Entre os infinitos
problemas para quem amarra a política de Estado à política de governo está,
além do estreitamento das relações econômicas internas e externas, o perigo de
submeter o futuro da nação às limitações traçadas pelo estatuto e pelo manual
ideológico e míope do partido.
Há mais
de uma década, o governo decidiu virar as costas aos EUA e ao mundo
desenvolvido em geral, impondo de cima para baixo novas parcerias comerciais e
políticas ao país. O custo do novo alinhamento, feito com base no receituário
alienígena do foro de São Paulo, tem sido alto para o Brasil e consumirá outra
década, caso o país resolva retornar ao ponto de origem. Nem mesmo a
sinalização clara trazida por todos os indicadores econômicos atuais, apontando
o erro da trajetória suicida tem sido suficiente para demover o governo de
conduzir um país.
Observam-se
as complexidades do Brasil como se fosse uma republiqueta perdida na selva
tropical. O anúncio, feito com ares de festividade, da chegada do premiê
chinês, Li Keqiang com um cheque de U$ 53 bilhões para investimentos em
infraestrutura no Brasil, demonstra, além da inocência do Executivo com relação
às boas intenções do parceiro asiático, afoiteza em assegurar, o quanto antes,
esses recursos para recuperar os escombros da economia.
Chamado
pelo Palácio do Planalto de salvador da pátria, o líder chinês chega com mala
vistosa cheia de dinheiro em uma das mãos. No bolso interno do paletó, estão
guardados do público os contratos que deverão ser assinados pelas autoridades
brasileiras. Ninguém precisa conhecer o mandarim e o ethos do povo chinês para
saber que os conceitos de capitalismo naquele país são levados ao extremo,
muito se assemelhando à Europa no período da revolução industrial. Ao contrário
do que acreditam os membros do governo, o baú de dinheiro não é o salvador da
pátria.
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A frase
que foi pronunciada
“No
BNDES, não temos o direito de saber em que condições recursos públicos estão
sendo repassados, a taxas privilegiadas, para governos amigos, cobertos pelo
manto do sigilo.”
(Senador
Alvaro Dias, ao comemorar a aprovação do projeto de lei que obriga o BNDES a
divulgar para quem empresta dinheiro.)
Por: Circe Cunha “Coluna:
“Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense