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Simbologias


Por meio da representação simbólica nos apropriamos do mundo, buscando interpretá-lo na sua essência e realidade. De simbologia é formada boa parte de nossas vidas. Nossa república é rica em símbolos, alguns facilmente identificáveis outros mais herméticos. De toda forma, a bengalada dada por um cidadão aposentado no ex-ministro José Dirceu se insere no mesmo rol simbólico dos roedores soltos na sala de audiência da CPI da Petrobras.

Para a população em geral, o ato solitário de um funcionário da Câmara traduz, quase à exatidão, a simbologia que buscou passar para todos os brasileiros. Trata-se aqui de uma interpretação fiel da realidade, quando boa parte da sociedade, enojada com os repetidos casos de escândalos e, diante do sentimento de impunidade geral, associa parte dos funcionários do Executivo e alguns políticos a ratos ou ratazanas devorando o erário.

A estrela de flores vermelhas, plantada no meio do jardim do Palácio da Alvorada pela ex-primeira-dama, inaugurou, simbolicamente, a fase de apropriação do Estado por um partido político por meio da intensificação desmedida do patrimonialismo feita em nome de uma causa de grupo. O punho cerrado e erguido ao alto, num gesto de saudação vitoriosa, feita pelos presos do mensalão, entrou para o imaginário popular com o sinal trocado, ficando marcado como símbolo da arrogância e do desdém pelos mais elementares exemplos de ética. A palma da mão do ex-presidente lula coberta de óleo registrada em fotografia, ficará para sempre no imaginário da sociedade como símbolo de uma época em que massiva propaganda personalista e fascista tentou passar adiante a ideia de que a pátria tem um pai salvador. Hoje esta mesma foto das mãos sujas estampa os cartazes dos manifestantes que ocupam as ruas do país. Só que por baixo dessa foto simbólica está escrita, com óleo negro a palavra Basta!.


Fonte: Coluna “Visto, lido e ouvido” – Correio Braziliense – 12/04/2015

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