamente para poder
criticar. Isso só divide os movimentos", afirmou a dentista Rizzia
Arrieiro, porta-voz do Vem Pra Rua.
Ela alega diferenças ideológicas em
relação ao bloco formado por União Contra a Corrupção (UCC), Movimento Brasil
Livre (MBL), Extermínio e O Pesadelo dos Políticos, favoráveis à intervenção
militar. "O pessoal do MBL não está alinhado com o que a gente pensa. A
gente respeita as instituições, não passa por cima delas", disse Rizzia.
O empresário Rodrigo Brasil, um dos
líderes do Revoltados On Line no Rio, concorda com o Vem Pra Rua, mas criticou
o MBL e seus parceiros. "O pessoal lá está metido com político e a gente
está fora disso", disse.
"O racha vem do pessoal do Vem
pra Rua, que é ligado ao PSDB", acusou o técnico em segurança do trabalho
Maicon Freitas, um dos líderes do UCC. "A gente faz vaquinha para pagar o
carro de som."