As corridas matinais e os banhos de cachoeira têm feito bem
ao governador Rodrigo Rollemberg. Ele está leve. Não que o propalado rombo de
R$ 3 bilhões no caixa e os desafios impostos pelo cargo de governador tenham
deixado de lhe tirar o sono às 4h da manhã. Mas ele passa a impressão de maior
serenidade. Em entrevista ao Correio, que você lê hoje nas nossas páginas, o
primeiro governador da chamada Geração Brasília parece ter feito um pacto
consigo mesmo. Despediu-se da obrigação de ser, em poucos meses, uma
unanimidade. Responde com tranquilidade às críticas. E garante que estará
contente se conseguir, ao fim de quatro anos, deixar Brasília melhor do que
encontrou.
Parece
óbvio que ele tem ambições maiores, como a reeleição daqui a quatro anos. Mas,
de fato, o apetite eleitoral aparece com moderação. Rollemberg se comporta como
se tivesse incorporado e aceitado que milagres são obra do divino, e não de um
político só. Na conversa de quase duas horas, ele explicou os avanços do
governo, defendeu sua equipe e disse que há progressos no relacionamento com a
Câmara Legislativa, embora, para a população, pareça que ele está sempre numa
posição de mendicância. Bem na linha de “faço o que posso”, acredita que manter
o GDF funcionando, apesar das condições financeiras, já é o impossível
materializado.
Apesar da
aparente tranquilidade, ele garante querer deixar marcas profundas em Brasília,
bem distantes do selo de corrupção impresso na história democrática da capital.
Quer fazer do Distrito Federal um exemplo na área de meio ambiente. Desde
menino, quando corria a Lucio Costa para se queixar dos graminhas que tomavam
as bolas dos garotos que jogavam no verde das superquadras, ele ama árvores e
bichos — critique quem quiser, ele continuará plantando mudas aqui e ali, e
fará disso compromisso político. Conta com o apoio, as broncas e os conselhos
de três mulheres fortíssimas ao seu lado — a mãe, a primeira-dama e a filha.
Não é exagero dizer que elas o puxam à tona quando o mar está revolto demais.
Ao mesmo
tempo em que se aflige no trono do Buriti, lança os olhos ao cenário nacional.
Como uma liderança para o PSB nacional, acredita que o papel dos governadores é
contribuir para melhorar as condições econômicas do país. Só assim os estados
poderão colher os louros da liberação de verbas federais. Um cenário de caos
não interessa a ninguém, acredita. Com mais dinheiro para Brasília, Rollemberg
acredita que poderá investir em políticas públicas, como a segurança, que
começa a dar resultados. Afirma estar disposto a comprar a briga para mudar a
mentalidade do brasiliense que invade área pública sem sofrer as consequências.
Essa, todos nós queremos ver.
Por: Ana Dubeux – Editora chefe do Correio Braziliense –
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