A foto de Mário Fontenelle da construção do Aeroporto de Brasília, nos anos 1950, está na exposição em cartaz a partir de hoje no Gilberto Salomão
Mostra fotográfica com imagens da construção de Brasília faz
parte das comemorações pelos 55 anos do Lago Sul. Durante a abertura, hoje,
pioneiros do bairro serão homenageados. No TJDFT, fotos reverenciam a etnia
krahô
As primeiras imagens de Brasília, retratadas pelo fotógrafo
oficial do governo Juscelino Kubitschek, Mário Fontenelle, no final dos anos
1950, estão expostas a partir de hoje no Centro Comercial Gilberto Salomão. A
mostra faz parte da celebração dos 55 anos do Lago Sul, que segue por todo o mês
de agosto. Resultado de uma parceria com o Arquivo Público do Distrito Federal,
a exposição traz 30 fotos do início da capital, incluindo imagens da Ermida Dom
Bosco, da Base Aérea e das primeiras casas do Lago. Os registros fazem parte do
Fundo Novacap — acervo reconhecido como Programa Memória do Mundo da Unesco.
Obras no Palácio do Planalto
A
iniciativa da exposição partiu da Administração do Lago Sul, com a finalidade
de mostrar ao público cenas da construção da capital. “Escolhemos a mostra
fotográfica como parte das comemorações para um resgate histórico da cidade.
Além disso, queremos incentivar os moradores para que, em um futuro próximo,
tragam também fotografias ou objetos da época da construção e enriqueçam o
acervo da Administração e do Arquivo Público do DF”, explica o administrador do
Lago Sul, Aldenir Paraguassú.
A
abertura da mostra será hoje, às 19h30. Na ocasião, 35 pioneiros do Lago Sul
receberão uma homenagem. Entre eles está Moema Leão, 69 anos, que se mudou para
a região ainda no início dos anos 1970. Apesar de morar atualmente no Park Way,
a empresária faz questão de passar parte do seu dia no Lago Sul. “Eu adoro o
Lago. Fiz questão de montar meu escritório aqui. Basicamente, só volto para
casa para dormir”, conta a empresária.
Quanto às
mudanças que a área sofreu nas últimas décadas, Moema acredita que foram, em
maior parte, benéficas. “Hoje, o Lago tem vida própria. Já não é preciso mais
atravessar as pontes para ter acesso a comércios e serviços variados.”
A
praticidade atual também é destacada pelo empresário Gilberto Salomão, dono do
centro comercial mais conhecido do Lago Sul. “Um dos motivos para que
inaugurasse o centro de diversão em 1968 foi justamente a dificuldade dos
moradores em conseguir comprar seus mantimentos. Na época, não haviam as pontes
e era preciso ir até o aeroporto para chegar ao Plano”, relembra.
Mesmo com
as melhorias, Salomão, que mora na região desde 1970, guarda boas lembranças do
local. “No começo, não havia cercas nas casas e era possível ver os belos
jardins dos vizinhos. Mas, com o aumento do trânsito e da violência, isso não é
mais possível, infelizmente”.
Em
relação à importância do Lago Sul para a história de Brasília, Salomão lembra
que vários artistas da capital, como Renato Russo, usavam o centro comercial
para expor seus talentos e tornaram o local um marco da cidade.
História
Apesar de
ter sido criada oficialmente como região administrativa em 1994, as primeiras
movimentações no Lago Sul se deram cinco anos após a inauguração da nova
capital. As primeiras casas construídas eram para servir de residência a
diretores da Novacap.
A ideia
de comemorar o aniversário no dia 30 de agosto é uma referência ao mítico sonho
de Dom Bosco, que previu nessa data, em 1883, o nascimento de uma rica e
próspera civilização na América do Sul, entre os paralelos 15 e 20. Idealizada
pelo engenheiro Israel Pinheiro e projetada por Oscar Niemeyer, a Ermida do
Bosco faz homenagem ao santo, canonizado em 1934. O nome Lago Sul tem origem na
posição geográfica da área, à margem sul do Paranoá.
Biografia
Mário
Fontenelle é considerado um dos mais importantes memorialistas de Brasília, por
ser autor dos primeiros registros da nova capital. Ele nasceu e viveu até a
adolescência em Parnaíba (PI). Apaixonado por aviões, começou a trabalhar como
mecânico de pista numa empresa de transportes aéreos até se transferir para o
Rio de Janeiro, onde, entre um voo e outro, conheceu muitos políticos. Entre
eles, Juscelino Kubitschek, que o presenteou com sua primeira máquina
fotográfica, uma Leica 35mm. Após a epopeia da construção de Brasília,
dedicou-se a fazer registros pelas ruas da cidade que ajudou a imortalizar.
Fontenelle morreu em setembro de 1986, aos 67 anos, de forma
solitária, no Lar dos Velhinhos Maria Madalena, asilo localizado no Núcleo
Bandeirante.
Programe-se
A
exposição fotográfica ficará aberta ao público no Gilberto Salomão, das 9h às
19h, até 30 de agosto.
Fonte: João Gabriel Amador; Especial para o Correio Braziliense
– Fotos: Arquivo Público