A cada ano, cerca de 140 mil pessoas morrem de doenças
cardiovasculares no Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. As
doenças cardiovasculares representam a principal causa de mortalidade e de
comprometimento da qualidade de vida das pessoas ao redor do mundo, em especial
no Brasil. Esses números tendem a crescer, nas próximas décadas, visto que a
expectativa de vida vem aumentando e, assim, incidem sobre a população os
fatores de risco por um tempo maior.
Dados do
Ministério da Saúde indicam que 52,5% da população estão com sobrepeso e 18%
dessas pessoas estão na faixa da obesidade (fator que é um dos vilões da saúde
do coração). Somado a isso, temos o envelhecimento da população, que,
sabidamente, é a fase da vida em que os males cardíacos passam a preponderar.
Atualmente, 8% dos brasileiros têm mais de 65 anos de idade. Em 2030, serão
13%, segundo projeções do IBGE. Além disso, a alta prevalência de diabetes,
hipertensão e dislipidemia, somada ao tabagismo e ao estresse da vida moderna,
contribui para o aumento significante da incidência e gravidade da doença
cardiovascular.
Nos
últimos 50 anos, a medicina empreendeu imenso esforço para reverter a
velocidade da progressão dos problemas do coração. Medicamentos, diagnósticos e
tratamentos cada vez mais avançados não conseguiram, contudo, desacelerar o
crescimento no número de mortes pela doença e de pessoas que vivem debilitadas
em função das complicações de sua evolução.
Por que,
então, apesar de todos os esforços, ainda não conseguimos diminuir a incidência
das doenças do coração na população mundial e o número de pessoas que morrem em
decorrência dela? A resposta à questão, certamente, é complexa, mas ouso
afirmar que necessariamente passa pela informação. Podemos ter o maior e melhor
arsenal de tecnologias em diagnóstico e tratamento, os profissionais médicos e
de saúde mais preparados e dedicados, os hospitais bem equipados, mas se não
tivermos o paciente consciente e participante do tratamento, tudo isso terá
pouco efeito na manutenção de sua saúde e bem-estar.
Inúmeros
estudos mundo afora apontam a existência de uma relação direta entre o nível de
aderência ao tratamento e a percepção do risco que o paciente tem da doença que
o acomete, ou poderá acometer, e sua evolução. Em outras palavras, quanto maior
for a percepção do paciente com relação a esse risco, maior será seu
empoderamento frente ao destino que a doença, ou a sua ausência, terá no curso
de sua vida. O ato cognitivo da percepção, por sua vez, tem como força motriz a
informação contextualizada pela experiência.
Assim, é
muito bem-vindo para a classe médica sistemas de informação que levem a
experiência transformadora na percepção comum que temos sobre o mundo e,
particularmente, sobre o risco das doenças e a importância de se preservar uma
boa qualidade de vida. É nesse sentido que eu quero congratular os editores do
portal Coração & Vida (www.coracaoevida.com.br). Ao longo do primeiro ano
de existência, o site provou a qualidade do serviço público de informação que
ela presta à população brasileira. Tanto é assim que dessa força resultou o
novo projeto do portal que, a meu ver, alia novidades nas seções de notícias e
abordagens diferenciadas dos assuntos a um time de primeira linha de especialistas
médicos e da área da saúde.
Tudo isso
num ambiente em que várias mídias convergem para criar espaço não apenas
noticioso, mas de diálogo e interatividade com o leitor.Não tenho dúvida de que
a nova proposta resultará numa informação ainda mais qualificada para levar o
leitor a experiência inovadora, que o ajudará a se tornar o protagonista de sua
saúde e bem-estar e os da sua família. Esse é o sonho que nós, médicos e
profissionais da saúde, mais almejamos que se torne realidade. Trabalharemos
juntos com a equipe do Coração & Vida para que isso aconteça.
Por: Roberto Kalil Filho Cardiologista, é professor titular da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretor clínico do
Instituto do Coração (InCor) 2 da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (Fmusp) – Fonte: Correio Braziliense – Foto Google
Excelente matéria, muito boa mesmo. Parabéns pelo post!
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