Durante a caminhada, o grupo estendeu faixas com o pedido de impedimento da presidente Dilma: trânsito lento
Grupo pretende se encontrar com parlamentares no Congresso na
próxima quarta-feira e pedir o impeachment da presidente. Caminhada começou em
São Paulo no último dia 30
A caminhada está perto do fim. A marcha que pede o
impeachment da presidente Dilma Rousseff deve chegar ao Distrito Federal
amanhã. O grupo, que entregará um pedido de impedimento da petista ao Congresso
na quarta-feira, faz questão de ressaltar que a ação do movimento “não se
esgota” com a saída ou não da presidente. “Temos propostas para melhorar a vida
das pessoas”, disse ao Correio um porta-voz do grupo, pouco antes de chegar à
cidade de Abadiânia (GO).
Segundo o
paulistano Renan Santos, 31 anos, o programa do Movimento Brasil Livre, que
organiza a marcha, não se extingue com um eventual impeachment de Dilma. “O MBL
é um movimento ideológico. Nós temos propostas a apresentar para o país,
concretizando-se ou não a saída de Dilma. Nós defendemos a redução da máquina
do Estado, a privatização das empresas públicas, o fim do monopólio estatal em
áreas como petróleo, gás e correios. Isso tudo pode melhorar a vida das
pessoas”, diz ele. “Na educação, por exemplo, nós defendemos que se deem
vouchers para pessoas pobres poderem estudar em escolas privadas. Porque o
custo por aluno de uma escola pública é, geralmente, muito maior que em uma
escola privada”, diz.
O
servidor público Adolfo Sachsida, um dos organizadores dos protestos em
Brasília, diz que o pedido de impeachment do grupo já recebeu cerca de 2
milhões de adesões, em um site de petições na internet. “São três fatos que
fundamentam o pedido. Primeiro, as chamadas ‘pedaladas fiscais’ acusadas pelo
Tribunal de Contas da União. Depois, a negligência dela no episódio da
refinaria de Pasadena, quando ela presidia o Conselho de Administração da
Petrobras. E, por fim, a alteração que ela promoveu na Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF), em dezembro passado”, contou ele. “Temos um grupo de juristas
ligados ao movimento, que foram responsáveis por esse texto”, disse.
Insolação
Santos
também disse que as declarações dadas na quarta-feira pelo senador Aécio Neves
(PSDB-MG), que disse que o impeachment de Dilma “não é agenda para agora”
repercutiram mal entre os participantes da marcha, cerca de 30 pessoas. “É uma
posição desmobilizadora, que deixa as pessoas órfãs de liderança política. E
pior, ajuda a tirar a fé das pessoas na ação política. É por isso que temos
essas pessoas pedindo uma intervenção militar. Quando elas não veem mais uma
saída na política, adotam discursos irresponsáveis”, disse. Santos elogiou a
atuação de parlamentares tucanos como Bruno Araújo (PE), Izalci (DF) e o líder
da bancada, Carlos Sampaio (SP). “Espero que eles nos recebam”, disse.
Segundo
Renan, o grupo, que começou a caminhada em São Paulo em 24 de abril, enfrentou
dificuldades com as altas temperaturas registradas no interior goiano. “Algumas
pessoas tiveram febre à noite, em decorrência da insolação. Outras tiveram
problemas gástricos. O calor dificultou um pouco a caminhada”, contou. “As
pessoas não comem tanto pequi como se diz, aqui em Goiás. Teve uma galinhada
que nós tivemos de pedir para adicionar o pequi”, contou ele. Ele disse ainda
que a guariroba, ou palmito-amargo, fez sucesso entre os ativistas. “Goiás está
blindado contra o PT. Principalmente no interior, percebemos que as pessoas
cultivam valores muito corretos”, disse.
Fonte: André Shalders – Correio Braziliense