Carlos Chagas
De acordo com a lei, nada a opor. Todo brasileiro tem direito de fazer palestras, claro que na dependência de plateias para ouvi-las e de auditórios para acomodar os interessados. Cobrar pelas palestras é normal, da mesma forma como agenciá-las, ou seja, empresas se dedicarem a propagar as excelências dos oradores e de suas exposições, encarregando-se de sensibilizar o maior número possível de interessados e faturando em função do conteúdo do que será transmitido. Há quem viva de fazer palestras sobre os mais variados temas, da existência de alienígenas até a proximidade do fim do mundo.
Ex-presidentes da República não estão proibidos de ministrar palestras. Muito pelo contrário, despertam as atenções por conta do possível relato de suas experiências e dos objetivos alcançados ou não durante seus mandatos.
TRÁFICO DE INFLUÊNCIA
Agora, não dá para aceitar a equação como legal e legítima quando esse arcabouço é montado para encobrir tráfico de influência, pagamento de propinas e celebração de negócios escusos. Ou seja, é crime se o palestrante nada tem a dizer e apenas recebe comissões por haver facilitado contratos de empresas ditas organizadoras das palestras com governos estrangeiros, de olho na realização de obras e serviços superfaturados.
É o que parece explicar que nos últimos quatro anos o ex-presidente Lula tenha recebido 27 milhões de reais de empresas sequiosas de ampliar seus negócios fora do país. Dinheiro recebido em nome de palestras que não pronunciou, pois sua função seria convencer governos estrangeiros a acertar a construção de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, hidrelétricas e toda a parafernália executada por empreiteiras nacionais. Por sinal, financiadas pelo BNDES a juros módicos, sem esquecer que o banco foi e continua atuando sob influência do ex-presidente.
Palestras não valem tanto assim, sequer no mercado internacional de luminares. Fecha-se o círculo, atualmente sob exame da Operação Lava Jato. Locupletaram-se todos, inclusive o palestrante, levado a variados rincões do planeta por obra e graça das empresas empenhadas em obras e serviços, muito mais do que em palestras…
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