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#CIDADELIMPA » Brasilienses contra os sujões

Na 307 Sul, as lixeiras foram revitalizadas pela prefeitura da quadra e são bastante usadas pelos moradores

O Correio mostra exemplos que fazem diferença para a cidade. Por meio de ações educativas, grupos de moradores transformam a paisagem desleixada em praças e jardins

Com  722 mil toneladas de resíduos despejadas mensalmente no lixão da Estrutural e parte da população insensível à limpeza urbana, Brasília precisa com urgência adquirir uma consciência ambiental. Algumas iniciativas, porém, demonstram um esforço em preservar o espaço asseado e propício ao convívio coletivo. Esses grupos se reúnem para manter jardins e ruas limpas.

Na 307 Sul, usar as lixeiras é um hábito comum. Os depósitos foram reformados pela prefeitura, no início do ano, e a regra é manter o espaço coletivo limpo. “Os moradores colaboram para que nossa quadra seja bela. Não é uma luta de uma pessoa sozinha. Todos prezam pela higiene”, conta Simone Paz Japiassu, 59 anos. Ela é moradora da quadra há 40 anos e garante que esse é um costume qrepassado por gerações. “Houve épocas que não era como hoje, mas sempre foi limpa, arborizada e organizada. Afinal, quem não gosta de morar em uma casa limpa? E a rua é a extensão do nosso lar”, resume a dona de casa.


Casos esporádicos apareceram na quadra, mas foram erradicados com atitudes coletivas. Alguns pontos se tornaram alvo dos sujões. Houve descarte até de geladeira em via pública. Para combater a falta de educação, foram criados pontos de convivência. “Onde estava sujo, a prefeitura, com os moradores, construiu jardins ou praças”, afirma Simone.

Moradores da Quadra 201 de Santa Maria transformaram um lixão irregular em jardim, cultivado por todos

Em Santa Maria, a 29 quilômetros do centro de Brasília, o lixão irregular da Quadra 201 foi substituído por um jardim. São plantas medicinais, flores e outros tipos de vegetação. Os moradores mais antigos, como a artesã Graça Corrêa, 68, lembram que o espaço antes de ser depredado dava lugar a várias palmeiras. “Era lindo, todo mundo admirava. Mas foi surgindo um lixinho aqui, outro ali, quando nos demos conta, estava tudo tomado”, afirma a mulher, que há 29 anos reside no mesmo endereço. O descaso chegou a causar acidentes na região. “Uma vez, colocaram fogo num amontoado de lixo, as chamas alcançaram os fios de energia e pipocou tudo. Foi um corre-corre. Ficamos sem luz um tempão”, lembra Graça.


Para Simone, a rua é a extensão do lar: Quem não gosta da casa limpa?

No que depender da fiscalização dos moradores, essas são histórias do passado. Eles compraram centenas de apitos e sempre que algum sujão tenta emporcalhar o espaço o tilintar soa pela rua. Grafitar o muro da Escola Classe e disseminar a ideia por outros locais são os próximos passos. “Todos querem que a cidade seja bonita e livre de problemas causados pelo lixo. Mas isso também depende da ação dos moradores”, opina a professora Vanessa Figueiredo, 33 anos, ao reconhecer que o apito foi usado apenas uma vez.

Para que a quadra se torne exemplo, uma página em uma rede social foi criada para incentivar boas ações pelo Distrito Federal. “É importante que a ideia se espalhe. Se toda a comunidade fizesse o mesmo, menos possibilidades as pessoas teriam de sujar a cidade. Percebo que as pessoas já não despejam o seu lixo aqui”, ressalta o estudante Christian Vitor Figueiredo, 15. A poucos metros dali, na Quadra 313 de Santa Maria Norte, os moradores dos conjuntos A e C também cultivam o jardim coletivo.

Em São Sebastião, não há nenhum projeto específico para a limpeza urbana. “Os moradores conservam as ruas limpas porque gostam. Cada um leva o seu lixo para casa e, assim, a cidade permanece organizada”, resume a cabeleireira Magaly Aristides, moradora da Rua 51.

Consciência
Para o educador ambiental Eduardo Espíndola, todas as ações são válidas. Segundo o especialista, o fundamental é afinar o discurso com as práticas rotineiras. “Todos dizem que são ecologicamente corretos, mas jogam lixo pela janela do carro e descartam resíduos sem critérios. Consciência ambiental não tem classe social, é um problema que atinge a todos. Hoje, as escolas trabalham mais essas questões, acredito que surtirá efeitos nas próximas gerações”, conclui, ao esclarecer que no DF é preciso fiscalização e punição aos sujões.

Ao todo, são 240 auditores da Agência de Fiscalização (Agefis) para monitorar as 31 regiões administrativas. O número é insuficiente, segundo o órgão. A recomendação do Serviço de Limpeza Urbana é que as infrações sejam denunciadas pelo telefone 162.


Fonte: Correio Braziliense – Foto: Antonio Cunha/CB/D.A Press

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